quinta-feira, 30 de março de 2023

A história do navio Chinês que encalhou em Superagui e teve mais de 80% de sua tripulação assassinada.

 A história do navio Chinês que encalhou em Superagui e teve mais de 80% de sua tripulação assassinada.

O Sin Hai II era um navio pesqueiro e sua viagem teve início na China em 15 de janeiro de 1970, com 27 homens a bordo. Após uma escala em Singapura, tem início os desentendimentos entre os membros da tripulação, e no trajeto em direção a África do Sul ocorreu no navio o assassinato do comandante da embarcação. Ao chegar na Cidade do Cabo (Cape Town), um suspeito foi entregue as autoridades consulares da China como responsável pelo homicídio, e a embarcação seguiu, saindo de sua rota de retorno prevista.
No trajeto entre o continente africano e a encalhada na Barra do Superagui ocorreu uma chacina no navio. Segundo o marinheiro Lu Chien Tien, um dos cinco sobreviventes, que foi ouvido pelo jornal Diário da Tarde, a época dos fatos em Paranaguá, declarou que em uma das noites da primeira quinzena de setembro, enquanto a maioria dormia nos alojamentos, ocorreu uma explosão nas serpentinas do gás de amônia, provocada por um dos tripulantes, como o navio é fechado em virtude dos fortes ventos em alto mar, o gás de amônia entrou no sistema de ventilação do navio, ocasionando a morte imediata de aproximadamente vinte homens. Tal ação pode ter sido adotada como vingança a morte do comandante ou a entrega do suspeito as autoridades chinesas na África, e foi atribuída posteriormente a Lin San Mu.
Após os fatos, os cinco sobreviventes navegaram rumo ao oeste buscando aportar em algum lugar em terra onde encontrassem socorro, foi então que na madrugada do dia 22 de setembro de 1970, o Sin Hai II venho a chocar-se com um banco de areia e encalhar com 20 toneladas de pescado a bordo na Barra do Superagui.
Os sobreviventes foram resgatados e permaneceram na Santa Casa de Misericórdia de Paranaguá para cuidados médicos, o jornal Diário da Tarde descreveu em sua edição de 24 de setembro as condições em que se encontrava Lu Chien Tien, responsável pelos relatos, vejamos: “Ele foi o primeiro a pular do navio quando este sentou-se no banco de areia. Ferido nas costas, peito e pernas, com queimaduras profundas e intermitentes. Lu era a própria expressão do fim de uma dramática aventura onde homens parecem ter se entredevorado num navio”.
Em outro momento, quando o jornal descreve a relação nominal de mortos e sobreviventes, ressalta que: “Todos os cinco sobreviventes, além de apresentarem sinais de queimaduras provocadas pelo gás de amônia, tem cortes e ferimentos diversos, provocados, aparentemente, por lutas físicas a bordo do Sin Hai II” (DIARIO DA TARDE. Ed. 21418, Ano 1970).
Na edição de 12 de novembro, o Diário da Tarde traz a informação, sem a confirmação dos órgãos competentes, de que o tráfico de quatrocentos quilos de ópio seria o motivo da chacina e morte dos vinte e dois tripulantes já na costa africana, e que informações levantadas pela Capitania dos Portos do Paraná apontavam que o tóxico veio acondicionado em dois barris e logo após lançado ao mar, esta “mercadoria” teria sido embarcada por um helicóptero logo depois do Sin Hai II ter deixado o porto de Singapura. (DIARIO DA TARDE. Ed. 21457, Ano 1970).
Em 17 de novembro é noticiado o embarque dos cinco tripulantes sobreviventes com destino a Ilha de Formosa (Taiwan), escoltados por policiais chineses para serem julgados pelos crimes de amotinamento em alto mar, tráfico de tóxicos e homicídio, crimes os quais a pena prevista era a de morte. O jornal Diário do Paraná, posteriormente, em 13 de março de 1971, confirmou que o segundo maquinista, Lin Shan Mu foi condenado pela Corte Suprema da China nacionalista a pena de morte, concluindo que este tinha um plano de matar toda a tripulação, contudo, os quatro sobreviventes o dominaram e o amarraram até a chegada a Superagui.
Somente em março de 1971, seis meses após o encalhe é que ocorre a remoção do navio de Superagui, sendo encaminhado a Paranaguá para posterior devolução a empresa “Hai Soon” proprietária do navio.
A história do Sin Hai II é composta por mistérios que talvez nunca sejam totalmente esclarecidos.
REFERÊNCIAS:
Hemeroteca Digital;
Periódicos "Diário da Tarde" e "Diário do Paraná".

Nenhuma descrição de foto disponível.
Capa do jornal "Diário do Paraná". Edição n° 04559, de setembro de 1970.

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Foto do declarante Lu Shao (Chien) Tien no jornal "Diário do Paraná". Edição n° 04559, de setembro de 1970.

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Foto do acusado Lin San Mu no Jornal "Diário do Paraná" Edição n° 04562.

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Foto do declarante Lu Shao (Chien) Tien no jornal "Diário do Paraná". Edição n° 04559, de setembro de 1970.

Jornal "Diário da Tarde", Edição nº 21457, de 12 novembro de 1970.

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Jornal "Diário do Paraná" Edição nº 04701, de 13 de março de 1971.

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