Barão de Mauá: O Maior Empresário do Brasil Império
Irineu Evangelista de Souza começou sua vida profissional, em 1825, aos doze anos de idade, na cidade do Rio de Janeiro, trabalhando como caixeiro para um negociante português de nome João Rodrigues Pereira de Almeida.
Barão de Mauá: O Maior Empresário do Brasil Império
Irineu Evangelista de Souza começou sua vida profissional, em 1825, aos doze anos de idade, na cidade do Rio de Janeiro, trabalhando como caixeiro para um negociante português de nome João Rodrigues Pereira de Almeida.
Quatro anos depois, após a liquidação dos negócios de seu ex-patrão, o jovem Irineu entrou para a firma Carruthers & Cia, sendo admitido como auxiliar de contabilidade. Destacando-se entre os demais funcionários, Carruthers associou o moço aos seus interesses, escolhendo-o para ser o gerente de seu estabelecimento comercial, ao retornar para a Escócia. Irineu contava, então, 23 anos. Na direção desta firma de exportação e importação foi que o futuro industrial adquiriu o knowhow necessário para seus outros cometimentos. Quando em 1846, resolveu iniciar nova carreira, Irineu possuía uma larga experiência comercial e financeira, além da firma criada por ocasião de sua primeira viagem à Inglaterra, seis anos antes.
Anos mais tarde, ainda no princípio da década de 1850, quando o comércio internacional de negros escravos foi abolido, Irineu Evangelista, juntamente com outros capitalistas, criou o segundo Banco do Brasil ou Banco do Brasil de Mauá, como depois ficou conhecido. Absorvida pela disposição do Governo de fundir os dois maiores bancos da cidade do Rio de Janeiro, o Banco de Mauá e o Banco do Comércio, a instituição logo foi ferida de morte. Em agosto de 1854, o novo Banco do Brasil iniciava suas operações, sob a direção do visconde do Paraná. Mauá, porém, não desistiu de suas idéias a respeito da necessidade de ampliação do crédito em um país, ainda quase todo a ser explorado, como o Brasil. Seu objetivo, voltaremos a este tema no capítulo seguinte, era estar a frente de uma instituição financeira capaz de injetar capitais na economia brasileira e impulsioná-la rumo ao progresso.
Ramificando-se por várias províncias do Império e, em seu período áureo, contando com várias filiais na Argentina, no Uruguai e na Inglaterra, além de braços na França e nos Estados Unidos, esta instituição funcionou como o motor de seus muitos cometimentos empresariais
O Estabelecimento de Fundição e Estaleiro Naval da Ponta da Areia foi o eixo de inúmeros outros empreendimentos levados a cabo por Irineu Evangelista em seus primeiros anos de industrial. Além de fabricar tubos de ferro para a obra mencionada, aquela fábrica teve participação decisiva na iluminação a gás do Rio de Janeiro e na construção do Canal do Mangue, obras suas. Produziu vapores para três de suas companhias: a Companhia de Rebocadores para a barra do Rio-Grande, a Companhia Navegação a Vapor do Amazonas e a Companhia de Navegação a Vapor e Estrada de Ferro de Petrópolis. Durante os conflitos no Rio da Prata em 1850, a empresa forneceu armamentos aos combatentes uruguaios, apoiados pelo Império.
Em seus onze primeiros anos, cerca de setenta e dois navios foram produzidos naquele estabelecimento - quinze dos quais integraram a marinha de guerra brasileira, participando dos conflitos contra o Paraguai. Agricultores interessados na modernização de suas instalações também eram clientes do estabelecimento: caldeiras, engenhos de açúcar, guindastes, peças para navios e máquinas a vapor de todo tipo faziam parte de seus pedidos
Na fase industrial de sua vida, Irineu Evangelista de Souza teve participação ora mais, ora menos destacada no estabelecimento de inúmeras ferrovias no país, ao longo do penúltimo quartel do século XIX. Foi o concessionário e o construtor da Estrada de Ferro de Petrópolis, conhecida como E. F. Mauá.
A inauguração do trecho inicial da E. F. de Petrópolis rendeu a Irineu Evangelista o título de barão de Mauá. No dia 30 de abril de 1854, praticamente dois anos depois de ter recebido a concessão do Governo da província do Rio de Janeiro para construir o caminho de ferro, ouviu-se pela primeira vez na América do Sul o sibilo da locomotiva – logo apelidada pela multidão de Baronesa, em homenagem à esposa do empreendedor ilustre.
No balanço consolidado das suas empresas em 1867, o valor total dos ativos foi estimado em 115 mil contos de réis (155 milhões de libras esterlinas), enquanto o orçamento do Império, no mesmo ano, contabilizava 97 mil contos de réis (97 milhões de libras esterlinas). Estima-se que a sua fortuna seria equivalente a 60 bilhões de dólares, nos dias de hoje
Vinte anos depois, um novo melhoramento permitiu a Mauá subir mais um degrau da escala nobiliárquica. O lançamento de um cabo submarino ligando o Brasil à Europa, por meio do telégrafo elétrico, foi o grande responsável pelo novo título de visconde. A idéia de ligar o país ao “mundo civilizado” remontava a 1853, quando o Governo imperial abriu concessões para a obra. Desde então, dois concessionários já haviam tentado, sem sucesso, organizar a companhia. Em 1872, Irineu Evangelista recebeu o privilégio. No ano seguinte, estava aberta em Londres a Brazilian Submarine Telegraph Company, para quem Mauá vendera o privilégio. Finalmente, em 22 de junho de 1874, o Imperador teve a honra de inaugurar o cabo transatlântico, enviando telegramas ao papa e à rainha da Inglaterra, de uma sala da Biblioteca Nacional. Quatro dias depois, Irineu era elevado de barão a visconde de Mauá.
Décadas depois, em sua biografia sobre o visconde, Alberto de Faria oferece aos leitores um Mauá arquetípico, apresentando-o, nos termos de Carlyle, como um ideal realizado, uma encarnação prática dos valores e rumos a serem perseguidos pela nação. Irineu Evangelista teria, não apenas antevisto de forma abstrata as linhas mestras da nação, antes, pelo contrário, fora capaz de demonstrar, efetivamente, suas idéias, fazendo de suas ações um guia prático para a posteridade. “Gênio realizador” – eis como o definia Getulio Vargas. Assim sendo, aquilo que, em vida, Mauá não fora capaz de realizar, por obstáculos alheios à sua vontade, cumpria ser levado a cabo pelas gerações futuras. Era essa a mensagem básica da narrativa autobiográfica escrita por Faria. Finalmente, em suas obras de interpretação do Brasil, Azevedo Amaral reconhecia em Mauá “o restaurador do sentido econômico da evolução brasileira”
Fonte: Mauá - Alberto de Faria
Ref Brazil Imperial
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