terça-feira, 31 de maio de 2022

RELEMBRANDO O COMEÇO DO COLÉGIO NOSSA SENHORA DE LOURDES O Colégio Nossa Senhora de Lourdes abriu suas portas à sociedade curitibana em 1907.

 RELEMBRANDO O COMEÇO DO COLÉGIO NOSSA SENHORA DE LOURDES
O Colégio Nossa Senhora de Lourdes abriu suas portas à sociedade curitibana em 1907.

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Sobrado edificado em 1901 pela Congregação, em foto década de 1910.
Foto: Acervo Paulo Groetzner

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O sobrado e novas edificações do Colégio, década de 1930.
Foto: pinterest.

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Conjunto das instalações do Colégio, década de 1940.
Foto: pinterest.

Pode ser uma imagem de ao ar livre
Fachada do conjunto das edificações do Colégio, década de 1950.
Foto: pinterest.
RELEMBRANDO O COMEÇO DO COLÉGIO NOSSA SENHORA DE LOURDES
O Colégio Nossa Senhora de Lourdes abriu suas portas à sociedade curitibana em 1907. Um colégio fundado para receber apenas meninas, com o objetivo primeiro de educá-las para viver em sociedade sob os valores católicos. À isso somavam-se os desejos da Igreja Católica e de uma classe social ávida por uma escola que pudesse educar “condignamente” suas filhas.
As Irmãs da Congregação de São José foram chamadas ao Paraná em 1896 pelo primeiro bispo da Diocese deCuritiba, D. José de Camargo Barros. Inicialmente foram atender à Santa Casa de Misericórdia, onde começaram a prestar auxílio desde que chegaram a Curitiba e em outras instituições de caridade na capital e interior.
Das instituições educacionais dessa Ordem no Estado do Paraná havia o colégio São José em Curitiba, funcionando desde 1902; o Colégio São José de Paranaguá (1902); o Colégio São José na Lapa (1906); o Colégio São José em Morretes (1903) e o Colégio São José em Castro (1906).
Com as instituições de caridade, segundo o histórico do colégio, as Irmãs de São José atendiam crianças de bairros, de cidades do interior e da Capital. Não havia, porém, escolas para todas as crianças espalhadas pelo imenso Paraná.
O projeto da Congregação consistia em dar educação para as meninas necessitadas ou não e de qualquer origem étnica. Nesse sentido, a Congregação diferencia-se de outras congregações estrangeiras que vinham para atender especialmente seus compatriotas. Mesmo porque, ao contrário dos outros colégios católicos estrangeiros que vieram na mesma época a Curitiba (alemães, italianos), o Cajuru, de freiras francesas, não tinha a mesma missão, pois no Paraná não houve um número significativo de imigrantes franceses que justificasse a preocupação da Cúria Romana em enviar missões francesas. Dessa forma, isso indica a missão social da Congregação no mesmo âmbito que a missão cristã.
Em 1899, a Congregação comprou um terreno de 15 hectares situado na Vila Morgenau, Cajuru, a dois quilômetros da Capital. Em 1901, as irmãs já se encontravam instaladas nessa propriedade, num modesto sobrado. Na época, a superiora Provincial era Madre Léonie Blanchet. A casa era simples “[...] caixotes serviriam de mesas, cadeiras e até de
cama, se preciso fosse. A pobreza reinava soberana na primeira Comunidade Cajuruense. Retalhos de chita, estendidos sôbre os caixotes, davam aos mesmos, um arzinho de poltronas [...]”. (*)
No local de difícil acesso, era mais fácil chegar de trem. As irmãs viviam ali de maneira improvisada e em meio a um cenário quase rural. Era necessário muito esforço para transformar a propriedade, por isso o trabalho começava cedo: labutavam quase de sol a sol, “para arrancar do terreno inculto, o pão”.
Apesar das dificuldades, a propriedade transformou-se, em pouco tempo, num belo prédio. Em 1906, construíram um pavilhão, separado do orfanato, para receber as meninas de famílias mais abastadas que desejassem lá colocar suas filhas.
No entanto, para concretizar esses planos havia a necessidade da escolha de uma Diretora à altura do projeto educacional pretendido pela Congregação e até mesmo do
próprio bispo de Curitiba, na época D. Duarte de Leopoldo e Silva (1904-1907), logo substituído pelo bispo D. João Francisco Braga (1908-1935).
O Padre Maurício Dunand, em 1905, havia ficado encarregado de procurar, na França, uma religiosa adequada, “que fosse inteligente, com tino administrativo e capaz a
adaptar-se à missão”, logo surgiu a indicação da Irmã Júlia Jarre, prima do Padre Maurício.
Nesse período, na França, as escolas católicas encontravam-se numa “triste situação”. Em função disso e para melhor servir à missão, Irmã Júlia responde afirmativamente ao chamado do Brasil, mesmo porque, antes da designação de seu nome pela Superiora Geral, já havia encaminhado um pedido para vir trabalhar no Brasil. Mas, de acordo com a narrativa a história da fundação do colégio, não foi fácil deixar tudo: “[...] a Pátria querida, a comunidade, berço de sua vida religiosa, a família, mãe estremecida [...]” (*)
Assim, em 24/10/1905, com 22 anos de idade, deixou a França rumo ao Paraná. Em fevereiro de 1906, tomou, primeiramente, a direção de uma escola, o Externato São José, na colônia do Ahú de Cima, anexo do Hospital dos Alienados, e também dirigido pelas mesmas irmãs. No final de 1906, foi transferida para o Cajuru, onde já funcionavam salas de aula que deram origem ao externato São José, do qual a Irmã Júlia Jarre se tornaria diretora por mais de cinquenta anos.
Em 1907, nada mais faltava para a realização do sonho da abertura do colégio. Fundou-se então o Pensionato Nossa Senhora de Lourdes, com apenas sete alunas. Mas logo seriam vinte e duas, e com o passar dos anos, muitas mais. As alunas vinham de todo o Estado do Paraná e também de outros Estados, como Santa Catarina, Mato Grosso, São Paulo, até dos mais distantes, tais como Bahia, Pernambuco e Pará.
Desde o início de suas atividades, o Colégio Cajuru contou com a Diretora Irmã Júlia Jarre. Foram 52 anos de plena dedicação ao colégio que viu fundar. Eugénie Jarre, de nascimento, nasceu em Les Chapelles, na Savóia, França, em dezembro de 1882. Em 1900, assumiu o nome religioso de Mére Julia, como viria a ser chamada por todos. Pertencendo a uma família de classe média alta, estudou nos melhores colégios de Chamberry na França.
Tendo como sua aliada a frase onipresente: “Deus me vê”, garantia a introjeção da vigilância individual nas alunas.
Com olhar “(...) penetrante, perspicaz, comanda [...]”, as internas, tendo sempre as palavras: "Mes enfants, la politesse est la règle de bien vivre et bien faire toute les choses." (*)
Quando da admissão das alunas ao colégio, muitos dos pais, antes de cumprirem os requisitos formais que a congregação impunha em consonância com legislação federal de ensino, logo solicitavam uma entrevista com a diretora do colégio. Natural, pois era a ela que entregavam suas filhas para serem educadas, não somente segundo os preceitos da ciência, mas também, e sobretudo, sob os ditames dos princípios morais. E então era no parlatório, sala para receber visitantes, que a Irmã Júlia concedia entrevistas.
Nesse momento é que se estabelecia o contato direto e pessoal e era quando a confiança se consumava. A ela, pessoalmente, eram entregues as futuras alunas, aos seus cuidados e supervisão.
Foi assim que se construiu sua autoridade, embasada numa personalidade de sólido caráter cristão. É justamente nessa autoridade que se estrutura a confiança, tão importante para uma diretora de um internato. Em substituição aos pais, deve simultaneamente ser severa e afável como devem ser os pais, amável e condescendente como se esperava nesse período das mães.
(Compilado de: acervodigital.ufpr.br / (*) Nossa História / Fotos:
Paulo Grani

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