05/08/1918 - A PRIMEIRA FEIRA LIVRE DE PARANAGUÁ.
05/08/1918 - A PRIMEIRA FEIRA LIVRE DE PARANAGUÁ.
Foi um verdadeiro sucesso a inauguração, ontem, da primeira feira livre n'esta cidade, apesar do mal tempo que reinou durante toda a noite. Pela madrugada, quando para lá nos dirigimos, o céu estava embruscado, ameaçando chuva.
Às 6 horas da manhã, começaram a ser colocadas na Praça da Feira as mesas fornecidas pela Prefeitura, imediatamente ocupadas pelos concorrentes que expunham os seus produtos:
legumes, farinhas, cereais, carás, batatas, palmitos, melados, doces, peixes, ostras, camarões, canas, aguardentes, bejús e cuscus, moringas e vasos de barro, carnes, cestas, frutas, feijão, café, pães, mariscos, ovos, açúcar, etc.
O movimento do povo na praça já era bastante grande e as cestas dos compradores se enchiam de gêneros de toda a classe. Alguns produtos, como farinha de mandioca, de superior fabrico do município, vendidos aos litros, em menos de meia hora já não havia mais. Ficamos verdadeiramente satisfeitos com o sucesso que teve a primeira feira em Paranaguá e podemos garantir que as que se seguirem terão cada vez maior afluência de concorrentes e de compradores. Muitas famílias visitaram a feira, fazendo as compras diretamente do expositor.
As 7 horas infelizmente, começou a chover e os concorrentes, juntamente com o povo, abrigaram-se nos dois mercados próximos da feira.
Conviria que a Prefeitura mandasse edificar um grande barracão no centro da praça para abrigo da feira e que se prestaria ao mesmo tempo para abrigo dos pescadores e negociantes de gêneros que chegam à cidade durante a noite, quando o mercado ainda se encontra fechado.
Prometemos organizar um tabela dos preços dos géneros que vigorarem no mercado da próxima feira, á realizar-se em 1 ° de Setembro.
Ontem efetuaram-se vendas nos seguintes preços:
Açúcar 1$100 o quilo, café moído 1$500, ovos 1$200 a dúzia, Palmito 100 réis, farinha de mandioca 200 reis o litro.
Houve falta de pescados.
A carne, apesar da dispensa de impostos, foi vendida a 1$200 o quilo que não se compreende, pois a isenção de impostos foi dada para beneficiar o povo.
RISCOS E RABISCOS
A feira realizou-se com sucesso,
Para vantagem da população
Que pela carne morre, e pelo pão
Torna-se louca num infeliz acesso.
Que tal acontecesse, bem confesso,
Não esperava nessa prontidão
Pois tem o nosso povo uma aversão
Pelas grandes ideias do progresso.
Mas, afinal, está de parabéns o esforçado senhor Ceciliano,
Na poupança segura dos vinténs...
Na feira teve tudo - faltou a uva
Mas comestíveis tinha, para um armo,
E bem barata uma abundante chuva !
K. Nivete.
Pesquisa de: LUIZ A. SIQUEIRA (set1999)
Fonte: DIÁRIO DO COMMERCIO 1918
Foto do Acervo do INSTITUTO HISTÓRICO E
GEOGRÁFICO DE PARANAGUÁ
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