O incidente Cormorant ocorrido em Paranaguá-PR, em julho de 1850, no qual os parnanguaras tomaram a Fortaleza Nossa Senhora dos Prazeres, na Ilha do Mel,
O incidente Cormorant ocorrido em Paranaguá-PR, em julho de 1850, no qual os parnanguaras tomaram a Fortaleza Nossa Senhora dos Prazeres, na Ilha do Mel, e dispararam os canhões contra integrantes da marinha britânica, que realizavam a vigilância e repreensão ao tráfico de escravos no Atlântico, foi um dos fatos que motivaram o fim da escravidão no Brasil, em virtude deste acontecimento é que surgiu a Lei Eusébio de Queiroz, que passou a criminalizar a entrada de escravos novos no país. (Promulgada sob pressão inglesa, essa é uma das "leis para inglês ver").
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O evento foi noticiado em Londres, no jornal "The Illustrated London News", na edição de 28 de setembro de 1850, conforme o conteúdo a seguir, traduzido pela página História Local. Imagens originais do jornal encontram-se disponíveis nos comentários.
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CAPTURA DE QUATRO NAVIOS ESCRAVOS POR H.M. CORMORANT, NA COSTA DO BRASIL.
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A fragata a vapor de Sua Majestade Cormorant, comandada por Hebert Schomberg, após receber ordens do Comandante Chefe para viajar e repreender o tráfico de escravos, deixou o Rio de Janeiro no dia 26 de junho. Prosseguindo para o norte, ela capturou e destruiu o barco traficante de escravos “Rival”, no Rio, sob o Comando de C. M. Luckraft, primeiro tenente do navio, que prestou esse serviço com grande prontidão. Após a destruição deste, o Cormorant teve que executar manobra na entrada do rio, sob um forte fogo de mosquete de centenas de pessoas reunidas na praia.
Depois, seguiu para o sul, para a Baía de Paranaguá, distante acerca de 400 milhas (644 km), na qual chegou na manhã do dia 29, passando pelo forte montado com 14 ou 15 armas, na entrada. O Cormorant subiu a baía e, ao meio-dia, abriu vários navios grandes ancorados em uma ilha habitada por traficantes de escravos, a cerca de seis quilômetros do porto comercial adiante.
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No local onde esses navios estavam, haviam grandes galpões. O Cormorant chegou o mais perto desses navios quanto possível, o canal era muito estreito, tortuoso e cercado por cardumes, o Comandante Schomberg, ancorado, às 12h05 min., despachou dois cortadores sob o comando do tenente CM Luckraft e tenente Kantzou, Sr. CW Buckey, soldado da marinha, e o Sr. Hambly, assistente cirurgião, para revistar os navios suspeitos. Um ou dois navios legais alocados perto de si, imediatamente pesaram e saíram deste ancoradouro, não desejando permanecer entre as ovelhas negras.
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Subiram a bordo dos navios suspeitos de traficar escravos e tomaram posse, apreendendo-os. Estavam agora empregados em rebocar e entortar os navios em direção ao Cormorant, mas, infelizmente, devido à complexidade do canal, eles logo tomaram o terreno, o que provocou muito atraso, o Cormorant então pesou e com apenas cinco metros de água, estava disposto a desistir. Às 10h da noite, após um árduo dia de trabalho, três navios foram ancorados sob o bico do Cormorant.
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Os navios detidos eram os notáveis traficantes “Serea”, “Donna Anna” e o “Campeadora”, todos totalmente equipados para o comércio de escravos. Dois barcos não possuíam velas a bordo, mas, caso contrário, estavam quase prontos para o mar, o “Donna Anna” continha inclusive carga a bordo. Estavam ancorados uma barca portuguesa, um navio brasileiro, que por já ter desembarcado seus acessórios, não poderia ser detido, e uma barca americana, que, sem dúvida, só estava ali para ser adaptada para transportar escravos.
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Havia também uma grande brigantina (embarcação com um ou dois mastros), chamada “Astro”, que o “Rifleman” havia bloqueado anteriormente em Santos por cerca de dez dias, mas ela conseguiu iludir a vigilância e fugir para este porto. O comandante Schomberg pretendia levá-la de manhã, mas quando amanheceu, ela foi encontrada afundando, descendo de cabeça, tendo sido sabotada por sua própria tripulação durante a noite para impedir a captura.
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Durante todo o domingo, 30 de junho, o comandante Schomberg ficou empregado preparando sua pequena flotilha para o mar. Os dois navios apreendidos foram inspecionados e constatado que em seu estado atual, eram impróprios para fazer uma viagem pelo Atlântico. Na popa de um dos navios foi encontrada uma bandeira dos Estados Unidos, o que poderia ter permitido ele passar por nossos cruzadores (britânicos) mil vezes no mar, sem a menor suspeita. Durante todo esse dia choveu e soprou muito forte do sudoeste foi, portanto, considerado aconselhável não começar a navegar até a manhã seguinte. Na manhã de 1º de julho, às 8 horas da manhã, o Cormorant e o pequeno esquadrão estava a reboque, descendo a baía. Ao abrir o forte por volta das 10 horas, e a uma milha (1,6 km) de distância, o comandante ficou surpreso com o disparo de uma arma, os motores foram imediatamente aliviados e parados, e um barco saiu de baixo do forte, mas retornou imediatamente, ao mesmo tempo, um tiro do forte caiu sob os arcos. O Cormorant se absteve de devolvê-lo, embora perfeitamente pronto, em cerca de dois minutos, um segundo tiro caiu perto, seguido por um terceiro, que voou pela rede de projeção. O Cormorant saiu com toda sua velocidade, pois não havia sido construído para ser um alvo para os brasileiros, abrindo fogo com tiros e projéteis, disparando como as armas aguentavam, atravessando um canal muito estreito, com três embarcações grandes em rebocar.
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Nesse período a ação se generalizou de ambos os lados, com o forte disparando projéteis, que felizmente ficaram aquém do Cormorant. Às 10h50min., depois de ter passado pela frente da bateria, e incapaz de devolver o fogo a altura do mar, em consequência dos navios a reboque, o Cormorant parou de atirar, o forte continuava, até que seu último tiro ficou aquém dos navios a reboque. A barra não é transitável, o Cormorant ancorado, enviou então uma equipe para destruir os barcos “Donna Anna” e “Serea”, que logo estavam em chamas. Ao realizar esse serviço, infelizmente, o segundo cortador foi desviado para perto dos martelos demolidores (?) e correu grande perigo; um barco foi enviado em sua assistência e ele logo foi libertado desse perigo. Felizmente, as baixas do caso foram pequenas, uma morte e dois feridos. Cinco tiros foram disparados pelo casco, um dos quais atingiu o convés inferior. Às 16 horas, como a maré havia subido o suficiente para permitir que o Cormorant passasse pela barra, tendo em vista o navio a reboque, seguiu para o mar, e na manhã seguinte dirigiu-se para Santa Helena, prosseguindo posteriormente com todo o envio para se juntar ao almirante no Rio, chamando a caminho de Santos o Capitão Crofton, chegando ao Rio na noite do dia 5. Podemos acrescentar que a conduta do comandante Schomberg em capturar esses traficantes e vingar o insulto à bandeira britânica, demolindo o forte que disparou contra ele, não foi apenas aprovada pelo almirante na estação e pelo almirantado em casa, mas também pelas autoridades do Rio. Fonte: https://www.facebook.com/.../p.303240.../303240401073224/..
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