quinta-feira, 5 de maio de 2022

"PARTI DE PARANAGUÁ A 03/04/1820, COM DUAS PIROGAS ..." O famoso naturalista francês, Auguste Saint Hilaire, passou por Matinhos e Caiobá em 1820 e sobre o local, escreveu: “Para ir de Paranaguá a Guaratuba era preciso que houvesse pirogas e remadores para chegar à extremidade da baía (Pontal de Paranaguá).

 "PARTI DE PARANAGUÁ A 03/04/1820, COM DUAS PIROGAS ..."
O famoso naturalista francês, Auguste Saint Hilaire, passou por Matinhos e Caiobá em 1820 e sobre o local, escreveu:
“Para ir de Paranaguá a Guaratuba era preciso que houvesse pirogas e remadores para chegar à extremidade da baía (Pontal de Paranaguá).


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Primeiras casas de veranistas, anos 1920.
Foto: HJ Construtora

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Enseada junto às pedras, década de 1940.
Foto: litoralparanaense.blogspot.com
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Primeiras casas de veranistas, ano de 1949.
Foto: meunomeenedier.blogspot.com

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Antiga moradia de caboclos de Matinhos.
Foto: HJ Construtora.

Pode ser uma imagem de 4 pessoasCasa de caboclo de Matinhos.
Foto: HJ Construtora
"PARTI DE PARANAGUÁ A 03/04/1820, COM DUAS PIROGAS ..."
O famoso naturalista francês, Auguste Saint Hilaire, passou por Matinhos e Caiobá em 1820 e sobre o local, escreveu:
“Para ir de Paranaguá a Guaratuba era preciso que houvesse pirogas e remadores para chegar à extremidade da baía (Pontal de Paranaguá). Após desembarcar no Pontal, era preciso encontrar carroças puxadas por bois, que pela orla do mar me levassem e à minha bagagem até a “baía de Caiobá”.
Disseram-me que para atravessar essa baía era preciso ter certeza de encontrar em Caiobá gente que, por um caminho muito difícil, levasse meus trens nas costas até Guaratuba. Num país onde as comunicações são pouco frequentes, a preguiça excessiva, a inexatidão extrema, ser-me-ia impossível obter uma perfeita coincidência entre estes diversos meios de transporte se não recorresse à autoridade. [...]
Parti de Paranaguá a 3 de abril de 1820, com duas pirogas conduzidas por cinco remadores. Nossas pirogas avançaram com velocidade; deixamos para trás a parte montanhosa da ilha da Cotinga, e costeamos a extremidade mais próxima do oceano, que é baixa e coberta de mangue… Desembarquei no Pontal de Paranaguá. Fui aí recebido por um cabo de milícia, que comandava um destacamento acantonado nas proximidades. Esse homem recebera ordem de velar para que as carroças, que deviam transportar a minha bagagem, a minha gente e eu a Caiobá, chegassem à hora dita: todo mundo foi perfeitamente exato.
As carroças de proprietários dos arredores eram grandes e puxadas por quatro bois. Eram cobertas de arcos de bambu revestidos de folhas de bananeiras seguras por uma espécie de trançado feito de cipó. Não havia no Pontal nem casa nem vegetação, a não ser areia pura. Apenas desembarcamos, foi feito fogo na margem para cozinhar feijão e arroz que, com água e farinha, constituiriam nosso jantar.
Havia muito que o sol desaparecera quando partimos. Costuma-se percorrer de noite essa praia, porque os bois andam mais depressa sem a claridade do dia. Entrei eu e Laruotte numa das carroças; José e Firmiano noutra e Manuel na terceira. Laruotte estendeu sobre uma esteira, uma coberta e meu ponche. Deitei-me com o ruído do mar logo adormeci. Entretanto acordava-me frequentemente e via ao luar uma praia de areia pura, onde as ondas vinham às vezes bater nas rodas de nossas carroças. [...]
De madrugada chegamos à embocadura dum riozinho chamado Rio do Matinho. Aí foi preciso esperar a maré baixa para que se pudesse passar. Depois de ter-se feito mais ou menos uma légua, sempre pela praia, chegamos a Caiobá (do guarani cairoga- casa dos macacos). De Matinho a Caiobá o terreno eleva-se acima da praia com uma vegetação cheia de arbustos. É de se crer que vegetação semelhante margeia também a extensão da praia que à noite percorrêramos. Caiobá é uma enseada semi-circular designada como baía de Caiobá. Nesse lugar, o terreno não é mais baixo e alagadiço como em Paranaguá. Montes elevados e cobertos de mato estendem-se até o mar e não permitem mais aos carros de bois costear. O caminho não é praticável senão por cavalos e pedestres.
Normalmente atravessa-se a enseada com piroga. Amedrontaram-me sobre a travessia e por isso pedi ao capitão-mor de Paranaguá que minha bagagem fosse transportada por terra. Encontrei em Caiobá 16 homens que me esperavem, comandados por um sargento de milícias. A vista do mar, perfeitamente tranquilo, deixou-me seguro e não fiz levarem por terra senão as malas mais importantes, as outras foram embarcadas numa piroga enorme. Montei a cavalo e costeei uma parte dos contornos semi-circulares acompanhado do sargento e de Laruotte. Chegando a beira do canal que forma a entrada da baía de Guaratuba, foi preciso, necessariamente que eu embarcasse…”
Relato de Auguste Saint Hilaire, trecho publicado no livro “Matinhos: Homem e Terra. Reminiscências…” João José Bigarella.
Auguste Saint Hilaire escreveu importantes livros sobre os costumes e paisagens brasileiros do século XIX. O francês veio para o Brasil em 1816, acompanhando a missão extraordinária do duque de Luxemburgo, que tinha por objetivo resolver o conflito que opunha Portugal e França quanto à posse da Guiana e, paralelamente fazer seus estudos.".
(Compilado de RJ Construtora)
Paulo Grani.

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