quinta-feira, 25 de maio de 2023

Cristaleria Irati, na Rua Dr. Correia, em Irati - anos 1950/1960.

 Cristaleria Irati, na Rua Dr. Correia, em Irati - anos 1950/1960.


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Bairro do Bigorrilho, em Curitiba - tem até hino; vocês sabiam ?

 Bairro do Bigorrilho, em Curitiba - tem até hino; vocês sabiam ?


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Bigorrilho. Meados do Séc. XX. No horizonte a caixa d'água e a descida da Rua Euclides da Cunha. Diploma do Bigorrilho recebido por minha campanha (publicação de artigos sobre a história do bairro e origem nome) contra a mudança do nome para Champagnat, pretensão de um vereador apoiado por imobiliárias. Reitero Champagna é nome do juvenato, fundado no século XX, Bigorrilho é nome do rio, que nasce na caixa d' água atravessa o bairro e já circula em documentos do século XVIII. Com esta decisão para mudar nome de qualquer bairro ficou quase impossível. E, saibam. Bigorrilho tem até hino.

Cassiana Lacerda

Bairro Portão, em Curitiba - em tempos idos. HISTÓRIA BAIRRO DO PORTÃO

 Bairro Portão, em Curitiba - em tempos idos.
HISTÓRIA BAIRRO DO PORTÃO


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Um dos bairros mais antigos de Curitiba, a história do Portão não pode ser separada da região que o circunda: os bairros da Vila Guaíra, Lindóia, Fani, Parolin, Água Verde, Vila Izabel, Rebouças, Prado Velho, Novo Mundo, Vila Leão, Bettega, Formosa, CIC, Capão Raso, Pinheirinho, Sítio Cercado, Bairro Novo e da Fazendinha, principalmente.
Portão - Instalação do Asfalto na Avenida República Argentina em 1952
O bairro do Portão é um bairro da zona oeste de Curitiba onde habitam 40.735 pessoas e que ocupa uma área de 5,69 km².
O nome Portão surgiu dos conflitos entre lavradores e tropeiros pelos campos de criação de gado e que acabaram determinando caminhos e o surgimento de cercas e portões.
A passagem e o comércio de animais procedentes de Curitiba e dos Campos Gerais levou à instalação de um posto de fiscalização na região, que deu origem ao nome do bairro: Portão.
Em 1893, a estrada de ferro que ligava Curitiba a Paranaguá foi prolongada pelo interior até Ponta Grossa, passando pela região onde hoje é o bairro do Portão, gerando a cancela ferroviária.
O grande marco da evolução do nosso bairro situa-se no fim do século passado, em torno do transporte de madeira e erva-mate.
Nos dias de hoje, a região é altamente desenvolvida, possuindo grande centro comercial e bancário, inclusive pelo fato da proximidade com a CIC Cidade Industrial e com os bairros também maravilhosos.
Jair Passos

Origem do nome e do bairro Boqueirão, em Curitiba.

 Origem do nome e do bairro Boqueirão, em Curitiba.


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A Fazenda Boqueirão foi o local que deu origem ao bairro curitibano do Boqueirão.
A Fazenda Boqueirão tinha aproximadamente 1.000 alqueires e foi propriedade, por mais de um século, da família do Major Theolindo Ferreira Ribas.

Terra fértil e muito banhado nas proximidades dos rios: Iguaçu e Belém, as terras, originalmente, foram de propriedade do Sargento-Mor Antonio José Ferreira (português que nasceu em Braga). Por questões de herança as terras passaram para o Coronel Manoel Antonio Ferreira e o Major Theolindo (Theolindo foi neto de Antonio José e filho de Manoel Antonio). Ao receber, como herança do pai em 1885, Theolindo (filho primogênito) recebeu 960 alqueires da fazenda e em 1910 vendeu a propriedade para Victor Ferreira do Amaral, que comprou em sociedade com seu filho, Homero Ferreira do Amaral e seu genro, Alexandre Harthey Gutierrez.

Em 1933 as famílias Amaral e Gutierrez criaram a Companhia Territorial Boqueirão e dividiram os 960 alqueires em 1.200 lotes urbanos e algumas dezenas de lotes coloniais e com o passar do tempo e o desenvolvimento da região local da outrora Fazenda Boqueirão, transformou-se em um dos mais importantes bairros da capital paranaense.

Sede da Fazenda Boqueirão. Em pé a esquerda o dono da Fazenda, Major Theolindo Ferreira Ribas. (Foto de 1900)

Arquivo Público (F.C.C.) e acervo família Moreira Brandão.

(por Márcio Alves)

(bairro Campina do Siqueira, em Curitiba - ano de 1984) HISTÓRICO

 (bairro Campina do Siqueira, em Curitiba - ano de 1984)
HISTÓRICO


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(bairro Campina do Siqueira, em Curitiba - ano de 1984)

HISTÓRICO
A denominação do bairro é resultado da combinação de dois fatos históricos distintos, que o tempo se encarregou de relacionar. Campina, por um
lado, retrata o aspecto geográfico da região de onde se estendia uma bonita planície coberta pela vegetação rasteira. A segunda parte do nome vem
de Antônio Sebastião Siqueira, um imigrante português que aqui chegou no início do século XIX. Esse colono, proprietário de grande extensão de
terras, dividiu-as em pequenos sítios vendidos a várias famílias, dando origem assim ao atual bairro. É um bairro relativamente pequeno, porém
bastante movimentado, uma vez que fica próximo do e do ParkShopping Barigui, localizados no bairro vizinho do , Parque Barigui Mossunguê
também conhecido como Ecoville. 

AS CARRETEIRAS DE CURITIBA ANTIGAMENTE - PARTE 8

 AS CARRETEIRAS DE CURITIBA ANTIGAMENTE - PARTE 8


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Paulo Buso, na sua primeira carreteira nº 10.


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Paulo Buso em foto da década de 1950.


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A última carreteira nº 10, guardada como relíquia pela família Buso.


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Celestino Buso, relembrando as proezas dos tempos de suas carreteiras.

Entrevista dada pelo sr Celestino Buso, irmão de Paulo Buso, ao site Nobres do Grid sobre os anos dourados das corridas de carreteiras que marcaram o automobilismo feito com amor e dedicação, com estes maravilhosos personagens da história sobre rodas do Brasil.
Ao invés de uma entrevista, deixaram o ‘seu’ Celestino bem à vontade para falar:
"Nós somos de um tempo em que se corria por amor ao automobilismo mesmo. Éramos todos jovens, entusiasmados e fazíamos umas loucuras que só vendo.
As carreteras que vimos correr primeiro eram as dos gaúchos, como os Andreata (Catharino e Julio), o Breno Fornari e outros tantos... A primeira carretera do Paraná não foi nossa. Foi do o Euclides Bastos, o “Perereca”. Ele que foi ao Rio Grande, comprou umas peças e montou a carretera dele. Os gaúchos foram os que iniciaram com essa coisa de corrida em estradas e eles tinham um intercâmbio com os argentinos e uruguaios.
Antes mesmo de nós montarmos a nossa o Perereca já andava com uns prospectos embaixo do braço dizendo que ia fazer e tal... e ele acabou fazendo e ia disputar corridas com os gaúchos. Mas a carretera foi feita na nossa oficina, lá na Comendador Araújo.O Perereca chegou um dia com umas revistas, e uns desenhos e foi mostrando para o gordo (tratamento do irmão para com o Paulo Buso) como era, o que tinha que fazer e tal e fomos fazendo aquilo que nunca tínhamos feito antes.
Nossa oficina era um barracão de madeira, não tinha luxo em nada, mas tinha um bom espaço e o Perereca comprou uma pickup Ford, 1939, para montarmos a carretera. Ele queria montar a carretera a tempo de disputar a prova Getúlio Vargas, que era corrida em 4 etapas. O Perereca não tinha muito dinheiro, mas era um entusiasta e nós fomos fazendo. Conseguimos fazer a carretera a tempo de se disputar a etapa entre o Rio e São Paulo, que seria a inauguração da Rodovia Presidente Dutra e o Paulo foi como assistente e co-piloto do Euclides, disputar a prova.
E foi aí que o Paulo se entusiasmou pela coisa e quando voltou dessa corrida começou a pensar em como preparar a nossa carretera. Pensou e preparou essa carretera aí que está nas fotos. O interessante desta corrida que foi a primeira que o Paulo disputou é que ele abandonou a prova e o Perereca no meio da competição! Numa noite de intervalo, chegou a notícia de que a Miriam, a primeira filha dele havia nascido... O gordo largou a mulher, grávida de 8 meses para disputar uma corrida de carretera, vê se pode! Mas aí a Mirian veio prematura e ele quase enlouqueceu. No final, a colocação deles na etapa Rio-São Paulo do Grande Prêmio Getúlio Vargas foi um 4° lugar."
"Bom, depois desse Grande Prêmio Getúlio Vargas, o Paulo se empolgou todo para montar uma carretera pra ele e ficava falando que ia ser bom correr e tal... e ele montou a primeira carretera dele. Depois que o Paulo montou a carretera dele eu montei a minha também e por último o João montou a dele também... mas ele só se meteu nisso no final dos anos 50.
O equipamento das nossas carreteras nós fomos comprar na Argentina e a coisa era meio complicada no tempo do Perón (Juan Perón, presidente argentino na época). O Nosso “guardalivros” (nome dado ao contador na época) era um argentino, o José Delli, e ele tinha umas facilidades, umas amizades por lá, além de que o irmão, a mãe e outros parentes moravam em Buenos Aires e então o Paulo foi lá para a Argentina com ele para comprar os equipamentos."
"O Zé Delli era casado com uma judia, mas tudo que era dinheiro que ele pegava era pra gastar no jogo! Ele ia lá umas quantas vezes para a Argentina só para poder jogar e de uma feita o Paulo foi com ele para comprar as peças para o motor, e outras coisas. Nós tínhamos uma bodega velha e vendemos ele para poder comprar as coisas que precisávamos (Cobertura do motor de alumínio, uns pistões novos mais leves, um sistema de dupla carburação... e tal). Só que na hora de vir embora, a alfândega pegou tudo! Não se podia tirar nada da Argentina naquela época. Era considerado contrabando. O Paulo inclusive foi fichado e só não ficou preso porque o Zé Delli tinha um irmão que era agente da aduana e chegado nos caras lá. Daí conseguiu liberar os dois... mas o material ficou todo lá.
O gordo ficou possesso. Queria o material, mas não tinha nem como entrar mais por ali. Daí que o irmão do Zé Delli passou o serviço: “Olha, tem que fazer a coisa muito bem feita, com todas as notas e tal. Se vocês fizerem isso eu dou um jeito de liberar vocês. O material ta todo aqui, apreendido, e tem um cara que é o responsável pelo controle que a gente pode dar uma grana para ele, mas toda a parte de notas tem que estar certinha. Se der algum problema, eu nem conheço vocês.” (para quem acha que só existe “jeitinho brasileiro”, eis aí um típico exemplo do “jeitinho argentino”).
Daí eu é que fui no lugar do Paulo. Fomos por Santana do Livramento e ficamos uns 3 dias no Uruguai porque o Zé queria jogar nos cassinos. Preparamos tudo e seguimos as dicas do irmão do Zé Deu para nós. “No dia tal, na hora tal, eu vou estar lá fazendo a fiscalização daí vocês coloquem as peças no meio das malas, nas mudas de roupa e não se mostrem apavorados.” Ele fez questão de lembrar que, caso desse algum problema, ele nem nos conhecia. Fomos pegar o vôo da Real, às 5 horas da manhã, para Porto Alegre. E chegando lá, tinha pouca gente. A aduana tinha um balcão baixo e daí começaram a chamar as pessoas para a vistoria de bagagem e nada do irmão do Zé aparecer. Foi me dando um frio na espinha e eu só pensava que dessa vez eu ia preso.
Todos os passageiros foram colocando as malas sobre o balcão e nós ficando para trás até que nos chamaram: “Vocês dois aí, estão indo para Porto Alegre? Venham até aqui para a revista de bagagem.” Quando o outro sujeito da aduana falou isso, o irmão do Zé saiu lá de uma sala e chegando, disse: “Pode deixar que eu olho essas aqui.” E assim ele deu um jeito e liberou a gente para seguir viagem. Em Porto Alegre foi mais fácil, demos uma grana para o cara daqui e saímos com o material. Aí as nossas carreteras ficaram em condições de competir de igual para igual."
"Na época tinha uma associação (era o Automóvel Clube do Paraná) cujo o presidente era um tal de Anfrisio Siqueira. E foram sendo criadas umas corridas. A mais famosa foi a corrida que ia de Curitiba a Ponta Grossa e retornava de Ponta Grossa a Curitiba, em duas etapas (Era o Grande Prêmio Paraná Esportivo). Isso no meio dos anos 50. Daí o Paulo se inscreveu... ah, mas não teve pra ninguém. Correram também o Perereca, o Germaninho (Germano Schlogl), o Haroldo Vaz Lobo... O Paulo ganhou a primeira! Na segunda, eu já tinha a minha carreteira, mas meus equipamentos eram o que sobrava da carreteira do Paulo. Meu assistente era um “polacão”, o Evaldo Chipanski (a grafia pode estar incorreta). Esse era entusiasta mesmo... ele sempre falava: “Hoje nós vamos ‘papar’ essa, não vai ter pra ninguém.”
Nessa segunda corrida, o carro tava preparado, o do Paulo também... e, se não dava pra ganhar, dava pelo menos pra brigar. Daí que no dia da corrida o carro, pela manhã, quando viramos o motor, o carro tava rateando. Eu falei que daquele jeito nós não íamos nem acompanhar os carros da categoria turismo, quanto mais as carreteiras. O Polaco se enfezou e começou a esbravejar “se tu não for, eu vou sozinho!” A gente saia da oficina ali na comendador e para ir para Ponta Grossa, tomava a Av. Batel e lá embaixo pegava o seminário até chegar na BR, que era de terra batida. Na subida o motor rateava que era uma barbaridade e aí nas descidas eu tinha que dar pau mesmo.
Eu tinha uma foto, não sei onde foi parar, que um sujeito lá de Palmeira tirou. Na entrada de Palmeira tinha uma estrada de ferro que cruzava a BR e tinha um mourão de pedra do lado e um posto da polícia rodoviária. O carro vinha e você tinha que trazer e dar uma puxadinha para contornar... fazia “isso assim” (ele faz um movimento com a mão em que descreve uma espécie de chicane rápida) E esse cidadão tirou uma foto minha, com a carretera a coisa de meio metro do chão. Quando eu passei por ali, vindo de uma descida de quase 1 Km, embalado e não dava mais pra segurar. Eu calculei que tinha que entrar ali, junto do mourão para cair no meio da pista e fui... e deu certo. Ele foi, uns dois meses depois, me levar esta foto lá na oficina, mas eu não sei onde foi parar (uma pena... mas, para quem achar que “carretera não voa”, Em breve mostraremos duas fotos que provarão o contrário).
E chegou falando que tinha tirado uma foto que ele estava do lado do mourão e pegou a carretera por baixo... era a número 54 – a minha. O gordo passou por lá primeiro e também voou longe, mas ele disse que eu tinha voado mais alto, que eu tinha feito uma loucura e que ele não sabia como é que eu tinha segurado o carro na pista depois (deixa que eu estava sem força para fazer as subidas e tinha que compensar nas descidas). O Germaninho passou em segundo e também voou no mesmo lugar. Essa corrida eu cheguei em 4° ou 5°, não lembro agora. Eu cheguei atrás até do “Galalau”(Waldomiro), que era jogador, acho que ponta esquerda, do Atlético-PR e que também ainda é vivo. Ele tinha um Citroen, ele tinha uma oficina que só mexia com Citroen, mas o motorzinho do Citroen fundia sempre, não aguentava a corrida.
Na terceira corrida, que o Paulo também ganhou, teve uma passagem boa foi que, na volta, nós conversamos e ele falou que estava com um problema (a biela estava batendo) e precisava de uma ajuda: “Eu estou com um rapaz aqui, o Nestor, goleiro do Atlético-PR, que tem que jogar as 4 horas... e eu não sei se eu vou conseguir chegar a tempo ou mesmo chegar com essa biela desse jeito”. E me pediu para levar o tal do Nestor porque o Nestor não podia ficar fora da partida, caso eu o visse parado. Eu disse que não tinha problema e tal... bom, lá na descida do Tibagi, eu vi o Waldomiro parado fazendo sinal. Eu encostei, o Nestor pulou pra dentro do carro e fomos... e o Nestor foi de carona (numa corrida) para Curitiba, sentado em cima do tanque de combustível(!!!), que era instalado atrás dos bancos meu e do Chipanski. Olha que loucura! Naquela época não tinha cinto de segurança nem nos bancos. Nessa corrida o Germaninho foi segundo e eu fui terceiro... mas o Perereca quebrou.
Naquele tempo, correndo em estrada de terra, os carros tinham que ser reforçados, se não quebrava mesmo. Tipo: Onde haviam 4 amortecedores, colocávamos 8! No final da prova tinham dois ou três estourados. Tinha mola partida... era buraco e solavanco o tempo todo... e tinha que dar pau mesmo!
Depois disso deixei a oficina pois queria fazer faculdade de Medicina... mas depois de hum ano começou a faltar grana. O pai já tinha ido e éramos só nós e eu acabei voltando para a oficina.
Eu lembro que o pai desses meninos (ele estava se referindo ao Emerson e ao Wilsinho), o Wilson Fittipaldi (O barão), criou as Mil Milhas Brasileiras nos anos 50 e nós fomos lá umas duas ou três vezes. Os Gaúchos, Os Andreata (Cathatino e Julio), o Bertuol (Aristides), o Fornari (Breno)... eles todos subiam para ir disputar essa corrida. Iam lá e venciam! Só pararam de ganhar quando começaram a importar uns carros da Europa, que eram de última linha, para ganhar deles."
A primeira vez que nós fomos lá não foi com a carretera do Paulo, foi com o outro irmão, o João Augusto Buso que correu em parceria com o Alemãozinho, o Germano (Schlogl), que era um braço fenomenal. Eu fui como mecânico e o Paulo, “dinheirista” como ele só, alugou a carretera para um outro piloto correr.
Nós ficamos num hotelzinho em Santo Amaro, que não era muito longe do autódromo mas também tinha um porão, lá para os lados da rua Augusta que a Sonervig (não sei se a grafia está correta) emprestou para o pessoal que estava correndo com Ford. Era lá que nós guardávamos os carros mas era muito fechado e aquele monte de motor virando, eu peguei uma intoxicação... pensei que fosse morrer!
Nessa corrida aconteceu um fato importante: Durante a madrugada, o Catharino Andreata veio até os nossos boxes e perguntou:
- Quem é que está na carretera 52?
Eu falei: É o Germaninho lá de São José dos Pinhais.
- Olha, eu vou te contar... ele é braço! Passou por mim que mais parecia que eu estava parado. Achei que ele fosse se arrebentar na próxima curva mas, que nada!
E quem estava falando aquilo era um dos maiores pilotos brasileiros da época.
"Quando o Alemão entregou o carro para o João, eles estavam em 4° lugar, mas o João não tinha o atrevimento do Germaninho. Ele era bom, mas não era tão rápido. No final terminamos em 10°.
No ano seguinte eles voltaram lá. Eu não fui, mas eles não conseguiram terminar a prova. Na madrugada, novamente sob cerração, eles chegaram a liderar a corrida, mas acabaram quebrando e abandonando.
O Paulo ainda voltou lá uns anos depois, mas também não conseguiu fazer muita coisa. Os carros esporte já estavam dominando a prova.
Além do tricampeonato do Paraná esportivo, teve uma outra corrida muito boa que foi a do centenário... centenário de alguma coisa aqui do Paraná e que eu não lembro do que era... e o circuito ia pela Marechal Floriano até a BR 116... mas só tinha asfalto até a estrada de ferro.
Apareceu nesta época outro piloto muito bom, o Haroldo Vaz Lobo. Ele era bom, mas moia os carros e costumava não terminar as corridas. Nessa corrida, inclusive, ele estava na frente, mas numa das passagens ali pela linha de trem ele passou muito forte e abriu o diferencial traseiro. Ali tinha um flexível que ligava o freio para as rodas e esse flexível abriu e ele ficou sem freio. E na curva para entrar na BR tinha uma pá de gente e ia ser uma tragédia porque ele estava sem freio. Quando ele viu que não tinha freio pediu para o mecânico fazer sinal e gritar para o público sair da frente... o cara fez o que pode, gritou, acenou... Eu lembro bem disso porque eu corri com o Ford 39, na categoria turismo, onde largaram 13 carros. Nessa prova e capotei naquela curva. Eu vinha com um tal de Reginatto na minha frente com um Ford 51 e eu em segundo. Daí
Que eu não conseguia passar o Reginatto de jeito nenhum.
Lá na entrada da curva eu tentei dar um bote nele, mas não deu e eu vi que ia dar no meio dele. Daí tirei para o lado e com aquela pista de areia e pedrisco eu fui, fui, fui... e acabei saindo da pista e capotando. Bom, daí eu tava lá na curva quando o Vaz Lobo veio e eu também comecei a gritar e o povo abriu um buraco no meio e lá ele passou. O Gordo ganhou essa prova e recebeu uma taça bonita que só vendo (a mais alta, junto ao carro).
Aquela corrida tem uma outra estória. Nós penamos muito tentando arrumar o motor da carretera que não se acertava. Daí que estava lá na oficina outro que era um entusiasta também – e que ainda está vivo – era o Marcos Corsan, estudante de engenharia. Já passavam de umas 11 da noite e o gordo tinha mandado fundir uma tampa de centro pra três carburadores... mas não estava dando certo de jeito nenhum. A tampa não fechava, não encaixava e tirava e colocava e nada.
Daí ele resmungou um monte, italianão brabo, e falou que não ia correr. Bateu a tampa do motor e foi embora. Eu fiquei na oficina com o Corsan e mais o rapazinho que corria com ele, o “Tchitchauba”. Eu falava: “Puxa vida... pegamos pneu, combustível e não correr... vamos mexer nesse negócio aí que a gente vai descobrir o que é”. E ficamos vendo o que podia ser feito e tal e achamos que o problema era de abertura, que não tava indo combustível suficiente e eu falei que precisávamos dar um jeito de fechar a tampa e eu ia arranjar uma agulha para abrir os giclês dos carburadores. Na primeira tentativa já tinha dado uma melhorada. Tínhamos o contagiros e íamos vendo quanto dava sem o motor ratear. Tiramos e colocamos 3 vezes a carburação. E lá pelas 4 da manhã, colocamos a terceira vez. Demos 5000 giros sem ratear no motor da “maritaca veia”... Dar 5000 giros num motor daqueles não era fácil, não. Daí ficamos satisfeitos.
O Corsan tinha uma moto e eu pedi que ele fosse até a esquina do Asilo e eu vou atrás só pra escutar e sentir o motor na retona até lá. Eu dei sinal e ele arrancou e eu fui em primeira até os 80, o giro lá em cima e eu meti a segunda... fui pra 135! Aí acabou a reta mas já dava pra ver que estava bom. O Paulo morava ali naquela casa onde hoje é a confecção (a Rafa,s, na 24 de maio) e o ronco do motor acordou o gordo. Quando eu vim pra entregar o carro, ele já estava no portão, junto com a mulher dele e ficou todo assim... “ué, vocês deram jeito mesmo, né... agora ta bom!” E ele correu e ganhou aquela prova. Eu fui pra casa, que eu morava ali mais para o alto para tentar dormir um pouco porque eu ia correr na categoria turismo, mas as seis e meia o “Tchitchauba” já estava lá gritando no portão.
Depois nós paramos de correr, o Paulo vendeu a oficina e nós não mexemos mais com isso por um bom tempo. Só depois do autódromo ali em Pinhais é que nós voltamos a acompanhar alguma coisa. Tinha um piloto que apareceu correndo de carreteira depois, o Altair Barranco. Ele ganhou algumas corridas, mas os autódromos não eram mais o lugar para as carreteras."
"No final dos anos 90 foi feita uma homenagem para eles todos, os pilotos, e ficou registrado isso e nós estávamos lá.
Foi uma época muito boa e eu era gurizão... eu me diverti muito."
(Texto extraído de: Nobres do Grid)
Paulo Grani


Surf: uma surpreendente história. Venha conhecê-la

 Surf: uma surpreendente história. Venha conhecê-la 


O Resolution, de Cook, encontra as fantásticas canoas havaianas (ilustração:americangalley)

Surf: uma surpreendente história. Venha conhecê-la 


O surf é um dos mais antigos esportes praticados pelo homem. Seu início, apesar de um tanto perdido no tempo, acredita-se que aconteceu entre 2.000 e 3.000 mil anos atrás. A maioria das pessoas relaciona o surf aos polinésios. É justo. Foi deste povo navegador, que colonizou a maior parte das ilhas do Pacífico, que surgiu a primeira referência ao esporte. Aconteceu depois da famosa viagem do navegador inglês James Cook que, ao chegar ao Hawai, em 1778 , foi o primeiro europeu a registrá-lo e divulgá-lo. Nascia, para o ocidente, a prática do surf. Mas há quem discorde de sua filiação…

A história relata: quem levou o surf ao Havaí teria sido o rei polinésio Tahito, a partir daí a prática se dissemina no arquipélago até ser vista pelo primeiro ocidental, o Capitão James Cook.

Surf: polinésio, ou peruano?

Alguns especialistas dizem que o esporte nasceu entre pescadores da polinésia ocidental, ao descobrirem que cavalgar uma onda era a forma mais rápida, e fácil, de voltar à terra firme. Não se sabe exatamente quando esta atividade se tornou um esporte. Mas sabe-se que já no século 15 reis e rainhas das ilhas Sandwich eram os melhores praticantes da época.

Praticantes das ilhas Sandwich (ilustração:the-deepwaterbreaks.wordpress-com)

A polêmica começa aqui. Outros estudiosos afirmam que o surf nasceu no litoral do Peru, muito antes de ser praticado pelos polinésios. No país sul-americano os antigos habitantes surfavam numa espécie de canoa, ou prancha feita de junco, de nome Caballito de Totora. Este tipo de “barco” é um dos mais antigos que se tem notícia no mundo, estima-se sua idade entre 2.000 e 3.000 mil anos. Originalmente concebidos para levar um pescador e sua tralha, os Caballitos de Totora estão em atividade até hoje entre pescadores marinhos, no Peru; e lacustres, na Bolívia.


Caballito de Totora (fonte:robotica-educativa8-webnode-es)

Registros não deixam dúvida a respeito da antiguidade dos Caballitos de Totora e os pescadores peruanos.

Cerâmica chimiú, 1.100- 1.400 d.C, pescador em Caballito de Totora

O surf com Caballitos de Totora hoje


Surf: polinésio, ou peruano? (foto:surfersvillage-com)

Difícil saber quem está com a razão sobre o início da prática do surf, se polinésios, ou peruanos. A história destas duas civilizações se cruzam. O fato é que, até hoje, em algumas praias peruanas como Huanchaco (Trujillo), estas antiquíssimas embarcações são usadas para pegar ondas. Coincidência, ou tradição histórica?


Huanchaco, Trujillo. (foto: holeinthedonut-com)

Breve histórico da colonização das ilhas do Pacífico

A história é fascinante e ainda repleta de lacunas. Ainda há muito o que descobrir a respeito dos povos antigos, e não são poucas as polêmicas entre historiadores. A saga de peruanos e a colonização das ilhas do Pacífico pelos polinésios já foi motivo de grandes desavenças. Elas surgiram quando o explorador e geógrafo norueguês, Thor Heyerdahl, desenvolveu a ideia de que as ilhas do Pacífico poderiam ter sido colonizadas a partir da América do Sul. Cientistas da época consideravam a tese absurda, especialmente porque não havia evidências que os sul-americanos pré-colombianos teriam a capacidade de construir barcos para cruzar o Pacífico.





Kon- Tiki (foto:asteroide.leonel.blogspot.com)

Para provar sua tese, Thor construiu uma embarcação de pau-de-balsa, no Peru, da mesma forma que eram construídas milhares de anos atrás, sem qualquer ajuda da tecnologia; batizou-a Kon-Tiki e com ela, em 1947, partiu do Peru até atingir as ilhas da Polinésia. Em seguida publicou um clássico, um delicioso best-seller com mais de 25 milhões de exemplares vendidos,A Expedição Kon- Tiki , onde expõe sua tese.

A despeito do sucesso da viagem, foram percorridos 8.000 mil quilômetros em 101 dias de viagem, do porto de Callao para o atol de Raroia, no Arquipélago das ilhas Tuamotu, a tese de Thor foi combatida desde o início.

O mapa da viagem da Kon- Tiki (ilustração: tokdehistoria.com)

A colonização das ilhas do Pacífico
Hoje é consenso entre especialistas que as ilhas do Pacífico foram colonizadas por um povo antigo, os Lapitas, originários do mar do sul da China. Há provas de que foram estes ‘ancestrais dos polinésios’ que se fizeram ao mar, 3.000 mil anos atrás e, aos poucos, com sua extraordinária habilidade náutica, colonizaram as ilhas do Pacífico. Esta incrível epopeia é contada em inúmeros livros e trabalhos científicos. O site Mar Sem Fim recomenda o livro do navegador-escritor David LewisWe, the Navigators- The Ancient Art of Landfinding in the Pacific.

Gravura de abertura de James King, tripulante da expedição de James Cook, considerada o primeiro registro do surf.

(Do https://marsemfim.com.br/)