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segunda-feira, 9 de outubro de 2023

Filipe II da França, o Augusto Nascido a 21 de agosto de 1165 - Gonesse, Val d'Oise, Ile-de-France, França Falecido a 14 de julho de 1223 - Mantes-la-Jolie, Yvelines, Ile-de-France, França, com a idade de 57 anos Rei da França

 

 Filipe II da França, o Augusto 

M  Filipe II da França, o Augusto

  • Sosa : 75.497.760
    • Nascido a 21 de agosto de 1165 - Gonesse, Val d'Oise, Ile-de-France, França
    • Falecido a 14 de julho de 1223 - Mantes-la-Jolie, Yvelines, Ile-de-France, França, com a idade de 57 anos
    • Rei da França

 Pais

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 Notas

Notas individuais

  • Nota (1):

    Filipe II (Gonesse, 21 de agosto de 1165 – Mantes-la-Jolie, 14 de julho de 1223), também chamado de Dádiva de Deus ou Filipe Augusto, foi o Rei da França de 1180 até sua morte.

    Era o filho de Luís VII e de sua terceira esposa Adélia de Champanhe.

    Ele é um dos reis mais admirados e estudados da França medieval, não só pela extensão do seu reinado, como também pelas importantes vitórias militares, pelo aumento dos domínios directos da coroa, principalmente à custa dos reis da Inglaterra, e pelo fortalecimento da monarquia contra o poder dos senhores feudais.

    O cognome Augusto, que lhe foi atribuído em vida, é uma referência directa ao título da antiguidade, apesar de haver outras interpretações que o possam justificar: pode referir-se ao mês do seu nascimento, ou ainda o verbo latino augere, que significa "aumentar". Com efeito, este cognome pode ter-lhe sido atribuído depois de, pelo tratado de Boves, em Julho de 1185, ter adicionado os senhorios de Artois, Valois, Amiens e uma grande parte de Vermandois (actual comuna francesa de Saint-Quentin) aos domínios reais.[1]

    O nascimento de Filipe em 1165 foi visto como um milagre pela família real. Luís VII esperou mais de trinta anos por um herdeiro que só a terceira esposa, Adélia de Champagne, lhe daria. Por esse motivo, o infante seria cognominado Dieudonné (Dádiva de Deus).

    Foi associado ao trono aos catorze anos de idade, o último monarca francês a ser coroado durante a vida do predecessor pela tradição capetiana. A cerimónia de sagração foi inicialmente atrasada por ter sofrido um acidente de caça[2] que lhe ameaçou a vida. O estado de saúde do príncipe foi suficientemente grave para que Luís VII se deslocasse a Inglaterra, apesar do seu próprio estado debilitado, para se recolher no túmulo de Thomas Becket, o arcebispo da Cantuária que auxiliara mas fora morto em 1170.

    Filipe acabou por ser coroado a 1 de Novembro de 1179 na Catedral de Reims pelo seu tio, o arcebispo Guilherme das Mãos Brancas. Com a morte do seu pai a 18 de Setembro de 1180, tornou-se no único rei, aos quinze anos de idade.

    Confrontado com o enfraquecimento do poder real, Filipe começou desde logo a lidar com esse problema. O seu casamento, celebrado em Bapaume, Pas-de-Calais, a 28 de Abril de 1180 com Isabel de Hainaut, trouxe-lhe o Artois em dote. Em Junho do mesmo ano, três meses antes da morte do pai, assinou o tratado de Gisors com Henrique II da Inglaterra. Estes dois eventos reforçaram a posição do jovem rei face às casas de Flandres e de Champagne.

    Nos domínios da coroa, uma das primeiras decisões de Filipe foi a expulsão dos judeus e a confiscação dos seus bens em Abril de 1182, uma decisão que contrariava a protecção que o seu pai acordara com a comunidade judaica. Os motivos oficiais designam os judeus como responsáveis por diversas calamidades, mas o objectivo real era sobretudo encher os cofres reais, mal providos no início deste reinado. Estas medidas foram populares mas não duraram: a interdição do território (desde o início difícil de fazer respeitar) cessou em 1198, e a atitude conciliadora de Luís VII voltou a ser a norma.

    Desde 1181, acerbou-se o conflito com os barões, liderados por Filipe da Alsácia, conde da Flandres. Filipe II conseguiu opor-se às ambições deste ao quebrar as suas alianças com Godofredo III de Lovaina, duque de Brabante e Filipe de Heinsberg, arcebispo de Colónia. Em Julho de 1185, o tratado de Boves confirmou a posse do rei das terras de Vermandois, Artois e Amiens.

    Os Plantagenetas foram a outra principal preocupação de Filipe. Os domínios do rei Henrique II da Inglaterra, conde de Anjou e, pelo seu casamento, influente na Aquitânia, compreendiam também a Normandia, a Vexin e a Bretanha.

    Depois de dois anos de combates (1186-1188), a situação permanecia indecisa. Filipe tentou aproveitar-se das rivalidades entre os filhos do rei da Inglaterra, Ricardo Coração de Leão, de quem era amigo, e do mais jovem João Sem Terra. Uma paz de statu quo fora finalmente negociada, quando o papa Gregório VIII proclamou a Terceira Cruzada, após a tomada de Jerusalém por Saladino em 1187.

    Em 1189 conseguiu que a Inglaterra renunciasse à soberania de Auvérnia pelo tratado de Azay-le-Rideau. Mas a morte de Henrique II em Julho do mesmo ano selou o destino. Agora havia urgência em partir para a Terra Santa.

    Filipe Augusto e Ricardo Coração de Leão partiram juntos para a Terceira Cruzada, que mobilizou também a maior parte dos grandes barões da França. Embarcaram no final do Verão de 1190, Filipe de Génova e Ricardo de Marselha. Mas foram surpreendidos por tempestades no mar Mediterrâneo e tiveram de aguardar vários meses em Messina, na Sicília.

    Foi neste período que a rivalidade entre os dois reis se reafirmou quanto aos projectos de casamento de Ricardo, que rompeu o noivado com Adela, meia-irmã do francês, para se tornar noivo de Berengária de Navarra. Filipe Augusto saiu de Messina assim que pôde, a 30 de Março de 1191.

    Chegou a São João de Acre a 20 de Abril de 1191 e participou do cerco da cidade, controlada pelos muçulmanos. Ricardo só chegou em Junho, após um desvio para a conquista de Chipre: os reforços ingleses foram úteis, mas os desentendimentos reiniciaram imediatamente entre os dois reis.

    Para agravar a situação, adoeceram ambos com uma febre, da qual resultou alopécia e perda de unhas, e Filipe perdeu também uma vista. No entanto as operações militares continuaram: os franceses penetraram pela primeira vez os muros de Acre a 3 de Julho, mas sem mais sucesso; depois foram os ingleses que falharam. Mas, enfraquecidos, os sitiados acabariam por capitular a 12 de Julho.

    A cruzada mal tinha começado quando Filipe decidiu voltar à França. A morte a 1 de Junho do conde da Flandres, durante o cerco a Acre, terá sido um factor importante, fazendo renascer o sensível assunto da sucessão flamenga. No percurso de volta, Filipe passou por Roma, onde o papa Celestino III o autorizou a abandonar a cruzada. O rei voltou a Paris a 27 de Dezembro de 1191.

    A morte de Filipe da Alsácia, sem descendência, foi a primeira preocupação de Filipe ao voltar da cruzada. Três pretendentes suscitavam a instabilidade da região: Balduíno V de Hainaut, conde de Hainaut, Leonor de Vermandois, condessa de Beaumont, e o próprio Filipe Augusto.

    Balduíno acabou por ser designado herdeiro do condado da Flandres após o pagamento de 5.000 marcos de prata. O rei francês também confirmou a Leonor, por uma carta de 1192, os domínios de Valois e Vermandois, que deveriam voltar para a coroa depois da sua morte. Por fim, a França obteve Péronne e Artois, em nome do seu filho Luís, como herança da rainha Isabel de Hainaut, morta em 1190. Assim os domínios reais a norte foram consideravelmente aumentados.

    Após a morte da rainha, o rei da França sabia que devia voltar a casar-se o mais rapidamente possível, uma vez que a sucessão dinástica ainda não estava assegurada: só tinha um filho com quatro anos, que acabara de sobreviver a uma grave doença. A escolha de Ingeborg da Dinamarca continua um mistério. Irmã do rei Canuto VI da Dinamarca, com dezoito anos de idade, era apenas uma de muitas possíveis esposas para o francês.

    Com o dote acordado em 10.000 marcos de prata, Filipe foi encontrar a princesa em Amiens a 14 de Agosto de 1193, no dia do seu casamento. No dia seguinte abreviou a cerimónia de coroação da rainha e enviou-a para o mosteiro de Saint-Maur-des-Fossés, anunciando que pretendia anular o matrimónio.

    Os motivos desta separação precipitada, seguida de sete anos de cativeiro para Ingeborg e da recusa absoluta de Filipe reconhecê-la como rainha, são desconhecidos e deram lugar a todo o tipo de especulações, tanto por parte dos seus contemporâneos como dos historiadores. Para defender a anulação, o rei quis alegar uma ligação de parentesco proibida pela Igreja. Seja como for, uma assembleia de bispos e de barões deu razão ao rei, que se casou rapidamente com Inês de Merânia, jovem nobre da Baviera, em Junho de 1196.

    No entanto, o novo papa Inocêncio III, eleito em 1198, não concordou. Procurando afirmar a sua autoridade, ordenou que Filipe se separasse de Inês e respeitasse o casamento com Ingeborg. Como não obtivesse uma reacção do rei, pronunciou um interdicto (o equivalente à excomunhão para um território) sobre o Reino da França a 13 de Janeiro de 1200. Filipe ainda assim arrastou o caso por alguns meses, mantendo Ingeborg presa na torre de Guinette em Étampes, até acabar por organizar uma cerimónia de reconciliação, pelo que o interdicto foi levantado em Setembro. No entanto não voltou a juntar-se com a antiga esposa e continuou o processo de anulação do casamento, vivendo entretanto em bigamia.

    Em Março de 1201, o Concílio de Soissons[3] concluiu não dar razão a Filipe, que acabou por encerrar o debate e renunciar à dissolução do matrimónio. Por fim, depois de ter dado à luz uma filha, Maria de França, em 1198, Inês de Merânia morreu em Julho em Poissy, ao dar um segundo herdeiro varão ao rei, Filipe Hurepel, reconhecido como tal pelo papa em Novembro. A crise foi encerrada de momento e a sucessão dinástica assegurada.

    Filipe Augusto retomou o procedimento de anulação do casamento em 1205, desta vez por motivo de não consumação, pretendendo inclusivamente forçar o resultado casando-se novamente. Ao constatar que estes projectos tinham caído num impasse, acabou definitivamente com as negociações de anulação em 1212 e, tal como em 1201, devolveu resignado a infeliz Ingeborg ao seu papel de esposa e rainha.

    Ricardo Coração de Leão continuou a Terceira Cruzada mesmo depois da partida de Filipe: tomou os principais portos palestinianos até Jaffa e restabeleceu o Reino Latino de Jerusalém, com a capital em São João de Acre uma vez que a cidade de Jerusalém continuava em poder dos muçulmanos. Mas acabou por negociar uma trégua de cinco anos com Saladino e embarcou para a Europa em Outubro de 1192.

    Novamente surpreendido por tempestades, naufragou em Corfu, sendo capturado por Leopoldo V, duque da Estíria e da Áustria, que o enviou para o seu inimigo, Henrique VI da Germânia do Sacro Império Romano-Germânico. Para a sua libertação, o imperador exigiu um resgate de 100.000 marcos de prata, e mais 50.000 marcos para ajudar a conquistar o reino da Sicília.[1]

    Filipe aproveitou a situação para negociar com João Sem Terra, o irmão mais novo de Ricardo, pouco interessado no regresso do rei da Inglaterra e que, pretendendo obter a coroa inglesa com o suporte do rei francês, prestou-lhe homenagem em 1193. Depois, quando Filipe Augusto atacou os territórios dos Plantagenetas, João cedeu-lhe o leste da Normandia (com a excepção de Rouen), Le Vaudreuil, Verneuil e Évreux, por um acordo escrito de Janeiro de 1194. Pelo seu aprumo diplomático e militar, Filipe tinha grande respeito pelos seus rivais.

    Ricardo acabou por ser libertado a 2 de Fevereiro de 1194. A sua mãe, Leonor da Aquitânia, pagara dois terços do resgate, ou seja, 100.000 marcos de prata, sendo o restante enviado posteriormente.[1] A resposta deste ao período em que estivera prisioneiro foi imediata. Obrigou Filipe a recuar, pretendendo que renunciasse às suas recentes conquistas em um primeiro tratado de Janeiro de 1196.

    Depois os combates recomeçaram, sempre com vitórias de Ricardo, que invadiu a Vexin em 1197-1198. Os dois reis procuraram aliados até que o novo papa, Inocêncio III, que pretendia organizar uma nova cruzada, os intimou a negociar. A situação seria resolvida subitamente: em 1199, durante o cerco ao castelo de Châlus, em Limousin, Ricardo foi atingido por uma flecha. Morreria do ferimento poucos dias depois, a 6 de Abril, aos quarenta e um anos de idade e no auge da sua glória.

    A sucessão de Ricardo Coração de Leão foi conturbada: a João Sem Terra opunha-se o jovem pretendente de doze anos Artur I da Bretanha, filho do irmão do meio dos anteriores, Godofredo II da Bretanha, morto em 1186. Filipe Augusto aproveitou-se desta rivalidade e, da mesma forma que tinha apoiado João contra Ricardo, agora apoiava Artur contra João, recebendo a vassalagem do duque da Bretanha na Primavera de 1199.

    Isto permitiu-lhe negociar em posição de força com João Sem Terra, pelo que o tratado de Goulet, em Maio de 1200, foi favorável ao francês. Este tratado foi ainda selado pelo casamento do seu filho príncipe Luís de França com Branca de Castela, sobrinha de João.

    Mas as hostilidades não chegaram a cessar e agora concentravam-se na Aquitânia. Filipe aproximou-se assim de Artur, e simultaneamente convocou João, agora seu vassalo pelas possessões francesas, para as suas acções bélicas na Aquitânia e em Tours. Naturalmente João não se apresentou, e a corte da França pronunciou o confisco dos seus feudos.

    Filipe partiu então na Primavera de 1202 para atacar a Normandia, enquanto Artur da Bretanha atacava Poitou. Mas o jovem duque foi surpreendido e aprisionado por João I de Inglaterra no cerco a Mirebeau. Artur desapareceu misteriosamente em poucos meses, provavelmente assassinado no início de 1203.

    Augusto assegurou o apoio dos vassalos de Artur e retomou a sua acção na Normandia na Primavera de 1203. Desmantelou o sistema de castelos normandos, tomou Le Vaudreuil e cercou a fortaleza de Château-Gaillard em Setembro. João cometeu o erro de sair da Normandia para voltar à Inglaterra em Dezembro, e assim este castelo caiu a 6 de Março de 1204.

    O rei francês pôde então invadir toda a Normandia: Falaise, Caen, Bayeux e depois Ruão, que capitulou a 24 de Junho de 1204, constatando que não chegaria o apoio de João. Verneuil e Arques caíram imediatamente depois e concluíram o sucesso de Filipe, que tomaria toda a Normandia em dois anos de campanha.

    Filipe voltou então a sua atenção para o vale do rio Loire, onde tomou Poitiers em Agosto de 1204, e depois Loches e Chinon em 1205. Os dois reis acabaram por acordar umas tréguas em Thouars, a 13 de Outubro de 1206. Agora era necessário a França estabilizar os territórios tão rapidamente conquistados.

    odo o período de 1206 a 1212 foi usado por Filipe para consolidar as suas conquistas territoriais. O domínio capetiano foi aceite em Champagne, Bretanha, Auvérnia, mas os condados da Bolonha e da Flandres criaram problemas.

    Apesar das atenções de Filipe Augusto, que inclusivamente casou em 1210 o seu filho Filipe Hurepel com Matilde II de Bolonha, filha do conde Reinaldo de Dammartin de Bolonha, este negociou com a facção inimiga. As suspeitas de Filipe foram confirmadas quando este começou a fortificar Mortain, no oeste da Normandia.

    Em 1211 o rei francês passou à ofensiva: tomou Mortain, Aumale e Dammartin, em Seine-et-Marne. Reinaldo refugiou-se então junto do conde de Bar-le-Duc e deixou de ser um perigo imediato.

    Na Flandres iniciou-se um período de incerteza: Balduíno, conde da Flandres e de Hainaut, participara da Quarta Cruzada a partir do Verão de 1202, tomara Constantinopla e fora eleito imperador da nação recém-estabelecida em Maio de 1204. Mas depois fora aprisionado e morto pelos búlgaros em 1205.

    O conde Filipe I de Namur, irmão de Balduíno que assegurou a regência do condado, acabou por jurar fidelidade à França, contra a opinião dos seus conselheiros. Para estabilizar o condado, o rei casou em 1211 a única herdeira de Balduíno, a sua filha Joana de Constantinopla, com Fernando de Portugal, pensado poder contar com este vassalo.

    Por fim, fez uma aposta de maior risco nos assuntos germânicos. Com a morte do imperador Hohenstaufen Henrique VI da Germânia em 1197, o seu sucessor deveria ser designado pelo papa Inocêncio III. Declararam-se dois candidatos: Otão de Brunswick, favorito do papa e apoiado pelo seu tio João I da Inglaterra, e Filipe da Suábia, irmão de Henrique VI apoiado por Filipe Augusto e coroado rei dos Romanos em 1205.

    Filipe da Suábia foi assassinado em 21 de Junho de 1208 e, agora sem rival, Otão foi coroado imperador em Outubro de 1209. Inocêncio arrepender-se-ia do apoio que lhe dera, pois rapidamente o germânico mostraria as suas ambições sobre a Itália. Com Otão excomungado em 1210, Filipe Augusto negociou com Frederico II da Germânia, rei da Sicília e filho de Henrique VI. Coroado rei dos Romanos em Mogúncia em 1212, era um aliado com que o francês contava para se opôr à ambição de Otão.

    Os grandes sucessos de Filipe Augusto tiveram o efeito de unir os seus rivais. A oposição tomou forma em 1212 e contou com João Sem Terra e Otão IV da Germânia. Reinaldo de Dammartin foi o verdadeiro artesão da coligação: não tendo mais nada a perder, deslocou-se a Frankfurt para procurar o apoio de Otão, e depois a Inglaterra onde prestou vassalagem a João, que lhe restabeleceu oficialmente as suas possessões inglesas. As hostilidades entre Filipe e João reiniciaram imediatamente.

    Na mesma altura, iniciou-se a Cruzada albigense, liderada pela nobreza francesa contra o conde Raimundo VI de Toulouse e os cátaros. Filipe não se envolveu imediatamente nesta questão para se concentrar no perigo dos ingleses. Reuniu os seus barões em Soissons a 8 de Abril de 1213, encarregou o seu filho Luís de conduzir a expedição contra a Inglaterra e obteve o apoio de todos os seus vassalos, com a excepção de Fernando de Portugal, o conde da Flandres que devia o seu casamento e o seu condado ao rei.

    Filipe procurou então um novo aliado em Henrique I de Brabante. Após um período de hesitação, o papa Inocêncio III escolheu apoiar João I da Inglaterra, um apoio apenas moral mas importante. Os preparativos do conflito prolongaram-se: o projecto inicial de Filipe, que pretendia invadir a Inglaterra, fracassou quando a sua frota foi atacada pela coligação inimiga em Damme, em Maio de 1213. Durante os meses seguintes, Filipe e Luís encarniçaram-se contra os condados da Bolonha e da Flandres. As cidades do norte foram quase completamente devastadas.

    Em Fevereiro de 1214, João I da Inglaterra desembarcou por fim no continente, em La Rochelle, contando apanhar Filipe desprevenido. Uma estratégia que funcionou inicialmente, ao conseguir aliados entre os nobres de Limousin e Poitou. Em Maio subiu até ao vale do rio Loire e tomou Angers.

    Filipe, ainda ocupado na Flandres, confiou a oposição a João ao seu filho, que se dirigiu imediatamente para a fortaleza de Roche-aux-Moines, perto de Angers. Com a aproximação do exército francês, que incluía uns intimidantes 800 cavaleiros, João e os nobres aquitânios hesitaram e acabariam por fugir a 2 de Julho. Mas a coligação ainda se mantinha, e era no norte que se haveriam de enfrentar.

    O confronto final entre os exércitos da França e da coligação liderada por Otão IV da Germânia era então inevitável, depois de várias semanas de aproximações e recuos. No domingo de 27 de Junho de 1214, o exército de Filipe, perseguido pela coligação, chegou a Bouvines para atravessar a ponte sobre o rio Marque.

    Havia uma interdição absoluta de cristãos combaterem aos domingos, mas Otão decidiu passar à ofensiva, contando surpreender o inimigo na travessia. O exército de Filipe foi mesmo surpreendido pela retaguarda, mas esta organizou-se rapidamente em resposta antes que as forças se enfrentassem na ponte. Voltaram-se rapidamente contra os inimigos e a ala direita francesa enfrentou os cavaleiros flamengos, liderados por Fernando de Portugal.

    No centro, Filipe e Otão encontraram-se. Na refrega da cavalaria, o rei francês foi derrubado do cavalo mas os seus cavaleiros protegeram-no, oferecendo-lhe uma montada descansada, e assim voltou à luta até obrigar Otão a bater em retirada. Por fim, na ala esquerda, os partidários de Filipe venceram Reinaldo de Dammartin, capturado depois de grande resistência.

    A sorte favoreceu os franceses, apesar da inferioridade numérica (1.300 cavaleiros e 4.000 a 6.000 homens de infantaria, contra 1.300 a 1.500 cavaleiros e 7.500 de infantaria da coligação[4]). A vitória foi total: o imperador foi posto em fuga, as forças de Filipe fizeram 130 prisioneiros, dos quais cinco condes, e entre estes Reinaldo de Dammartin e Fernando de Portugal.

    A coligação foi dissolvida com a derrota. A 18 de Setembro de 1214, em Chinon, Filipe assinou uma trégua de statu quo por cinco anos com João, que continuou a ameaçar as suas posições no sul até voltar à Inglaterra em 1214.

    Pelo tratado de Chinon do mesmo ano, o rei inglês abandonou todas os seus territórios a norte do rio Loire: Berry, Touraine, Maine e Anjou voltaram os domínios reais franceses que, livres de ameaças, passaram a cobrir um terço da França. Segundo o historiador Georges Duby, a batalha de Bouvines deu origem à França moderna.[5]

    Do seu matrimónio celebrado em Bapaume, Pas-de-Calais, a 28 de Abril de 1180 com Isabel de Hainaut (1170-1190), condessa de Artois, filha de Balduíno V de Hainaut, nasceu:

    Luís VIII de França, seu sucessor no trono da França Filipe casou-se em segundas núpcias em Amiens, a 14 de Agosto de 1193, com Ingeborg da Dinamarca (1176-1238), filha do rei Valdemar I da Dinamarca e irmã do rei Canuto VI da Dinamarca. Repudiou-a em 1193, e restabeleceu oficialmente a sua posição em 1200, apesar de nunca mais tomar o seu lugar conjugal. Deste casamento não houve descendência.

    Em Junho de 1196 tomou a sua terceira esposa, Inês de Merânia (1172-1201), filha de Bertoldo IV de Merânia. Dela teve quatro filhos naturais, dos quais os dois sobreviventes foram reconhecidos seus herdeiros legítimos pelo papa Inocêncio III:

    Maria de França (1198-1224), casada em 1206 com o conde Filipe I de Namur e em 1213 com o duque Henrique I de Brabante João-Tristão (nado-morto em 1200) Filipe Hurepel (1201-1234), conde de Clermont e da Bolonha, casado em 1216 com Matilde de Dammartin outro filho do sexo masculino, nado-morto Com «uma certa dama de Arras» teve ainda:

    Pierre Charlot (1205-1249), bispo de Tours (ou de Noyon)

 Fontes

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