segunda-feira, 20 de março de 2023

Geraldo Massena era pai de Emília, uma garotinha de 7 anos de idade. Em 28 de outubro de 1900, Geraldo e Emília saem de trem de Curitiba para Antonina. Eles vinham pela primeira vez à cidade.

 Geraldo Massena era pai de Emília, uma garotinha de 7 anos de idade. Em 28 de outubro de 1900, Geraldo e Emília saem de trem de Curitiba para Antonina. Eles vinham pela primeira vez à cidade.


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EMÍLIA, A MENINA DA ESTAÇÃO

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Geraldo Massena era pai de Emília, uma garotinha de 7 anos de idade. Em 28 de outubro de 1900, Geraldo e Emília saem de trem de Curitiba para Antonina. Eles vinham pela primeira vez à cidade.

Natália, esposa de Geraldo e mãe de Emília, morrera no ano anterior. Desde então, o pai e a filha viviam em muita tristeza. Para amenizar a tristeza, Geraldo se propôs a fazer viagens, e Antonina estava no roteiro.

Na viagem, eles visualizam as lindas e esplêndidas paisagens da serra do mar paranaense. Isso já aliviava a alma de ambos. Chegando a Antonina, eles se hospedam na hospedaria do Chico Rato Branco, na rua XV de Novembro. Os dois passeiam, conhecem vários lugares...

No terceiro dia de estada na cidade, às 19:00, Massena recebe a notícia de que sua mãe havia falecido. Imediatamente ele arruma as malas, pega a filha e vai direto para a estação ferroviária de Antonina. Ele diz para Emília que a senhora Gertrudes — avó da menina — estava doente e que precisava dele por perto.

Já era 19:50... o trem chegaria em 10 minutos.

Na estação havia centenas de pessoas. Geraldo não poderia perder o último trem, que sairia às 20:00. Se isso acontecesse, nunca mais ele iria ver sua amada mãe.

O trem estava para chegar. Então, a garota pede para ir ao banheiro. O pai diz que não seria possível pois o trem não esperaria. (O trem ficava pouco tempo na estação, geralmente 5 minutos).

A menina insistiu. Geraldo deixa a menina ir. O trem chega... Em 5 minutos, o trem partiria a Curitiba numa viagem de 7 horas.

Faltavam 2 minutos e nada da Emília aparecer. Logo Geraldo vai até o banheiro da estação para apressá-la. Para sua surpresa, sua filha não estava lá. O homem, apavorado, pede para Bérne, funcionário da estação chamar a Emília pelo megafone. E nada de a menina aparecer...

Geraldo fica muito nervoso e começa a chorar. Naquela circunstância, o coração daquele homem estava despedaçado. Sua alma abatida gemia...

O trem partiu e Geraldo ficou. Uma coisa já era certa: Geraldo nunca mais iria ver sua mãe nessa vida, pois o sepultamento deveria acontecer pela manhã do dia seguinte e ele não chegaria a tempo. (Naquela época, depois de constatada a morte, a família deveria sepultar seu ente querido em até 12 horas).

Como suportar a dor da perda e da saudade pela mãe que se foi? Como suportar a dor da aflição e do desespero pela filha desaparecida? Infelizmente, esse bom homem morreu com essas dores agarradas em seu coração.

28 de outubro de 2000, um trem chega na estação ferroviária de Antonina por volta das 20:00. Dudu Coveiro é guarda municipal e na ocasião ele estava no pátio. Na época, ele relatou o seguinte:

— Quando o trem parou, uma garotinha com aproximadamente 7 anos saiu do banheiro e me perguntou onde estava o pai dela. Ao que, eu perguntei a ela o nome de seu pai. Então a garota me respondeu dizendo que seu pai se chamava Geraldo e que ela e o pai deveriam ir a Curitiba ver a avó que estava doente. Eu fiquei preocupado e desconfiado, primeiramente porque há muitos anos que não temos transporte de trem com passageiros, e também porque a menina usava um vestido e um chapéu bem antigo. Achei aquilo muito estranho.

Depois daquele dia em que o guarda conversou com a menina, a estação ferroviária de Antonina nunca mais foi a mesma.

Coveiro ainda trabalha na estação. Ele diz que não são raras as vezes em que ele ouve a voz de uma criança dizer a seguinte frase:
"Papai, papai onde o senhor está?"

O guarda ainda ressalta que olha para todos os lados e não vê ninguém a não ser a si mesmo no espelho.

— Jhonny Arconi

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