Quando as tropas federalistas avançavam
pelo Paraná, no começo de janeiro de 1894, o então presidente do estado,
Vicente Machado evadiu-se de Curitiba em direção a Castro. Ele chegou a
transferir a capital do Paraná para aquela cidade, com medo da
Revolução Federalista que chegava em Curitiba.
Antes disso, com a proclamação da República em novembro de 1889, Machado
ocupou uma série de cargos que o projetaram politicamente, como chefia
de polícia do governo provisório, superintendência da instrução pública
do estado e a presidência da Câmara Municipal de Curitiba. Foi também
relator da conturbada assembleia constituinte do Paraná, em 1892.
Foi com ele no cargo de presidente do Paraná que Barão do Serro Azul foi
assassinado em uma emboscada após a Revolução Federalista – nunca se
provou quem mandou matar o Barão. Apesar de ser acusado de abusos no
exercício do poder, Vicente Machado conseguiu se eleger senador em 1895,
substituindo Generoso Marques.
O guarapuavano Affonso Alves de Camargo
teve uma longa trajetória na história política do Paraná. Além de
promotor público e professor, Camargo foi deputado estadual e federal,
vice-presidente do estado e chegou a exercer a presidência do Paraná no
ano de 1916. Responsável por fundar o Banco do Estado do Paraná,
acumulou polêmicas ao longo de sua vida pública.
Durante a Guerra do Contestado (1912-1916), nos planaltos paranaense e
catarinense, ocupando o cargo de vice-presidente do Paraná, Camargo
defendeu o grupo empresarial Lumber, que era subsidiária da empresa
norte-americana Brazil Railway Company e tinha o objetivo de explorar
madeira e vender os terrenos para imigrantes europeus. O detalhe é que
essas terras já estavam ocupadas por caboclos que habitavam a região. O
historiador Walmor Marcellino escreve que o irmão de Camargo, Marins,
possuía terras na região.
Camargo ainda foi senador da República e presidente do Paraná novamente
em 1928, sem cumprir todo o mandato por causa da Revolução de 1930.
Devido ao avanço das tropas revolucionárias, abandonou a cidade em
direção a Paranaguá. Em poucas horas, a Revolução de 1930 se instalou no
Paraná e caminhava para seu desfecho 20 dias depois, com Getúlio Vargas
assumindo o cargo de presidente do Brasil.
São dois os possíveis personagens que dão
nome à avenida. Para o historiador Valério Hoerner, a homenagem foi
feita ao antoninense Caetano Munhoz da Rocha (na foto), que foi prefeito
de Paranaguá, em 1908. Formado na Faculdade Nacional de Medicina, no
Rio de Janeiro, em 1902, ele se preocupou em construir redes de água e
esgoto na cidade, além de ligá-la ao Porto de D. Pedro II. Em 1920, como
presidente do Estado, Caetano Munhoz da Rocha deu relevância para o
ensino profissional e estruturou ações que aumentaram a eficiência da
alfabetização no Paraná. Organizou abrigos para menores e criou o
Serviço de Assistência à Infância, o Juizado de Menores e abrigos para
idosos, leprosos e pessoas com tuberculose.
Outro nome para a Avenida Munhoz da Rocha é o de Bento, filho de
Caetano, sugerido pela pesquisadora Camilla Muzzillo. Ele foi governador
do Estado entre 1951 e 1955. Durante o centenário da emancipação
política do Paraná, Bento Munhoz da Rocha inaugurou obras como a Praça
19 de Dezembro, as novas instalações da Biblioteca Pública do Paraná e
do Teatro Guaíra e o Centro Cívico, usado para centralizar a
administração pública.
Bento Munhoz da Rocha investiu em projetos para aprimorar a malha viária
do Estado, dando força para a migração e a expansão das fronteiras
agrícolas do Paraná.
Nascido em Ponta Grossa, Manoel Ribas se
mudou para Santa Maria para trabalhar em uma grande empresa do ramo
ferroviário. Foi eleito prefeito da cidade gaúcha em 1928, quando
começou a ganhar a confiança de Getúlio Vargas, então governador do Rio
Grande do Sul. Em 1932, nos primeiros anos do Estado Novo, Vargas nomeou
Manoel Ribas como interventor do governo no Paraná. A gestão foi a mais
longa da história do estado (14 anos) e esteve sempre alinhada com a
ambígua política nacional: rígida e focada em avanços na estrutura
socioeconômica do estado.
Manoel Ribas tinha o apelido de “Maneco Facão”, resultado dos cortes
rígidos que fazia no orçamento e no pessoal que trabalhava nas
repartições públicas, quando o rendimento não era como esperado. Alguns o
acusavam de tomar essas decisões de maneira arbitrária.
É lembrado até hoje por determinadas obras, como a construção da Estrada
do Cerne que ligou a capital ao norte pioneiro e com a reestruturação
do Porto de Paranaguá. Com as obras, o Paraná foi inserido no mapa da
exportação (até então a maioria dos produtos paranaenses ainda saíam do
país pelo Porto de Santos).
Criou vários hospitais e escolas – dentre elas o Colégio Estadual do
Paraná – e incentivou a instalação de empresas e a ocupação do interior
do estado, medida que ajudou a desenvolver a região de terra roxa e, por
consequência, a riqueza cafeeira do Paraná.
O capitão João Gualberto Gomes de Sá viveu
para consolidar sua carreira como militar e morreu no campo de batalha
traído por sua arma. Em 1912, ele assumiu o comando do Regimento de
Segurança do Estado do Paraná (atual Polícia Militar). O então
presidente do Estado, Carlos Cavalcanti, escolheu um homem de confiança
para essa posição, visto a disputa de território entre Paraná e Santa
Catarina que começava a fervilhar. Logo depois, começaram a chegar
notícias sobre um grupo de colonos, liderados pelo monge José Maria, que
montaram acampamentos em fazendas da região de Palmas. O capitão João
Gualberto liderou seus homens para impedir as invasões. Eles marcharam
de União da Vitória até Palmas. No caminho, uma chuva desabou e
encharcou a arma de João Gualberto. Durante a batalha com os colonos, em
Irani, em Santa Catarina, a arma "engasgou" e não funcionou. A batalha
resultou na morte de muitos homens - entre eles o capitão João Gualberto
e o monge José Maria – e no início da Guerra do Contestado (1912-1916).
Ao projetar em meados de 1902 a obra do
Colégio Xavier da Silva, em Curitiba, o engenheiro civil Cândido de
Abreu tornou-se um dos responsáveis pela idealização da construção do
primeiro grupo escolar do estado. A instituição inaugurou o sistema de
ensino seriado como conhecemos hoje – já que antes as turmas não eram
divididas por séries.
Durante o seu segundo mandato como prefeito de Curitiba, de 1913 a 1916,
Abreu foi o responsável por construir a primeira sede própria para a
prefeitura da capital. Até então, a sede do município era quase
itinerante e chegou a funcionar em salões de igrejas e dividiu espaço
até com a cadeia pública. O local escolhido foi a atual Praça Generoso
Marques, próximo da Catedral. Em 1914, baseada no projeto arquitetônico
do próprio prefeito, começou a construção do Paço da Liberdade.
Também urbanizou e enfeitou a Praça Carlos Gomes e a Praça Eufrásio
Correia, assim como reformou as praças General Osório, Tiradentes e
Santos Andrade.
Abreu também trabalhou na comissão da estrada de ferro Madeira-Mamoré,
na Amazônia, foi diretor das obras públicas da Província do Paraná e
secretário de Estado.
Se dependesse de Manoel Antonio Guimarães, o
Visconde de Nácar, a capital do nosso estado seria Paranaguá. Durante o
período de emancipação da Província do Paraná (que até 1853 pertencia a
São Paulo), Guimarães construiu o palacete onde hoje fica a sede da
Prefeitura de Paranaguá. Segundo historiadores, ele pretendia, com a
emancipação, se tornar presidente da Província e nomear Paranaguá como
capital devido à importância da cidade na época. Entretanto, o liberal
Zacarias de Góes e Vasconcelos foi nomeado como presidente provincial e
determinou que Curitiba fosse a capital.
Guimarães foi um dos nomes mais influentes da burguesia ervateira do
Paraná. Nascido em Paranaguá, em 1813, ele empreendeu desde muito cedo
em atividades comerciais. Negociava imóveis e trabalhava com o
transporte e venda de produtos de armazém e escravos no Porto de
Paranaguá. Seus negócios eram muito rentáveis e ajudaram toda a
movimentação econômica da cidade, a ponto de uma casa de cobrança de
impostos ser instalada no local.
Foi líder do partido conservador no Paraná. Ele recebeu o título de
Visconde de Nácar em 1880.
Nem é preciso se esmerar muito para
encontrar, em Curitiba, um conhecido com sobrenome italiano, ucraniano,
polonês ou alemão. Um dos grandes “responsáveis” é Adolpho Lamenha Lins.
Com ele na presidência da Província do Paraná, nos anos 1870, foi
dinamizada a política colonizadora principalmente nos arredores do
planalto curitibano – onde foram criados, por exemplo, os núcleos de
Santa Cândida e Órleans. Os resultados satisfatórios fizeram com que o
programa fosse estendido ao litoral, como é o caso da colônia italiana
Alexandra, e aos Campos Gerais. Com ele, foram implantados
aproximadamente 27 núcleos coloniais. Um dos objetivos do fluxo
imigratório era criar uma agricultura de abastecimento para o próprio
estado.
Diplomado em Direito, ele exerceu ainda os cargos de promotor,
secretário do Governo, deputado, presidente da província do Piauí em
1874, e presidente do Paraná, de 1875 a 1877. Faleceu em sua cidade
natal, Recife, em 1881.
João de Souza Dias Negrão nasceu em 1833 e
foi membro de uma nova classe da burguesia industrial do século 19: os
ervateiros. Devido à cegueira que acometeu o seu pai repentinamente, ele
teve que assumir o comando do engenho de erva-mate de sua família.
Administrou os negócios com habilidade e fez a produção e o rendimento
prosperarem. Sua fazenda ganhou destaque no estado. João Negrão ajudou
na consolidação da produção e exportação do produto no Paraná. A exemplo
do pai, firmou seu nome como industrial de erva-mate e político.
Exerceu vários empregos públicos nas cidades de Lapa, Morretes, Rio
Negro e na capital.
Foi eleito deputado provincial pelo Partido Conservador e se preocupou
em fortalecer o ensino primário na região.
Seu filho, o pesquisador Francisco de Paula Dias Negrão, contribuiu
muito para o resgate da memória paranaense. Suas obras, com a Genealogia
Paranaense e os Boletins de Atas da Câmara de Curitiba, ajudam a
entender a trajetória do nosso estado.
Os irmãos baianos André e Antonio Rebouças,
dois negros descendentes de escravos que viveram em pleno período de
escravidão, cravaram seus nomes na história brasileira e paranaense.
Desenvolveram projetos de estradas, ferrovias, sistemas de abastecimento
de água, lutaram pela emancipação dos escravos, sonharam com a
industrialização e com um Brasil desenvolvido.
O chafariz na Praça Zacarias, em Curitiba, a Estrada da Graciosa, a
ferrovia Paranaguá-Curitiba e Parque Nacional do Iguaçu são alguns dos
legados dos engenheiros André e Antonio no Paraná.
Em 1864, Antonio foi nomeado como engenheiro chefe da Estrada da
Graciosa e formulou o projeto do empreendimento, que ficou pronto em
1872. A iniciativa do primeiro grande investimento madeireiro no Paraná
se deve a eles que organizaram a Companhia Florestal Paranaense,
instalada em 1871. Foi a primeira indústria do Paraná a utilizar a
energia de máquina a vapor. André Rebouças chegou a servir como
engenheiro militar voluntário na Guerra do Paraguai entre 1865 a 1866.
Em 1876, o engenheiro André Rebouças sugeriu a criação do Parque
Nacional de Sete Quedas, que seria um maravilhoso complexo de Cataratas.
Em 1871, os irmãos André e Antonio Rebouças fizeram a primeira
canalização de água potável na capital, na atual Praça Zacarias.