O METEORO QUE CAIU PRÓXIMO À ANTONINA E PARANAGUÁ
Às 8h20 de 27 de agosto de 1887
O METEORO QUE CAIU PRÓXIMO À ANTONINA E PARANAGUÁ
Às 8h20 de 27 de agosto de 1887, várias pessoas que caminhavam pelas ruas de Paranaguá sentiram um nítido estremecimento do chão. A mesma sensação foi notada por soldados e detentos na guarnição da Fortaleza da Barra de Paranaguá, na Ilha do Mel.
Um canoeiro ouviu um estrondo e também notou a elevação das águas do mar quando se encontrava na altura de Boiatuva, cerca de 10 km de Paranaguá. Os aparelhos telegráficos de Paranaguá e também de Antonina sofreram momentaneamente "pequenas perturbações na recepção e transmissão de correntes".
A Gazeta Paranaense do dia 1° de setembro de 1887 diz:
"Estamos informados de que o ligeiro tremor de terra sentido na bahia de Paranaguá, no dia 27 do passado é, talvez, a repercussão de algum cataclysma succedido em parte longinqua do continente sul-americano. Dizem-nos que o capitão do patacho [embarcação antiga de dois mastros] Oscar, entrado em Paranaguá a 29 do passado, ouvio um surdo e prolongado rumor, semelhando um tiro colossal de peça de artilheria, para os lados de terra, notando tambem que por essa occasião o thermometro baixou consideravelmente. Dizem-nos mais que o comandante do paquete Rio Grande, entrado naquelle porto na tarde de 30, declarou que alem do estranho estampido ouvido entre as costas do Rio Grande e Santa Catharina, sentio-se um pronunciado chero de enxofre. É de suppor, pois, alguma desastrosa catastrophe em alguma das republicas."
O tremor de 1887 está relacionado no livro Sismicidade do Brasil como um evento de origem tectônica, cuja intensidade máxima foi estimada em IVMM.
Pelos diversos depoimentos percebe-se que o forte som, semelhante a uma grande explosão no ar, foi o elemento preponderante observado por todos e, nesse contexto, o tremor de terra aparece como um elemento secundário. Assim, pareceria razoável supor que o fenômeno foi provocado pela explosão de um meteoro ao penetrar na atmosfera em um ponto do espaço sobre o oceano, na altura da divisa das regiões Sul/Sudeste do Brasil. Mesmo ocorrendo a quilômetros de altura, o impacto de uma explosão dessa natureza, entre outras coisas, produz ondas acústicas com energia suficiente para fazer vibrar o solo à semelhança de um tremor de terra.
A passagem do meteoro de 1887 nas imediações do litoral também poderia explicar a repentina dificuldade das comunicações telegráficas observada em Paranaguá e Antonina. Em seu deslocamento pela atmosfera superior, um meteoro cria uma coluna de ionização produzindo distúrbios eletromagnéticos que acabam por afetar a propagação das ondas de rádio. Em outras palavras, ele pode alterar as comunicações da forma observada nas transmissões telegráficas daquelas duas cidades vizinhas.
Fonte: "O terremoto que veio do céu". José Alberto Vivas Veloso. Revista USP, n° 98, p. 112-124. 2013.
FOTO ILUSTRATIVA
Às 8h20 de 27 de agosto de 1887, várias pessoas que caminhavam pelas ruas de Paranaguá sentiram um nítido estremecimento do chão. A mesma sensação foi notada por soldados e detentos na guarnição da Fortaleza da Barra de Paranaguá, na Ilha do Mel.
Um canoeiro ouviu um estrondo e também notou a elevação das águas do mar quando se encontrava na altura de Boiatuva, cerca de 10 km de Paranaguá. Os aparelhos telegráficos de Paranaguá e também de Antonina sofreram momentaneamente "pequenas perturbações na recepção e transmissão de correntes".
A Gazeta Paranaense do dia 1° de setembro de 1887 diz:
"Estamos informados de que o ligeiro tremor de terra sentido na bahia de Paranaguá, no dia 27 do passado é, talvez, a repercussão de algum cataclysma succedido em parte longinqua do continente sul-americano. Dizem-nos que o capitão do patacho [embarcação antiga de dois mastros] Oscar, entrado em Paranaguá a 29 do passado, ouvio um surdo e prolongado rumor, semelhando um tiro colossal de peça de artilheria, para os lados de terra, notando tambem que por essa occasião o thermometro baixou consideravelmente. Dizem-nos mais que o comandante do paquete Rio Grande, entrado naquelle porto na tarde de 30, declarou que alem do estranho estampido ouvido entre as costas do Rio Grande e Santa Catharina, sentio-se um pronunciado chero de enxofre. É de suppor, pois, alguma desastrosa catastrophe em alguma das republicas."
O tremor de 1887 está relacionado no livro Sismicidade do Brasil como um evento de origem tectônica, cuja intensidade máxima foi estimada em IVMM.
Pelos diversos depoimentos percebe-se que o forte som, semelhante a uma grande explosão no ar, foi o elemento preponderante observado por todos e, nesse contexto, o tremor de terra aparece como um elemento secundário. Assim, pareceria razoável supor que o fenômeno foi provocado pela explosão de um meteoro ao penetrar na atmosfera em um ponto do espaço sobre o oceano, na altura da divisa das regiões Sul/Sudeste do Brasil. Mesmo ocorrendo a quilômetros de altura, o impacto de uma explosão dessa natureza, entre outras coisas, produz ondas acústicas com energia suficiente para fazer vibrar o solo à semelhança de um tremor de terra.
A passagem do meteoro de 1887 nas imediações do litoral também poderia explicar a repentina dificuldade das comunicações telegráficas observada em Paranaguá e Antonina. Em seu deslocamento pela atmosfera superior, um meteoro cria uma coluna de ionização produzindo distúrbios eletromagnéticos que acabam por afetar a propagação das ondas de rádio. Em outras palavras, ele pode alterar as comunicações da forma observada nas transmissões telegráficas daquelas duas cidades vizinhas.
Fonte: "O terremoto que veio do céu". José Alberto Vivas Veloso. Revista USP, n° 98, p. 112-124. 2013.
FOTO ILUSTRATIVA
Nenhum comentário:
Postar um comentário