quarta-feira, 8 de março de 2023

Durante os séculos 18 e 19, os caminhos do Itupava e da Graciosa foram os mais importantes meios de ligação entre o litoral paranaense e seu primeiro planalto, fundamentais principalmente para a comunicação e o comércio locais.

 Durante os séculos 18 e 19, os caminhos do Itupava e da Graciosa foram os mais importantes meios de ligação entre o litoral paranaense e seu primeiro planalto, fundamentais principalmente para a comunicação e o comércio locais.

"O CHÃO É FORMADO DE PEDRAS GRANDES E ESCORREGADIAS ..."
Durante os séculos 18 e 19, os caminhos do Itupava e da Graciosa foram os mais importantes meios de ligação entre o litoral paranaense e seu primeiro planalto, fundamentais principalmente para a comunicação e o comércio locais. Por estes caminhos circulavam constantemente pessoas e mercadorias nos dois sentidos, promovendo assim uma estrutura que se revelou importante para o desenvolvimento regional, especialmente de Curitiba e Paranaguá.
O caminho do Itupava é o mais antigo deles, pelo menos o primeiro a receber benfeitorias para melhorar as condições de viagem, já que ambos os caminhos foram traçados a partir de antigas trilhas indígenas.
No capítulo 51 de seus provimentos de 1720, Ouvidor Pardinho demonstra a importância do caminho para a economia paranaense, com o seguinte despacho:
“Provenho que os oficiais da Câmara tivessem o cuidado de abrir e consertar o caminho que vai desta Vila para a de Paranaguá, com que se faça facilmente a comunicação de ambas e, daquela venha com abundância e facilidade o necessário de mercadorias para esta, e desta vão com a mesma facilidade os frutos da terra para aquela, pois da dificuldade do caminho, resulta carestia, com que nesta Vila se vendem as fazendas”.
Assim, o caminho recebeu um revestimento de pedras grosseiras, principalmente no seu trecho mais sinuoso e íngreme. Este revestimento facilitava o transporte feito por mulas, talvez o mais importante tipo de transporte da época, pela sua resistência e capacidade de carga.
O caminho também recebeu na mesma época alguma estrutura destinada aos viajantes, construção de rodeios, locais destinados ao descanso dos animais, e palhas, estruturas rústicas onde os viajantes podiam se recompor.
Hum século depois, com a intensificação do transporte de produtos, principalmente da erva-mate, feito por meio de tropas de muares, ainda percebia-se o elevado grau de dificuldade, especialmente notado por Auguste Saint-Hilaire, viajante e naturalista francês que percorreu os Campos Gerais, Curitiba e o Litoral, por volta de 1820. Ele foi o primeiro a realizar uma descrição cientifica da erva-mate (Ilex Paraguaiensis) e também testemunhou as dificuldades dos caminhos e trilhas da Serra do Mar:
“A pior parte do caminho é onde começa a descida, e que tem nome de encadeado. O declive é abrupto demais, os ramos das árvores se estendem por sobre o caminho, escavado na montanha, tornando-o muito sombrio, e o chão é formado de pedras grandes e escorregadias, o que as vezes obriga as mulas a acelerarem o passo. Eu não me cansava de admirar a habilidade desses animais para se safar de situações difíceis. Eles são treinados inicialmente para fazerem a travessia da serra sem nenhuma carga no lombo, em seguida levando apenas a cangalha e, finalmente transportando a carga.” (SAINT- HILAIRE, 1995, p.139).
Os problemas decorrentes dos transportes foram resolvidos quando teve inicio, em 1855, a construção da Estrada da Graciosa e sua posterior conclusão em 1873. Essa estrada possibilitou a utilização de carroções e, mesmo assim, a demanda por transporte não era satisfatoriamente atendida.
Paulo Grani

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Em algum lugar da serra, década de 1890, local de descanso e troca de mudas de animais.
Foto: Acervo Gazeta do Povo.

Nenhuma descrição de foto disponível.Carroção tipo ucraniano, muito usado para o transporte de erva-mate.
Foto: ucraniano.com.br

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