segunda-feira, 19 de fevereiro de 2018

Jardim das Américas

O nome do bairro é uma homenagem ao nosso continente. O bairro surgiu recentemente, mas apresenta um crescimento acelerado, o Jardim das Américas é um lugar que guarda algumas peculiaridades do tempo em que o desenvolvimento não havia chegado por definitivo na região. No início do século XX a vida era simples e pacata. As poucas casas eram feitas de troncos e tinham o chão batido. As terras do Jardim das Américas e dos bairros Uberaba e Guabirotuba eram quase que totalmente de propriedade de duas famílias: os Franco e os Oliveira.

A região por volta do ano 1948 era ainda completamente despovoada e integrava a fazenda do Coronel Evaristo Martim Franco, do qual Carlos e Evaristo, seus netos, tornaram-se herdeiros da área do Jardim das Américas, inclusive foi nesta época que deram início na construção do Antigo Hospital Sanatório São Carlos, vindo posteriormente a se chamar Hospital e Maternidade São Carlos, foi localizado na área territorial denominada de Guabirotuba, que ia da esquina da atual Av. Comendador Franco, pela Av. Francisco H. dos Santos, até a Rua Otávio Pereira dos Anjos, que era contíguo a este arrabalde de Curitiba. O acesso era feito pelo bairro Capanema (Jardim Botânico) até a Estrada Velha dos Tropeiros, “Estrada Velha do Matadouro”, na qual transitavam as boiadas levadas pelos tropeiros para o Matadouro Municipal, no Prado Velho (hoje Uberaba, Av. Salgado Filho). A estrada era de barro, muito estreita e com muita curva. Quem traçou a primitiva estrada foram os próprios bois.

O registro do terreno – área rural – era estadual, bem como os impostos eram territoriais do Estado. Em relação a Curitiba, a situação era a leste da cidade. Toda a área do Jardim das Américas era constituída predominantemente de pastagens, nas quais se mantinha pequena criação de cavalos e de gado. Antes de existir o Hospital, empregados das fábricas de colchão de Dalio Zippin, vinham de carroça buscar capim. O coronel Evaristo Franco dava licença porque aquele capim era próprio para fabricação de colchões. Além das matas ciliares do Rio Iguaçu em Santa Bárbara, como era chamada a região próxima ao rio existia capões esparsos com pinheiros, cedros e outras árvores de porte, como se caracterizava predominantemente a paisagem de Curitiba do lado sul, leste e parte do noroeste (por exemplo: Bacacheri, Cajuru, São José dos Pinhais).

A urbanização do Jardim das Américas só aconteceu simultaneamente da construção do Hospital São Carlos, temos que citar mais uma vez dois grandes homens de grande pioneirismo, que são o Dr. Evaristo e o Dr. Carlos Franco Ferreira da Costa, que se desdobraram para a construção do Hospital, o Dr. Evaristo, como proprietário da área. E o Dr. Carlos como principal investidor, cujas cotas foram integralizadas em espécie, auferidas pela venda de lotes de seu terreno junto ao entorno do Centro Politécnico (UFPR).

O som das boiadas, do bater da roda das carroças e dos bondes vermelhos que iam buscar carne no Matadouro Municipal, inaugurado em 1899, no Guabirotuba, era música para os moradores. Contudo, no Jardim das Américas, bairro ainda pouco habitado, a natureza prevalecia e o desenvolvimento ainda não havia chegado.

Residência do Dr. Carlos Franco Ferreira da Costa

A casa maior da foto cercada por vários pinheiros e arbustos, é a casa do Dr. Carlos Franco Ferreira da Costa, no pé da foto temos a Rua Tenente Ricardo Kirch, olhando de frente ao lado direito ainda sem abertura, o que é hoje a Rua Otavio Pereira dos Anjos, e do lado esquerdo da foto, olhando de frente, o que é hoje a Rua João Itiberê, nos fundos da casa ou da foto, primeiro a atual Avenida Francisco H dos Santos, e da direita para esquerda as Ruas Herculano de Souza e Travessa Júlio Bond.

As casas que vemos ao fundo fazem parte do primeiro conjunto habitacional construído pela Caixa de Habitação Popular do Governo do Estado do Paraná, o Conjunto Habitacional Jardim das Américas era formado por 56 casas, foi inaugurado no primeiro semestre de 1956, pelo então governador Moisés Lupion.

Hoje no local, Clinica Quinta do Sol, Curso de línguas e Farmácia Nissei.
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Primeiros moradores

Por volta de 1950, os primeiros moradores do que seria Jardim das Américas, eram o Sr. Francisco Ribeiro, ou Chiquinho Ribeiro como era conhecidos, (que também nas horas vagas dava uma de cúpido, pois foi ele o responsável pelo meu feliz namoro e casamento com a Arilda, essa é outra história) esposa Alzira (Vó Lilá) os filhos Joaquim (Tito) Zilda, Cacilda, Gerina e Renato. Também a família Juvenal = Ofélia e filhos e a família Creplive, o casal Agostinho e Pasqua(Quita) os filhos Eduardo, Marina e Agostinho.

1915 - Primeiro mapa parecido com o que é hoje

Somente em 1915, era apresentado à cidade o primeiro mapa de Curitiba que mais se aproxima do território que a cidade possui atualmente. No território do bairro estão dois outros nomes antigos: Alegrete e Santa Bárbara. O interessante é que hoje o Jardim das Américas é um nome oficial, ou seja, é um dos 75 bairros de Curitiba, enquanto o Jardim Santa Bárbara, não existe mais como bairro oficial. No entanto, quem mora na região ainda sabe a diferença entre um e outro. Já o nome Alegrete não é mais usado.

Anos 50 e inicio de 60, Cineminha do senhor Manoel

Por falta de opções de laser, o cineminha do Senhor Manoel era local de encontro de todas as crianças do Jardim das Américas e adjacências, os filmes eram acompanhados de vendedores de pirulitos, pipoca, o nosso querido amigo João Leocádio, era um dos vendedores, muitos adultos de hoje freqüentaram este cineminha.

O interessante que com o advento da televisão, o senhor Manoel não teve duvidas, comprou uma televisão e colocou no lugar do cineminha, e da mesma forma que cobrava a entrada para o cinema, continuou cobrando das crianças para ver televisão, pois era a única na região.   

1961 - Inauguração do Centro Politécnico 

No Jardim das Américas fica o Centro Politécnico da Universidade Federal do Paraná, consolidando ainda mais a instituição, que foi a primeira no Brasil, fundada em 1912. O Centro Politécnico da UFPR, Construído em 1961, faz parte da história do Jardim das Américas, e aqui não podemos esquecer o sr. Juvelino Florêncio, foi o responsável pela terraplanagem do terreno onde esta o Centro Politécnico, um dos pioneiros do Jardim das Américas, trabalhou toda sua existência servindo os moradores, com seu caminhão caçamba, ora puxando terra preta para jardim, pedra ou areia para as construções do bairro, nos deixou família exemplar, Altair, Rose (nossa catequista, da Paróquia São Carlos Borromeu) e a médica Dra. Roseni Florêncio, junto com ele em 1950 chegaram para abastecer os trabalhadores da C.R. Almeida, desta grandiosa obra, com um Armazém de Secos e Molhados,  os pioneiros Alzira (Vó Lilá)e esposo  Francisco Ribeiro(Chiquinho Ribeiro).

Maestro Bento Mossorunga - Anos 60 - aula para Valquiria filha do Prof. Mamede

Entre outros pontos marcantes do Bairro, um é muito especial: a Praça Maestro Bento Mossorunga, próximo da casa onde morou o músico e maestro, autor do Hino do Colégio Estadual Prof. Júlio Mesquita, do Hino do Colégio Estadual do Paraná, do Hino da  Cidade de Curitiba e do Hino do Paraná. Um hino cuja letra de Domingos Nascimento fala de uma terra com “canções e flores pela estrada”.

1954 - Construção da Capela que depois seria denominada São Carlos Borromeu 

Na década de 50 era construída uma Capela (ainda sem nome) no local onde era o restaurante estudantil do Centro Politécnico, atual ginásio de esportes da Escola São Carlos Borromeu(ainda em construção, 2010). Na época vinha rezar missa o Padre Júlio Saavedra do Uberaba, da Paróquia de São Paulo Apóstolo, onde a rua desta Igreja leva o nome do Padre Júlio Saavedra. A comissão encarregada de cuidar  da Capela convocou os moradores para escolher um nome.

Após longo debate foi escolhido o atual nome de São Carlos Borromeu em homenagem ao Dr. Carlos Franco Ferreira da Costa, fundador do Hospital e Maternidade São Carlos, e um marco na história do Jardim das Américas, que até os últimos dias de sua vida, não faltou a uma festa do Padroeiro.
Da esquerda para direita: Bernardo, Gerina, Renato, Tito, Francisco e Alzira Ribeiro

Primeiros Zeladores e primeira missa no Jardim das Américas

A família Sbrissia, Ângelo e Joana e a família Ribeiro, Francisco e Alzira foram os primeiros zeladores da Capela de São Carlos Borromeu. A primeira missa rezada no Jardim das Américas foi rezada pelo padre Júlio Saavedra, na área da residência do casal Francisco e Alzira Ribeiro, ali  na esquina das ruas Senador Batista de Oliveira e Avenida Francisco H.dos Santos, atual Loja de Automóveis.

1967 - Demolição e transporte da Igreja São Carlos Borromeu do Centro Politécnico para o atual endereço.  

A demolição da Igreja de São Carlos Borromeo no pátio do Centro Politécnico e sua reconstrução no atual endereço tem uma passagem inusitada, o Poli do Táxi, como era conhecido, foi convocado para transportá-la até seu destino, na época tinha um campo de futebol entre as ruas Heitor de Andrade e Rua Anaberta Roskamp, chamado “BUZÃO”,  foi ali que ele descarregou a Igreja, após descarregar teve o trabalho de carregar tudo novamente pois disseram a ele que estava errado, que o local certo seria no terreno da esquinas das ruas Cel.  Joaquim Lacerda com a rua Heitor de Andrade, no ano de 1967 era construída a primeira Igreja de São Carlos Borromeu  no atual local, onde esta hoje,  na rua Heitor de Andrade esquina com rua Joaquim Lacerda. De linhas simples de madeira, com um sino  pendurado em sua porta, durante muitos anos ele serviu para lembrar aos fiéis o horário de suas missas e de outras celebrações religiosas. O primeiro pároco foi o Padre Raimundo, que veio da Catedral Metropolitana de Curitiba, batizou meu filho Murilo, ficando poucos meses, ao que em seguida tivemos a felicidade de receber definitivamente o Nosso Padre Romão, Na década de 70 foi construída uma bela e acolhedora Igreja de alvenaria no mesmo local da anterior.

Na década de 70 foi construída uma bela e acolhedora Igreja de alvenaria no mesmo local da anterior, tendo já como pároco o Padre Romão Sarnik vindo a se aposentar no mês de novembro de 2010.


1954 - Primeiras professoras do Colégio Professor Júlio Mesquita

A primeira Escola Pública Estadual Jardim Santa Bárbara, foi construída por Francisco Ribeiro, no ano de 1954, na Avenida Francisco H. dos Santos, 774 (hoje ponto comercial) a primeira diretora foi a Sra. Adalgiza Sbrissia e as primeiras professoras, Zilda Ribeiro Sbrissia, Antonia Branco de Lima e Maria da Cunha Distefani, deu posse a estas Professoras o Dr. Lauro Portugal Tavares, Secretario de Educação do Estado do Paraná.

1956 - Novo endereço com um novo nome, da Escola Professor Júlio Mesquita

Com construção do primeiro conjunto residencial e sua conseqüente inauguração em 1956 a nova sede da Escola Santa Barbara além de mudar de endereço mudou de nome, passou a chamar-se Escola Professor Júlio Mesquita, ficava nas esquinas da Av. Cel. Francisco H. dos Santos com a Rua Cel. Joaquim  Lacerda,  onde esta funcionando  hoje  um  dos  salões de cabelereiros  mais  tradicionais do Jardim das Américas, o “Salão Catarinense”,  o nome já diz  bem  quem  é o proprietário, nosso  amigo  Ademar, o catarina mais  conhecido do bairro, e adora uma motocicleta.

A Caixa de Habitação Popular aprontou as duas primeiras casas para as professoras, Antonia Branco de Lima e Maria da Cunha Distefani, em novembro de 1955, o Conjunto Jardim das Américas formado por 56 casas, foi inaugurado no primeiro semestre de 1956, pelo então governador Moisés Lupion.

Com a entrega do novo e primeiro conjunto habitacional de Curitiba, Conjunto Habitacional Jardim das Américas, construído para os operários do Centro Politécnico e funcionários estaduais, pelo então governador Moises Lupion, a escola ocupou ainda com o mesmo nome, o endereço das esquinas Cel. Joaquim Lacerda com a Avenida Francisco H. dos Santos, mas com o aumento da população, os alunos não cabiam mais na nova escola, foram alugadas duas salas de aula na casa da Rua Tenente Ricardo Kirch, Nº 436 da Senhora Zilda Soares Pinto, onde foram alocados os alunos da quarta série, e os demais foram alocados nas primeiras instalações da Capelinha de São Carlos Borromeo, ainda localizada no pátio do Centro Politécnico próximo do atual Ginásio de Esportes da Escola São Carlos Borromeu.

GOVERNADOR NEY BRAGA X COL. EST. PROF. JÚLIO MESQUITA

O Maestro Bento Mossorunga morava a cinqüenta metros do Colégio, na visita do Governador Ney Braga ao ilustre amigo, o nosso governador resolveu dar uma espiada nas obras, informalmente, pois já estava funcionando precariamente, improvisaram a melhor sala colocando umas taboas soltas para que o governador não pisasse na lama da construção, justamente na sala onde minha sogra Professora Zilda Ribeiro Sbrissia, lecionava, para sorte do Colégio e azar do Governador, não é que o homem tropeçou, e quase foi de cabeça, na mesa da professora.
Resultado, na semana seguinte ao acontecimento chegou vários caminhões com todo o material necessário para o termino das obras do Colégio Professor Júlio Mesquita, a obra teve seu termino com uma rapidez nunca vista.

1959 - Inauguração do segundo conjunto habitacional 

Por volta de 1959 era inaugurado pelo Governador, na época, Moises Lupion, o segundo conjunto residencial Jardim das Américas que compreendia as ruas Anaberta Roskamp e Rua Heitor de Andrade, no entorno da Praça Maestro Bento Mossurunga, que até 1975, se dividia em Jardim Santa Bárbara e Jardim das Américas. 

15 de maio de 1964 Família Forcadell se estabelece na Rua Ana Berta Roskamp, 428

O primeiro membro a chegar e morar em Curitiba foi o Pedro Forcadell, dia 15 de fevereiro de 1964, residiu alguns dias com a família Jorge e Glória Cantele, na rua Dr. Pedrosa, com a chegada de seus pais da cidade de Cruzeiro do Sul, no dia da Revolução, 31 de março, foi morar com eles na Rua Minas Gerais no Bairro Vila Guairá.

15 de maio de 1964 foi o começo de um ciclo de nova vida, com a compra de uma pequena mercearia, padaria como era chamada na época, que os mais antigos ainda lembram, com uma saudade muito gostosa, dos bons tempos.

O imóvel era do Srº Adir Mattanó, o comércio pertencia ao Sr. Manoel Pereira e Da. Noemia, que também foram proprietários da Mercearia do Ribas, o Sr. Manoel Pereira, realizou seu sonho voltou para sua terra natal, Santa Catarina, onde morreu atropelado por um ônibus. Mesmo estando longe foi uma grande perda, não só para sua família como para os amigos que aqui deixou.

Na década de 60 a nossa “padaria” vendia duas Kombis de pão “bolachão” (hoje Pão d’agua) e francês (hoje francezinho), as mães mandavam seus filhos buscar o pão na nossa “padaria”, como bairro só tinha ônibus de hora em hora, e o Jardim das Américas ficava longe do Centro, não tinha a Avenida das Torres(Comendador Franco) A Avenida Prefeito Omar Sabag e a Avenida Lothario Meisner eram apenas um carreador cheio de buracos e barro, pior quando as pessoas tinham que atravessar o campo atolados em lama, até o bairro Cajuru, para lá pegar seu ônibus, ou ter que se deslocar até a Avenida Salgado Filho, como é o caso da minha sogra Da. Zilda Ribeiro Sbrissia, que estudava e dava aula em São José dos Pinhais.

1975 - A Câmara Municipal de Curitiba decreta por lei o nome JARDIM DAS AMÉRICAS 

Em 1975, o Jardim das Américas unificado, surgia oficialmente como um bairro. Seu nome se deve à intenção dos vereadores municipais de homenagear as três partes do nosso continente: América do Norte, América Central e América do Sul.

No início dos anos 80 ainda era possível encontrar grandes descampados na região. Mas no final da década daria ao bairro outra face. O resultado dos loteamentos organizados começou a dar para a localidade características que tem hoje, com sobrados e conjuntos residenciais. Apesar do progresso promissor a preocupação dos moradores era com as valetas a céu aberto, as falhas nas coletas de lixo e a falta de pavimentação em muitas ruas.

Em 1995, os sobrados, os conjuntos residenciais e os condomínios fechados era a nova marca do bairro. O Jardim das Américas era admirado por suas belas casas e conhecido como o reduto dos universitários. O crescimento fora visível. O bairro que possuía em 1970, 6.658 habitantes, nos anos 90 já ultrapassava  marca de 13 mil.  Hoje a região é desenvolvida e encanta quem passa pelo bairro com suas ruas movimentadas e cheias de comércio, sem falar em seus moradores alegres e simpáticos que abrem as portas desse jardim para receber todos os seus visitantes. 

Alto Boqueirão

O Jardim Paranaense, que transformaram em bairro Alto BoqueirãoNa foto de 1950, obras de alargamento da estrada do Xaxim, atual Rua Francisco Derosso

Na década de 1950, surgia o primeiro loteamento, organizado pelo Dr. Waldomiro Pedroso, médico e deputado estadual e pelo engenheiro Ernesto Pontoni, em terreno adquirido de herdeiro de Eduardo Pinto da Rocha, área a qual fazia frente para a estradinha do Padilha e Campo Boa Vista, importante ligação com a Vila Osternak e Umbará, loteamento denominado Jardim Paranaense. 

As dificuldades para a venda dos lotes eram imensas, pois não existia qualquer infra-estrutura no local e a única via para se chegar ao local era pela antiga estrada para São José dos Pinhais, atual Rua Francisco Derosso. Já naquela época existiam os acordos e acertos políticos. Cerca de 80% dos lotes foram comercializados com a Caixa de Habitação Popular, órgão do governo estadual, com a finalidade de que fosse construído no local um conjunto habitacional. Grande foi a alegria das famílias que foram sorteadas para ocuparem as casas dos conjuntos, alegria esta que durou pouco, ao constatarem as dificuldades que iriam enfrentar. Em dias chuvosos, era quase impossível trafegar pela velha estrada, que se transformava em um verdadeiro lamaçal, já que o leito da estrada era de chão batido e argiloso. O ponto de ônibus mais próximo ficava na Rua Marechal Floriano Peixoto, em gente ao Quartel do Boqueirão e para se chegar ao local utilizava-se de um caminho pelo campo e mato, onde hoje é a Rua Pastor Antonio Polito. Posteriormente um morador adquiriu um velho auto lotação e 3 à 4 vezes por dia, transportava os moradores até o ponto de ônibus na Rua Mal. Floriano.

Não existia rede elétrica e a Sanepar era desconhecida. A escola mais próxima ficava a cinco quilômetros do conjunto. Muitas famílias desistiram de morar no local, principalmente as que exerciam atividades no centro de Curitiba. Toda aquela região que se localizava após a atual Rua Isaak Ferreira da Cruz, até a margem do rio Iguaçu, segundo antigas escrituras, era denominada de Campo da Ponte, possivelmente por lá se localizar a primeira ponte de madeira sobre o rio Iguaçu, na única ligação de Curitiba, com o município de São José dos Pinhais e a cidade de Joinville, em Santa Catarina. O segundo loteamento da região, também foi organizado pelo engenheiro Ernesto Pontoni e era de propriedade de Paulo Brum e Hercílio Zanetti, foi denominado de Vila Nova, localizado no lado esquerdo do final da Rua Francisco Derosso, cuja venda dos lotes enfrentou as mesmas dificuldades do loteamento Jardim Paranaense. Os 90% dos compradores, adquiriram seus lotes pensando num futuro não muito próximo.

A primeira escola pública estadual surgiu graças a iniciativa da jovem Clarice Pinto da Rocha, neta de Eduardo Pinto da Rocha e filha de Santinor Pinto da Rocha e de Elvira Derosso da Rocha, tendo como local o velho barracão de madeira, que havia sido usado como depósito de materiais da construtora do conjunto da Caixa de Habitação Popular. A jovem Clarice, foi a primeira professora e responsável pela escola, que mais tarde foi substituída por um estabelecimento em alvenaria e denominada de Escola Estadual Lúcia Bastos.

Em 1964, com o ensaibramento da Rua Franciso Derosso, até a esquina com a Rua Eduardo Pinto da Rocha e com a retificação da curva em forma de ferradura, no local conhecido pelos moradores como volteio (a curva desviava uma velha vertente de água, que servia como marco divisório da Fazenda Boqueirão, com terras de Mathias de Andrade Rocha), foi construída a rotatória da Rua Isaak Ferreira da Cruz, com a Rua Francisco Derosso. A antiga curva do volteio recebeu a denominação de Rua Paulo Brum, que sempre preservou o bosque de sua propriedade, onde atualmente fica o Condomínio das Araucárias. Com esta melhoria, o tráfego de veículos melhorou, encorajando os proprietários de lotes, a construírem suas moradias. Novos loteamentos começaram a surgir, sendo um dos maiores a Vila Nossa Senhora do Pilar, localizada a direita da Rua Eduardo Pinto da Rocha, quase esquina com a Rua Francisco Derosso. A seguir surgiu o Conjunto Cabo Nácar, da Associação da Polícia Militar do Estado, cujas moradias seriam destinadas ao militares associados. Em 1972, considerando o rápido desenvolvimento da região, a prefeitura, por meio de decreto municipal, criou o bairro Alto Boqueirão (ficaria melhor Jardim Paranaense), desmembrando parte do bairro do Boqueirão e a maior parte do bairro do Xaxim, formado pelas propriedades dos herdeiros de Mathias de Andrade Rocha e de Eduardo Pinto da Rocha. O Boqueirão perdeu a área onde estão as vilas Suzana, Vale do Sol, Jardim Boqueirão, Jardim Imperial, Jardim Teresópolis, Moradias Hortência, Araçá, Jacarandá e vários condomínios residenciais. Na área de 73 alqueires, que pertenciam a Mathias de Andrade Rocha, encontram-se as seguintes vilas e conjuntos residenciais: Itacolomi, Santa Inês, Araucárias, Euclides da Cunha, Érico Veríssimo, Saturnino Brito, Tiradentes, Eucaliptos, Castelo Branco, Giacomassi e a mais antiga a Vila Nova. Na área de cerca de 200 alqueires, de propriedade de Eduardo Pinto da Rocha, encontram-se os seguintes loteamentos: Jardim Paranaense, Nossa Senhora do Pilar, Acácia, Rivadávia, Siena, Morado dos Nobres, Boicy, Cabo Nácar e Pantanal. Em 1974, com o asfaltamento da Rua Francisco Derosso, na administração do Prefeito Jaime Lerner, houve uma verdadeira explosão demográfica no novo bairro, ainda muito carente de obras públicas como saneamento, escolas, saúde, transporte coletivo, segurança, creches, recreação, pavimentos e esporte. Paulatinamente as necessidades de investimento em obras púbicas foram atendidas. Atualmente a população do bairro é superior a 70% dos municípios do Paraná.

O Alto Boqueirão, ou Jardim Paranaense, tem o privilégio de contar com grande parte do Parque Iguaçu e uma das maiores áreas de preservação ambiental, que é a mata junto ao Zoológico.

Santa Cândida



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Década de 60 – Rua Theodoro Makiolka esquina com Avenida Paraná. Alunos da Casa Escolar Santa Cândida (designação da época) em frente da escola. Na foto o casarão, a nova casa das Irmãs Franciscana da Sagrada Família e a primeira casa paróquia. A casa paroquial foi demolida por ocasião da abertura da Avenida Paraná.
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Década de 60 – Vista panorâmica da Rua Theodoro Makiolka, do número 745 ao 1060, Santa Cândida, Curitiba, Paraná, Brasil.
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Década de 60 – Vista panorâmica da Rua Theodoro Makiolka, número 1060, Santa Cândida, Curitiba, Paraná, Brasil.
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1 – Iria Zeni Nadolny | 2 – Leoni Benigna Kulik | 3 – Francisco Skora | 4 – Palmira Martha Kulik | 5 – Maira Skora Kulig (k) | 6 – Agneska Pyskala | 7 – Lucia Skora Lyska | 8 – Não identificado
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Legenda:
1 – Starka Kuliska – Mãe de Paulo Kuli(g)k – Hedwige Macioszek
2 – Mario Stanislau Kulik
3 – Silvestre Kulig
4 – Dionizio Gabriel Kuli(g)k
5 – Hedviges Theresa Kulig – Tia Vicha
6 – Gertrudes Kulig
7 – Maria Skora Kuli(g)k – Starka Mareska
8 – Natalia Maria Kulik
9 – Longina Kulig – Tia Guinha
10 – Francisco Skora – Pai de Maria Skora Kuli(g)k
11 – Ludoviço Kachel – Marido de Reguina Kuli(g)k Kachel
12 – Pe. João Wislinski
13 – Paulo Kuki(g)k
14 – João L(y)eska
15 – Celestina Szprada – mulher de Pedro Kuli(g)k – irmão de Paulo Kuli(g)k
16 – Pedro Kuli(g)
Mulheres de chapéu são provavelmente as primas de Paulo Kuli(g)k da cidade. As que moravam nas proximidades do centro de Curitiba.
OBSERVAÇÂO: A grafia do sobrenome KULI(G)K foi alterada. Originalmente é KULIG, mais tarde a partir do nascimento do Mario Kulik é que se observa a troca do G pelo K. Alguém convenceu os colonos a aportuguesarem a grafia de seus sobrenomes. Assim eu deixo entre parentes a letra trocada pois vc encontrara documentos antigos com a grafia anterior.
KULIG = trenó

O Paraná dos primeiros tempos

Europeus na Baía de Paranaguá. Hans Staden. Primeiros registros geográficos.
Mapa de 1585
A presença européia no estado do Paraná começou pelo litoral, poucos anos após a descoberta do Brasil e antes das famosas expedições que cruzaram por terra o estado pelo Peabiru, o antigo caminho indígena transcontinental. A Baía de Paranaguá foi atingida por deportados e náufragos das expedições portuguesas de 1501-1503, a partir de Cananéia, no litoral extremo-sul de São Paulo, segundo o geógrafo e pesquisador Reinhard Maack.
Em 1501, antes mesmo do regresso de Pedro Álvares Cabral das Índias, uma expedição de três naus já se encontrava a caminho da nova terra para explorá-la. Ela teria partido em 10 de maio de 1501 segundo o geógrafo alemão Sebastian Muenster. A nau dirigida por André Gonçalves retornou a Portugal e confirmou o êxito da viagem de Cabral à Terra de Santa Cruz, tida como uma ilha. O comandante explorou a costa sul. Mas há dúvidas se atingiu o Cabo de Santa Maria, no flanco norte da foz do rio da Prata.
Em 1503, afirma Maack, uma nova frota de seis navios deixou Portugal rumo à nova terra sob o comando de Gonçalo Coelho. O navegador Américo Vespúcio comandava uma nau. Após a exploração, separou-se e voltou a Portugal. “Também dessa vez nenhuma das naus atingiram a foz do rio da Prata, mas é provável que, por ocasião das viagens entre 1501 a 1503, a entrada da Baía de Paranaguá tenha sido conhecida pela primeira vez”. O geógrafo baseia-se em mapas anônimos de 1505-1506 feitos em função das duas expedições.
Esses mapas foram reproduzidos em registros cartográficos da época, como o atlas de Kunstmann,  o mapa de Nicolau Canero (1505), o de Martin Waldseemueller (1507) – em que aparece pela primeira vez o nome América – e o mapa de Ruysch (1508), entre outros. O nome Brasil aparece pela primeira vez no mapa do português Alberto Cantino,  de 1502. E o mapa-múndi de Leonardo da Vinci de 1515 chega só um pouco ao sul de Cananéia, onde o continente sul-americano termina desfigurado.
Somente após 1520 os mapas representam a costa sul-americana até a foz do rio da Prata. E a partir de 1527, aponta Maack baseado no mapa de Vesconti di Maiolli, a costa é representada até o estreito de Magalhães, com a indicação da unidade contínua do continente através da América Central. O mapa de Sebastian Muenster, de 1544, mostra o continente da América do Norte até o Estreito de Magalhães.
Porque a Baía de Paranaguá não aparece nas representações cartográficas?
Maack chegou à conclusão que ela não foi descoberta por via marítima. A Baía de Paranaguá foi descoberta por deportados e náufragos das primeiras expedições.
Relatos da expedição de Martim Afonso de Souza de 1531-32 também nada mencionam sobre o reconhecimento, a partir do mar, da Baía de Paranaguá. “Entretanto, a baía era conhecida pelos portugueses que se haviam radicado em Cananéia desde 1501. Estes puderam atingir em canoas, a oeste da Ilha do Cardoso, canais de comunicação (varadouro velho) que conduziam ao Canal de Superagüi”, argumenta Maack.
Entre os sobreviventes dos náufragos e deportados das primeiras expedições que os irmãos Martim Afonso de Souza e Pedro Lopes de Souza encontraram em Piaçagüerra e Cananéia, em 1531-1532, sobressai a figura de João Ramalho. Ele se uniu à índia Bartira, filha do poderoso cacique Tibiriçá (depois batizado pelos jesuítas Martim Afonso Tibiriçá), do grande aldeamento tupiniquim Inhapuambuçu, e no núcleo onde vivia fundou Santo André da Borda do Campo (atual Santo André).
Respeitado por portugueses e índios, João Ramalho tornou-se grande potentado. Em 1531 comandou europeus, índios e mamelucos na recepção a Martim Afonso de Souza, que fundou São Vicente, oficializou a vila de João Ramalho e o nomeou Capitão-Mor dos Campos de Piratininga. Mais tarde o povoado foi transferido para a Vila de São Paulo de Piratininga.
Portanto, a história de Santo André está ligada à colonização da capital paulista. João Ramalho pode ser considerado o primeiro povoador europeu de São Paulo. Outros europeus das primeiras expedições – também citados pelos historiadores – são Antonio Rodrigues, Diogo de Braga, Pero Capico, Henrique Montes, Antônio Ribeiro, Domingos Gonçalves Peneda e Cosme Fernandes (mestre Cosme), cristão-novo condenado por suposto delito religioso.
Luiz Romanguera Netto, autor do artigo “O Paraná Espanhol”, publicado em 1999 no Boletim do Instituto Histórico e Geográfico do Paraná, afirma que “mesmo antes dos portugueses dividirem nosso país em capitanias, as terras do sul já eram conhecidas e exploradas pelos mais diversos aventureiros”. Para ele as expedições que exploraram o litoral sul teriam visitado a Baía de Paranaguá. O escritor lembra que espanhóis comandados por Ruy Mosquera andaram em Superagüi e Iguape no início do século XVI.
Vejamos a conclusão de Reinhard Maak: “Partindo de Cananéia, os portugueses ocuparam primeiramente a Ilha da Cotinga, na Baía de Paranaguá, tendo iniciado, com isto, a conquista do estado do Paraná. Os portugueses também se apoderaram das terras circundantes da Baía como esfera de interessa da Coroa de Portugal”.
É de Hans Staden, artilheiro alemão que fez duas viagens ao Brasil entre 1548 e 1555, o primeiro registro sobre a entrada na Baía de Paranaguá pelo mar em seu livro “Meu Cativeiro Entre os Selvagens do Brasil”, publicado em vários idiomas. Durante a segunda viagem (1549) da expedição espanhola de Don Diego de Sanabria à procura da ilha de Santa Catarina, a nau foi arrastada por uma tempestade na costa paranaense até a Ilha de Superagüi.
Staden, com ajuda de índios tupiniquins, fez contatos com portugueses radicados em São Vicente e Cananéia. Ele elaborou a primeira carta da baía, com o canal de Superagüi, a Ilha das Peças, representada como península e mais três ilhas que podem ser identificadas como Ilha do Mel, Ilha de Cotinga e Ilha Rasa da Cotinga. Ele também dá o esboço da linha da costa, desde o Pontal do Sul até a Ponta de Caiobá, com a entrada da Baía de Guaratuba.
Martim Afonso de Souza foi o primeiro donatário da região costeira, de Paranaguá para o norte, na Capitania de São Vicente. Seu irmão Pedro Lopes recebeu a região sul até Laguna, a Capitania de Santo Amaro. Os portugueses entendiam que a linha demarcatória do Tratado de Tordesilhas cortava Laguna, na costa de Santa Catarina. Para os espanhóis a divisão se dava em Iguape, no litoral sul de São Paulo.
O pesquisador revela que os espanhóis, nos mapas antigos, denominavam a costa de Santa Catarina de “Terra de Vera”, nome dado por Alvar Nuñes Cabeça de Vaca. Já a Baía de Paranaguá era cartografada como “Bajo dela Corona de Castilla”. Apesar disso, os portugueses continuaram proprietários de fato da Baía de Paranaguá.
A insegurança sobre a linha de Tordesilhas é o motivo – segundo  Maack – de os portugueses não terem se aventurado pelo interior do Paraná. Contentaram-se, a princípio, com a povoação da costa. Já a Ilha de Santa Catarina (Terra de VeraNossa Senhora do Desterro e Florianópolis hoje) era o ponto de encontro das naus espanholas em viagem para o sul. Dessa base, os espanhóis penetraram mais cedo que os portugueses no planalto e no interior do novo continente.
FONTE Geografia Física do Estado do Paraná, Reinhard Maack, 1968, Livraria José Olympio Editora (O autor dedica o capítulo I às primeiras viagens ao novo mundo e à presença européia no Paraná. Cruza importantes informações históricas e cartográficas do início do século 16 de diversos países europeus);
História de Santos/Poliantéia Santista, Francisco Martins dos Santos e Fernando Martins Lichti, 1986, Editora Caudex Ltda.

Guaraqueçaba

Guaraqueçaba foi habitada por grupos indígenas até a colonização europeia. A partir de então seguiu-se o ciclo da mineração, quando os europeus se estabelecem precariamente na região, principalmente à procura do ouro, mas já praticando alguma agricultura de subsistência.
Entre 1638 a 1946, Gabriel de Lara (sertanista paulista), fundador da Capitania de Paranaguá, descobriu, nas encostas da Serra Negra, rica lavra de ouro, revelando o achado às Provedorias das Minas de São Paulo. Com a descoberta, inúmeros mineiros e aventureiros dirigiram-se para a região, explorando as terras e os rios em busca do ouro.
Em seguida chegaram os jesuítas, que fundaram em Superagui o primitivo núcleo populacional da região. Foi só no século passado, quando Cipriano Custódio de Araújo e José Fernandes Correia construíram uma capela no morro do Quitumbê, um estabelecimento agrícola e ao mesmo tempo religioso, para facilitar a catequese, visto que a população estava disseminada ao longo dos rios, com isso foram surgindo em torno dela as primeiras edificações, formando em pouco tempo o povoado, que foi elevado em 1854 à Freguesia.
Em 1938, a Vila foi extinta e anexada como Distrito ao Município de Paranaguá. Voltou a figurar como município autônomo, em 1947.
A colonização da região começou com a chegada dos portugueses ao Paraná por volta de 1545.
Fonte:  LIVRO : Zoneamento da APA de Guaraqueçaba – instituto paranaense de desenvolvimento econômico e social. Zoneamento da área de proteção ambiental de guaraqueçaba/ convenio IBAMA. Apoio Fundação Araucária.
Litoral do Paraná – Historia de Guaraqueçaba. Disponível em http://www.praiaslitoralparana.com.br/guaraquecaba/historia-de-guaraquecaba.php  acesso em 22/02/2013.
Um pouco da história em imagens, algumas do acervo de João Amadeu Alves, gentilmente escaneadas e cedidas pelo seu filho João Amadeu Alves Júnior,  algumas do acervo Fabio Rodrigues e outras da internet.




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