domingo, 29 de maio de 2022

O FLIT e o FLETE " O "FLIT" era uma bombinha de lata, bem simples, que tinha um reservatório na ponta onde colocávamos um inseticida, que se usava para matar pernilongos (que havia às pencas, em todos os lugares).

 O FLIT e o FLETE
" O "FLIT" era uma bombinha de lata, bem simples, que tinha um reservatório na ponta onde colocávamos um inseticida, que se usava para matar pernilongos (que havia às pencas, em todos os lugares).


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O FLIT e o FLETE
" O "FLIT" era uma bombinha de lata, bem simples, que tinha um reservatório na ponta onde colocávamos um inseticida, que se usava para matar pernilongos (que havia às pencas, em todos os lugares). Mas era usado, também, contra outros bichinhos (como baratas) que ousavam entrar em nossas casas.
Enchia-se o "reservatório" de inseticida "FLIT" (a marca mais famosa na época) ou de "DETEFON" e partia-se para a "guerra", sob o comando vigoroso do chefe da família. Após borrifar os cômodos (principalmente os quartos) eles eram fechados para que o veneno fizesse efeito (em algumas horas) e os inimigos não debandassem para outros lugares da casa. Era infalível. Não sobrava um prá contar a história. Sem dúvida, essas bombinhas foram as precursoras dos atuais "Spray" de aerosol.".
(Extraído do blog Anos Dourados)
E O FLETE?
- O "FLETE"
(Luís Fernando Veríssimo)
— Pai — perguntou o menino —, o que é "flete"?
— "Flete"?
—É ...
— Tem certeza de que a palavra é essa mesmo?
— Tenho. Parece que é uma coisa antiga.
— Ah — disse o pai, sorrindo com a lembrança. — Deve ser "flit". Se dizia "flite". Era um, sei lá, Inseticida contra mosca e mosquito. Espalhava-se pela casa com uma bomba.
— Um tipo de "spray"?
— Na época não se dizia "spray", era bomba mesmo.
— E as pessoas respiravam o ar com "flete"?
— "Flite". É, bem não devia fazer. Aliás, acho que a minha geração deu no que deu de tanto respirar "flite", quando criança.
— Não deve ser isso, disse o filho. Não existe nada chamado "flete"?
A mãe entrou na conversa.
— Deve ser "flerte".
— Isso! "Flerte". O que era?
Mãe e pai se entreolharam. O que era, mesmo, "flerte"?
— "Flerte" era namoro — tentou o pai.
— Não era bem namoro — disse a mãe. — Era uma espécie de pré-namoro. Podia dar em namoro ou não. Eu, por exemplo, mesmo antes de conhecer seu pai, já flertava com ele.
— Eu não sabia disso.
— Cachorro!
— Mas como era "flerte"? — quis saber o filho.
— "Flertar" era olhar.
— Só olhar?
— Não. Olhar de uma certa maneira. Demonstrando interesse.
— Você, por exemplo — disse o pai —, quando está interessado numa garota, o que faz?
— Eu chego pra ela e digo "cumé?".
— Pois o "flerte" era o "cumé" da nossa época. Só que levava mais tempo.
— Quanto tempo, mais ou menos?
— Bom, seu pai e eu flertamos quase um ano. Depois namoramos quatro, noivamos um... e casamos.
— Putz.
— Eu não entendo essa sua irritação, meu filho.
— É que, se não fosse esse ano de "flerte", hoje eu já estava livre do serviço militar! ".
(Fotos: Pinterest, anosdourados.blog)
Paulo Grani.

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