As Galerias de Curitiba
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WASHINGTON TAKEUCHI
É praticamente impossível circular pelo centro da cidade sem passar, parar e adquirir algum produto ou serviço que é oferecido pelas muitas galerias que essa região dispõe. Elas podem ser consideradas sem sombra de dúvidas, as precursoras dos shopping centers de Curitiba. A diversidade de produtos e serviços é mais abrangente do que num shopping, o espaço é democrático, os preços são competitivos e em comparação com os outros comércios de rua, trata-se de um espaço mais seguro.
Existem dezenas de galerias em Curitiba, mas irei aqui abordar apenas aquelas que fizeram ou fazem parte da minha vida e de minha história, espaços pelos quais circulei à caminho de casa, da faculdade, do meu curso de inglês ou por qualquer outro motivo.
O jornalista José Carlos Fernandes, colunista da Gazeta do Povo, produziu o seguinte texto dentro da proposta dos “50 Motivos para amar Curitiba”:
As vovós dos shoppings
Há três anos pus o pé no petit-pavê e saí contando quantas galerias têm o Centro de Curitiba e vizinhanças. Naquela época, a conta deu 24. Achei que era o número exato. Mas, a cada circulada, parece que uma nova galeria corta a quadra ao meio e desmente a contabilidade. Vá lá – devem ser cerca de 30 “avós dos shoppings” espalhadas pelo principal bairro da cidade. E elas valem o show.
O arquiteto Rafael Dely, morto em 2008, dizia que “toda cidade procura uma identidade. A de Curitiba está nas galerias.” E outro arquiteto, Salvador Gnoato, lamenta que esses espaços acolhedores tenham sido substituídos, no urbanismo contemporâneo, por áreas mais funcionais.
Cá pra nós, não é de todo impossível que galerias como a Tijucas e a Lustosa saiam da obscuridade e se tornem novamente lugares para zanzar numa tarde vadia. A cada vez que um grupo de comerciantes se dispõe a salvar o Centro da decadência, a luzinha acende: é a hora e a vez de lugares como a Pinheiro Lima ou a Suíssa. Aliás, tem galerias para todos os gostos, das “pré-históricas”, abertas para a rua – como o trecho da XV com a Monsenhor Celso –, às “populares”, como a Andrade. Refaça esse mapa você mesmo.
GALERIA DO EDIFÍCIO ASA
Se a Galeria Ritz é a única com entradas em desnível, a Galeria do Asa (Rua Voluntários da Pátria, 475) é a única com 3 pontos de acesso: pela Praça Osório, pela Voluntários da Pátria e pela Al. Dr. Carlos de Carvalho. Por ter morado no Asa por 12 anos, a Galeria do Asa é para mim a mais familiar. A movimentação diária na galeria é intensa pois além dos estabelecimentos tais como cabeleireiros, bares, agência de turismo, lojas variadas e portaria dos três blocos, a galeria dá acesso à dois blocos residenciais e um bloco comercial, todos com 22 andares. Um de seus síndicos mais folclóricos foi o Dr. Zarur (já falecido), responsável pelo visual peculiar que até hoje permanece na galeria. A galeria foi inaugurada em 1954.
GALERIA OSÓRIO
Galeria General Osório (Praça General Osório, 333) oferece 33 lojas como salão de beleza, antiquário, produtos naturais, informática, ótica, confecções, jóias, cópias xerográficas, além de uma praça de alimentação bem movimentada, pelo menos antes da pandemia. Dessa galeria lembro-me de uma enorme pista de autorama que ficava montada onde hoje está a praça de alimentação. Não tenho certeza, mas acho que essa pista pertencia a Lima Hobbies, que se mudou para o Shopping Estação. Nessa galeria funcionava a barbearia (que já não existe) que meu pai freqüentou por décadas até falecer o seu barbeiro. O mais antigo comerciante da galeria era (ou é) o Sr. Nelson Lehmkhul, que por mais de 35 anos concertou relógios no local.
GALERIA MINERVA
Fica na Rua XV de Novembro, 384. Não tenho certeza, mas acredito que essa galeria tenha esse nome em função de uma antiga farmácia Minerva que ficava na sua entrada. Galeria pequena, mais larga do que as outras e por isso mesmo, bastante iluminada.
GALERIA RITZ
Fica na Av. Marechal Deodoro, 51 ao lado da loja C&A. Única galeria com dois níveis no centro de Curitiba. O desnível existente entre as Rua XV de Novembro e a Av. Marechal Deodoro é vencido por uma escadaria. Além dos serviços da própria galeria (Cartório, Agências de turismo, lojas de roupas e banco), ela dá acesso ao edifício comercial, onde uma infinidade de serviços são oferecidos. Houve um tempo que até uma academia de Karatê existia no local (o Sensei era meu professor de Educação Física na UFPR).
GALERIA TIJUCAS
Junto com a Suissa, a Galeria do Edifício Tijucas (Avenida Luiz Xavier, 68) é das mais conhecidas e frequentadas de Curitiba, não só pelo Tabelionato Marques (aberto na década de 60) em uma das pontas, ou por dar acesso ao gigante prédio comercial e residencial que dá seu nome, mas também, por ser a galeria da Boca Maldita e por oferecer a essa, o seu cafezinho oficial no Café da Boca, inaugurado em 1965.
Quem mora em Curitiba há tempos, deve lembrar-se que todos os dias ao entardecer, um advogado saia à janela de seu escritório no Edifício Tijucas e oferecia à cidade, uma apresentação de música, tocando com maestria o seu trompete. Quem morava por perto (como eu), acostumou-se com esse som todos dias e era muito comum, pessoas paradas debaixo do Tijucas, procurando o músico. O trompete calou-se e não achei referências sobre seu destino.
A galeria dispõe de vários estabelecimentos comerciais, como escritório de advocacia, clínica médica, odontológica, farmácia, imobiliária, lanchonete, casa lotérica, loja de perfumes, estética, costureira e alfaiate, aliás, o único alfaiate que visitei em Curitiba trabalhava nesse prédio. Lá meu pai mandava ajustar seus ternos.
GALERIA SUISSA
A Galeria Suissa, cujo endereço é Rua Marechal Deodoro, 262 (ligando a Marechal Deodora à José Loureiro), possui loja de materiais elétricos, restaurante, casa de câmbio e turismo, informática, modeladores, produtos de higiene e beleza, moda feminina e masculina, equipamentos eletrônicos, jóias, casa e jardim, material escolar e escritório, alimentos, games e cópias xerográficas e heliográficas.
Ponto de referência para qualquer morador de Curitiba, a Galeria Suissa foi inaugurada em 12 de outubro de 1962, nessa época conhecida por Galeria Alberto Bolliger, servindo apenas uma loja: a Casa Suissa, que vendia eletrodomésticos, móveis, brinquedos e material elétrico. A Casa Suissa ainda hoje mantém-se na galeria, comercializando material elétrico, sob a administração de outra família. Aos Bolliger cabe hoje a administração da galeria como um todo. Desde 1977 a galeria foi aberta para outras lojas.
GALERIA LUSTOZA
A galeria cujo nome homenageia o deputado provincial e restaurador Antônio Ricardo Lustoza de Andrade, fica sob o Edifício Visconde de Taunay, de uso comercial e residencial construído no centenário da emancipação política do Paraná. A galeria liga a Rua XV de Novembro e a Rua Marechal Deodoro.
Fotografias:
Washington Takeuchi ( @wctakeuchi )
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