Histórias de Curitiba - Campanha do silêncio
Campanha do silêncio
Euro Brandão (in memorian)
Curitiba não é certamente uma cidade silenciosa, mas sem dúvida é uma das menos barulhentas entre os grandes centros urbanos do país.
Aqui os motoristas não usam tanto a buzina, como em outras cidades, onde impaciência e a deseducação azucrinam os ouvidos de todo mundo.
Mesmo os casos de música em nível excessivo nas lojas comerciais e de pregões gritados nas ruas não chegam a alcançar padrões correntes em outras cidades.
Curitiba conta hoje com a legislação de silêncio, que, embora pouco conhecida e deficientemente fiscalizada, está de certa forma absorvida pela população em seu procedimento comedido.
Entretanto nem sempre foi assim.
Houve época em que as esquinas não eram devidamente sinalizadas e costumava-se buzinar ao traspassar todos os cruzamentos.
Lojas populares berravam por alto-falantes sua propaganda perturbadora.
Camelôs percorriam o centro em brados contundentes. A má qualidade da manutenção de veículos poluiam a cidade não só com fumaça deletéria, mas também com ruídos ensurdecedores.
Foi então que o Instituto de Engenharia do Paraná, resolveu desencadear uma CAMPANHA DO SILÊNCIO. Com o apoio da Associação Brasileira de Acústica foi realizado esse importante evento em 1964. O Prof® Rubens Meister, Presidente do Instituto, com a colaboração entusiasta do Dr. Carlos Barontini, desencadeou o trabalho.
Milhares de cartazes foram espalhados pela cidade, mostrando uma cara facinorosa com o indicador diante dos lábios, pedindo a todos a redução do ruído.
Com o acolhimento de ambos os canais de televisão da época vários debates foram ao ar, refe-rindo-se aos riscos dos sons muito altos, em detrimento do aparelho auditivo, e com outros males para a saúde, principalmente ao psi-quismo.
Curitiba viu realizar-se nesse conjunto programado um congresso nacional de poluição sonora, em que foram tratados vários aspectos do problema, seja do ponto de vista técnico, médico, psicológico ou legislativo, com a presença de vários especialistas de outros estados.
Durante vários dias funcionou, em diversos pontos do centro da cidade, um aparelho que visualizava, em cores, a altura dos ruídos.
Quando acendia a luz vermelha, evidenciava-se a ocorrência de nível perigoso no barulho urbano.
Um fato curioso que então ocorreu é que o representante do Instituto falava na televisão sobre a Campanha, justamente no dia em que se anunciava o deslocamento dos canhões do General Mourão, no bojo da Revolução de 64, o que levou o pregador do silêncio a admitir:
- "Não sei se é hoje o melhor dia para falar em silêncio..."
Transcorridos tantos anos, como resultado daquele impulso inicial, e de trabalhos posteriores, Curitiba já apresenta condições bem lhores no que tange ao ruído cvitável.
Euro Brandão foi engenheiro e professor.
Euro Brandão (in memorian)
Curitiba não é certamente uma cidade silenciosa, mas sem dúvida é uma das menos barulhentas entre os grandes centros urbanos do país.
Aqui os motoristas não usam tanto a buzina, como em outras cidades, onde impaciência e a deseducação azucrinam os ouvidos de todo mundo.
Mesmo os casos de música em nível excessivo nas lojas comerciais e de pregões gritados nas ruas não chegam a alcançar padrões correntes em outras cidades.
Curitiba conta hoje com a legislação de silêncio, que, embora pouco conhecida e deficientemente fiscalizada, está de certa forma absorvida pela população em seu procedimento comedido.
Entretanto nem sempre foi assim.
Houve época em que as esquinas não eram devidamente sinalizadas e costumava-se buzinar ao traspassar todos os cruzamentos.
Lojas populares berravam por alto-falantes sua propaganda perturbadora.
Camelôs percorriam o centro em brados contundentes. A má qualidade da manutenção de veículos poluiam a cidade não só com fumaça deletéria, mas também com ruídos ensurdecedores.
Foi então que o Instituto de Engenharia do Paraná, resolveu desencadear uma CAMPANHA DO SILÊNCIO. Com o apoio da Associação Brasileira de Acústica foi realizado esse importante evento em 1964. O Prof® Rubens Meister, Presidente do Instituto, com a colaboração entusiasta do Dr. Carlos Barontini, desencadeou o trabalho.
Milhares de cartazes foram espalhados pela cidade, mostrando uma cara facinorosa com o indicador diante dos lábios, pedindo a todos a redução do ruído.
Com o acolhimento de ambos os canais de televisão da época vários debates foram ao ar, refe-rindo-se aos riscos dos sons muito altos, em detrimento do aparelho auditivo, e com outros males para a saúde, principalmente ao psi-quismo.
Curitiba viu realizar-se nesse conjunto programado um congresso nacional de poluição sonora, em que foram tratados vários aspectos do problema, seja do ponto de vista técnico, médico, psicológico ou legislativo, com a presença de vários especialistas de outros estados.
Durante vários dias funcionou, em diversos pontos do centro da cidade, um aparelho que visualizava, em cores, a altura dos ruídos.
Quando acendia a luz vermelha, evidenciava-se a ocorrência de nível perigoso no barulho urbano.
Um fato curioso que então ocorreu é que o representante do Instituto falava na televisão sobre a Campanha, justamente no dia em que se anunciava o deslocamento dos canhões do General Mourão, no bojo da Revolução de 64, o que levou o pregador do silêncio a admitir:
- "Não sei se é hoje o melhor dia para falar em silêncio..."
Transcorridos tantos anos, como resultado daquele impulso inicial, e de trabalhos posteriores, Curitiba já apresenta condições bem lhores no que tange ao ruído cvitável.
Euro Brandão foi engenheiro e professor.