quinta-feira, 22 de junho de 2017

Vicente Machado

Quando as tropas federalistas avançavam pelo Paraná, no começo de janeiro de 1894, o então presidente do estado, Vicente Machado evadiu-se de Curitiba em direção a Castro. Ele chegou a transferir a capital do Paraná para aquela cidade, com medo da Revolução Federalista que chegava em Curitiba. Antes disso, com a proclamação da República em novembro de 1889, Machado ocupou uma série de cargos que o projetaram politicamente, como chefia de polícia do governo provisório, superintendência da instrução pública do estado e a presidência da Câmara Municipal de Curitiba. Foi também relator da conturbada assembleia constituinte do Paraná, em 1892. Foi com ele no cargo de presidente do Paraná que Barão do Serro Azul foi assassinado em uma emboscada após a Revolução Federalista – nunca se provou quem mandou matar o Barão. Apesar de ser acusado de abusos no exercício do poder, Vicente Machado conseguiu se eleger senador em 1895, substituindo Generoso Marques.
1950

Presidente Affonso Camargo

O guarapuavano Affonso Alves de Camargo teve uma longa trajetória na história política do Paraná. Além de promotor público e professor, Camargo foi deputado estadual e federal, vice-presidente do estado e chegou a exercer a presidência do Paraná no ano de 1916. Responsável por fundar o Banco do Estado do Paraná, acumulou polêmicas ao longo de sua vida pública. Durante a Guerra do Contestado (1912-1916), nos planaltos paranaense e catarinense, ocupando o cargo de vice-presidente do Paraná, Camargo defendeu o grupo empresarial Lumber, que era subsidiária da empresa norte-americana Brazil Railway Company e tinha o objetivo de explorar madeira e vender os terrenos para imigrantes europeus. O detalhe é que essas terras já estavam ocupadas por caboclos que habitavam a região. O historiador Walmor Marcellino escreve que o irmão de Camargo, Marins, possuía terras na região. Camargo ainda foi senador da República e presidente do Paraná novamente em 1928, sem cumprir todo o mandato por causa da Revolução de 1930. Devido ao avanço das tropas revolucionárias, abandonou a cidade em direção a Paranaguá. Em poucas horas, a Revolução de 1930 se instalou no Paraná e caminhava para seu desfecho 20 dias depois, com Getúlio Vargas assumindo o cargo de presidente do Brasil.
1952

Munhoz da Rocha

São dois os possíveis personagens que dão nome à avenida. Para o historiador Valério Hoerner, a homenagem foi feita ao antoninense Caetano Munhoz da Rocha (na foto), que foi prefeito de Paranaguá, em 1908. Formado na Faculdade Nacional de Medicina, no Rio de Janeiro, em 1902, ele se preocupou em construir redes de água e esgoto na cidade, além de ligá-la ao Porto de D. Pedro II. Em 1920, como presidente do Estado, Caetano Munhoz da Rocha deu relevância para o ensino profissional e estruturou ações que aumentaram a eficiência da alfabetização no Paraná. Organizou abrigos para menores e criou o Serviço de Assistência à Infância, o Juizado de Menores e abrigos para idosos, leprosos e pessoas com tuberculose. Outro nome para a Avenida Munhoz da Rocha é o de Bento, filho de Caetano, sugerido pela pesquisadora Camilla Muzzillo. Ele foi governador do Estado entre 1951 e 1955. Durante o centenário da emancipação política do Paraná, Bento Munhoz da Rocha inaugurou obras como a Praça 19 de Dezembro, as novas instalações da Biblioteca Pública do Paraná e do Teatro Guaíra e o Centro Cívico, usado para centralizar a administração pública. Bento Munhoz da Rocha investiu em projetos para aprimorar a malha viária do Estado, dando força para a migração e a expansão das fronteiras agrícolas do Paraná.

Manoel Ribas

Nascido em Ponta Grossa, Manoel Ribas se mudou para Santa Maria para trabalhar em uma grande empresa do ramo ferroviário. Foi eleito prefeito da cidade gaúcha em 1928, quando começou a ganhar a confiança de Getúlio Vargas, então governador do Rio Grande do Sul. Em 1932, nos primeiros anos do Estado Novo, Vargas nomeou Manoel Ribas como interventor do governo no Paraná. A gestão foi a mais longa da história do estado (14 anos) e esteve sempre alinhada com a ambígua política nacional: rígida e focada em avanços na estrutura socioeconômica do estado. Manoel Ribas tinha o apelido de “Maneco Facão”, resultado dos cortes rígidos que fazia no orçamento e no pessoal que trabalhava nas repartições públicas, quando o rendimento não era como esperado. Alguns o acusavam de tomar essas decisões de maneira arbitrária. É lembrado até hoje por determinadas obras, como a construção da Estrada do Cerne que ligou a capital ao norte pioneiro e com a reestruturação do Porto de Paranaguá. Com as obras, o Paraná foi inserido no mapa da exportação (até então a maioria dos produtos paranaenses ainda saíam do país pelo Porto de Santos). Criou vários hospitais e escolas – dentre elas o Colégio Estadual do Paraná – e incentivou a instalação de empresas e a ocupação do interior do estado, medida que ajudou a desenvolver a região de terra roxa e, por consequência, a riqueza cafeeira do Paraná.
1954

João Gualberto

O capitão João Gualberto Gomes de Sá viveu para consolidar sua carreira como militar e morreu no campo de batalha traído por sua arma. Em 1912, ele assumiu o comando do Regimento de Segurança do Estado do Paraná (atual Polícia Militar). O então presidente do Estado, Carlos Cavalcanti, escolheu um homem de confiança para essa posição, visto a disputa de território entre Paraná e Santa Catarina que começava a fervilhar. Logo depois, começaram a chegar notícias sobre um grupo de colonos, liderados pelo monge José Maria, que montaram acampamentos em fazendas da região de Palmas. O capitão João Gualberto liderou seus homens para impedir as invasões. Eles marcharam de União da Vitória até Palmas. No caminho, uma chuva desabou e encharcou a arma de João Gualberto. Durante a batalha com os colonos, em Irani, em Santa Catarina, a arma "engasgou" e não funcionou. A batalha resultou na morte de muitos homens - entre eles o capitão João Gualberto e o monge José Maria – e no início da Guerra do Contestado (1912-1916).
1924

Cândido de Abreu

Ao projetar em meados de 1902 a obra do Colégio Xavier da Silva, em Curitiba, o engenheiro civil Cândido de Abreu tornou-se um dos responsáveis pela idealização da construção do primeiro grupo escolar do estado. A instituição inaugurou o sistema de ensino seriado como conhecemos hoje – já que antes as turmas não eram divididas por séries. Durante o seu segundo mandato como prefeito de Curitiba, de 1913 a 1916, Abreu foi o responsável por construir a primeira sede própria para a prefeitura da capital. Até então, a sede do município era quase itinerante e chegou a funcionar em salões de igrejas e dividiu espaço até com a cadeia pública. O local escolhido foi a atual Praça Generoso Marques, próximo da Catedral. Em 1914, baseada no projeto arquitetônico do próprio prefeito, começou a construção do Paço da Liberdade. Também urbanizou e enfeitou a Praça Carlos Gomes e a Praça Eufrásio Correia, assim como reformou as praças General Osório, Tiradentes e Santos Andrade. Abreu também trabalhou na comissão da estrada de ferro Madeira-Mamoré, na Amazônia, foi diretor das obras públicas da Província do Paraná e secretário de Estado.
1953

Visconde de Nácar

Se dependesse de Manoel Antonio Guimarães, o Visconde de Nácar, a capital do nosso estado seria Paranaguá. Durante o período de emancipação da Província do Paraná (que até 1853 pertencia a São Paulo), Guimarães construiu o palacete onde hoje fica a sede da Prefeitura de Paranaguá. Segundo historiadores, ele pretendia, com a emancipação, se tornar presidente da Província e nomear Paranaguá como capital devido à importância da cidade na época. Entretanto, o liberal Zacarias de Góes e Vasconcelos foi nomeado como presidente provincial e determinou que Curitiba fosse a capital. Guimarães foi um dos nomes mais influentes da burguesia ervateira do Paraná. Nascido em Paranaguá, em 1813, ele empreendeu desde muito cedo em atividades comerciais. Negociava imóveis e trabalhava com o transporte e venda de produtos de armazém e escravos no Porto de Paranaguá. Seus negócios eram muito rentáveis e ajudaram toda a movimentação econômica da cidade, a ponto de uma casa de cobrança de impostos ser instalada no local. Foi líder do partido conservador no Paraná. Ele recebeu o título de Visconde de Nácar em 1880.

Lamenha Lins

Nem é preciso se esmerar muito para encontrar, em Curitiba, um conhecido com sobrenome italiano, ucraniano, polonês ou alemão. Um dos grandes “responsáveis” é Adolpho Lamenha Lins. Com ele na presidência da Província do Paraná, nos anos 1870, foi dinamizada a política colonizadora principalmente nos arredores do planalto curitibano – onde foram criados, por exemplo, os núcleos de Santa Cândida e Órleans. Os resultados satisfatórios fizeram com que o programa fosse estendido ao litoral, como é o caso da colônia italiana Alexandra, e aos Campos Gerais. Com ele, foram implantados aproximadamente 27 núcleos coloniais. Um dos objetivos do fluxo imigratório era criar uma agricultura de abastecimento para o próprio estado. Diplomado em Direito, ele exerceu ainda os cargos de promotor, secretário do Governo, deputado, presidente da província do Piauí em 1874, e presidente do Paraná, de 1875 a 1877. Faleceu em sua cidade natal, Recife, em 1881.
1943

João Negrão

João de Souza Dias Negrão nasceu em 1833 e foi membro de uma nova classe da burguesia industrial do século 19: os ervateiros. Devido à cegueira que acometeu o seu pai repentinamente, ele teve que assumir o comando do engenho de erva-mate de sua família. Administrou os negócios com habilidade e fez a produção e o rendimento prosperarem. Sua fazenda ganhou destaque no estado. João Negrão ajudou na consolidação da produção e exportação do produto no Paraná. A exemplo do pai, firmou seu nome como industrial de erva-mate e político. Exerceu vários empregos públicos nas cidades de Lapa, Morretes, Rio Negro e na capital. Foi eleito deputado provincial pelo Partido Conservador e se preocupou em fortalecer o ensino primário na região. Seu filho, o pesquisador Francisco de Paula Dias Negrão, contribuiu muito para o resgate da memória paranaense. Suas obras, com a Genealogia Paranaense e os Boletins de Atas da Câmara de Curitiba, ajudam a entender a trajetória do nosso estado.
1950

Engenheiros Rebouças

Os irmãos baianos André e Antonio Rebouças, dois negros descendentes de escravos que viveram em pleno período de escravidão, cravaram seus nomes na história brasileira e paranaense. Desenvolveram projetos de estradas, ferrovias, sistemas de abastecimento de água, lutaram pela emancipação dos escravos, sonharam com a industrialização e com um Brasil desenvolvido. O chafariz na Praça Zacarias, em Curitiba, a Estrada da Graciosa, a ferrovia Paranaguá-Curitiba e Parque Nacional do Iguaçu são alguns dos legados dos engenheiros André e Antonio no Paraná. Em 1864, Antonio foi nomeado como engenheiro chefe da Estrada da Graciosa e formulou o projeto do empreendimento, que ficou pronto em 1872. A iniciativa do primeiro grande investimento madeireiro no Paraná se deve a eles que organizaram a Companhia Florestal Paranaense, instalada em 1871. Foi a primeira indústria do Paraná a utilizar a energia de máquina a vapor. André Rebouças chegou a servir como engenheiro militar voluntário na Guerra do Paraguai entre 1865 a 1866. Em 1876, o engenheiro André Rebouças sugeriu a criação do Parque Nacional de Sete Quedas, que seria um maravilhoso complexo de Cataratas. Em 1871, os irmãos André e Antonio Rebouças fizeram a primeira canalização de água potável na capital, na atual Praça Zacarias.
1950