domingo, 8 de maio de 2022

" Quando o sr. Leopoldo Mehl desmanchou a parceria com seu irmão Afonso, no Bar Stuart, resolveu montar a Confeitaria Iguaçu. Esta foi inaugurada em 12/02/1958, na sobreloja do Edifício Arthur Hauer, na praça Osório, esquina com a avenida João Pessoa, hoje, Luiz Xavier.

" Quando o sr. Leopoldo Mehl desmanchou a parceria com seu irmão Afonso, no Bar Stuart, resolveu montar a Confeitaria Iguaçu. Esta foi inaugurada em 12/02/1958, na sobreloja do Edifício Arthur Hauer, na praça Osório, esquina com a avenida João Pessoa, hoje, Luiz Xavier.


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O Restaurante e Confeitaria Iguaçu funcionava nesta sobreloja do edifício Arthur Hauer, na praça Osório.

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Martha Rocha, miss Brasil 1954.

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Interior do salão do Restaurante e Confeitaria Iguaçu, por ocasião do lançamento de um livro do sr. Serafim França.
Foto: Acervo pessoal de Isabela França.

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Interior do salão do Restaurante e Confeitaria Iguaçu, por ocasião do lançamento de um livro do sr. Serafim França.
Foto: Acervo pessoal de Isabela França.

RELEMBRANDO O INÍCIO DA CONFEITARIA IGUAÇÚ
" Quando o sr. Leopoldo Mehl desmanchou a parceria com seu irmão Afonso, no Bar Stuart, resolveu montar a Confeitaria Iguaçu. Esta foi inaugurada em 12/02/1958, na sobreloja do Edifício Arthur Hauer, na praça Osório, esquina com a avenida João Pessoa, hoje, Luiz Xavier.
A imprensa destacou, naquela ocasião, a inauguração da confeitaria: ' Ponto elegante de uma cidade 'CONFEITARIA IGUAÇU'. Hoje, mais um estabelecimento de classe será entregue à sociedade curitibana. Trata-se da magnífica Confeitaria Iguaçu, situada num dos pontos mais luminosos da Cinelândia deste Planalto. O novo 'cercle' especialmente destinado às famílias de Curitiba, que tão reduzido número de locais dispõem para algumas horas de lazer em ambiente selecionado e fino, virá preencher um vácuo que há muito se vinha observando.' (Tribuna do Paraná, 12/02/1958).
A Tribuna do Paraná, destacou: 'Curitiba ganha uma Confeitaria de classe. Sem dúvida um acontecimento da mais autêntica expressão a solenidade inaugural, ontem sucedida, da Confeitaria Iguaçu, novo estabelecimento que surgiu para engrandecer nossa grande e luminosa Capital. Efetivamente, a cidade se ressentia de uma confeitaria altamente especializada como é essa e onde as famílias pudessem encontrar ambiente para seus lanches, seus pontos de encontro, suas horas de tão necessário lazer. Preenchendo essa lacuna, a Confeitaria Iguaçu aí está, bem no coração da trepidante Curitiba, praça General Osório, esquina da movimentada Cinelândia, no primeiro andar de grande edifício recentemente construído ... (Tribuna do Paraná. 13/02/1958).
Apesar de muitas opiniões contrárias, que consideravam "uma loucura" abrir uma casa no primeiro andar, "ninguém iria frequentá-la", o sr. Leopoldo, fã incondicional da Confeitaria Colombo, no Rio de Janeiro, procurou fazer a Iguaçu nos mesmos moldes, uma confeitaria-restaurante que servisse doces, salgados, lanches, chás, refeições rápidas e que tivesse requinte.
Montou uma casa que impressionou por suas inovações, como as luzes coloridas sob os apliques de gesso, o imenso mural com a pintura das Cataratas do Iguaçu, além dos mármores, das porcelanas da melhor qualidade e cristais das melhores procedências. As toalhas eram de pano branco engomadas e na louçaria estava gravado o nome da Confeitaria Iguaçu.
Segundo Dona Dib, esposa do Sr.Leopoldo e uma das responsáveis pelo sucesso da Confeitaria Iguaçu, pois estava à frente da elaboração dos pratos, do cuidado e da limpeza impecável de tudo, relembra: 'A Confeitaria Iguaçu começou com dois garçons, no dia da inauguração; e no dia seguinte teve que contratar mais dois, tal o número de clientes. Não passou muito tempo a Confeitaria foi fazendo sucesso com o funcionamento também do restaurante, que servia almoço e jantar.'
Em termos de Confeitaria, as tortas feitas por um confeiteiro alemão, "seo" Bruno, marcaram a Iguaçu. Eram tortas de nozes, morango, crocante, que chegavam a ser exportadas para outros estados. Dona Dib e suas auxiliares faziam os salgadinhos, os canapés, as pizzas, os sorvetes, além de diversos tipos de bolos e bolachas que compunham os famosos chás servidos para as senhoras que se reuniam na Iguaçu.
Os pratos à la carte preferidos pela clientela eram: Minhom acebolado, Camarão à Martha Rocha, Filé Iguaçu, Peixe recheado Iguaçu, Língua à caçarola, Espetinho completo Peixada ao forno.
O prato Camarão à Martha Rocha foi elaborado em homenagem à Martha Rocha, quando sagrou-se Miss Brasil no ano de 1954. Ela veio à Curitiba e no Country Club foi homenageada com um prato feito à base de camarão, por um cozinheiro que depois veio trabalhar no restaurante Iguaçu e continuou fazendo o mesmo prato.
Alguns requisitos foram impostos pelo sr. Leopoldo para os seus clientes, tais como: senhoras desacompanhadas eram impedidas de freqüentar a Confeitaria à noite, e em hipótese alguma lhes seria servido bebida alcóolica; namorados não podiam ficar se beijando no salão. Gabriel Luís Lass, um dos primeiros garçons da Iguaçu, disse em entrevista à Revista do Curitibano: 'Se no passado um freguês não se cuidasse ao se vestir perdia facilmente para o traje dos garçons, pois nos vestíamos muito bem, de acordo com o gabarito da casa'.
Em seu depoimento, Ligeirinho fez o seguinte comentário:
O Leopoldo queria fazer da Iguaçu uma das melhores casas de Curitiba. E de fato fez. Naquele tempo, o cara que chegasse lá em cima tinha que estar de sapato engraxado e de gravata, senão, não entrava. E não era servido. Isso era lei, o Leopoldo impôs aquele padrão dele.
Dona Dib, na entrevista, recordou os fregueses assíduos que faziam da Iguaçu o seu ponto de encontro e que gostavam, inclusive, de sentar sempre na mesma mesa e ser atendidos pelo mesmo garçom. Lembrou também de muitos casais que freqüentavam a Iguaçu com seus filhos pequenos. Esses filhos cresceram, noivaram lá dentro e continuaram freqüentando a Iguaçu, agora, com os seus respectivos filhos.
(Extraído de: acervodigital.ufpr.br / livro: Gosto, Prazer e Sociabilidade - Bares e Restaurantes de Curitiba, 1950-60, de Maria do Carmo Marcondes Brandão Rolim)
Paulo Grani

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