quinta-feira, 16 de março de 2023

O CALALAI - Paranaguá 1901. Aos domingos Calalai envergava sua calça por cima da botina, colocava um lenço de redinhas no bolso do peito do paletó, e um cravo no mesmo lugar.

 O CALALAI - Paranaguá 1901.
Aos domingos Calalai envergava sua calça por cima da botina, colocava um lenço de redinhas no bolso do peito do paletó, e um cravo no mesmo lugar. 


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O CALALAI - Paranaguá 1901.
Aos domingos Calalai envergava sua calça por cima da botina, colocava um lenço de redinhas no bolso do peito do paletó, e um cravo no mesmo lugar. Sua estatura irregular, de braços que iam aos joelhos, andava em um espaço continuo no balanço de sua bengala, bem como, seu corpo de habitante lunar, flutuando e notado pelo seu percurso que levava a pequenas raridades que Paranaguá encerrava. Indo assim com seu velho chapéu de sol, caminhando entre o Campo Grande, distribuindo cumprimentos as deidades que se antepunham ao seu passeio. Seu andar elegante em um traje quase fino, onde a lembrança vivida era marcada pelas personalidades que fizeram parte daquela época, Calalai apresentava sua desordenada imaginação, junto com as ilusões espetadas que guardavam em seu olhar. Atribuía em seu sorriso, as inspirações de caminhar com a realidade ao se cruzar na passagem com as gentes que vinham dos arredores. De sua alta sabedoria, ao seu alfabeto atribuía a mania de falar em “ZES”, e contava os fatos vivenciados dos assuntos cotidianos. Algumas frases das quais eu mesmo ouvi, como as seguintes:
“Certa “zes” ouvi um grito de uma mulher com seus “zeitos” de foguetice, me tomei espantado pelo “zeu” faniquito descontrolado, pois “zeu” marido tinha passagens noturnas e entradas misteriosas nos estabelecimentos da rua Pêcego. Pobre mulher, que foi avisada pela “zenbrenhada” falta de pudor a respeito de “zeu” esposo.”
Foi um dos mais corretos dos racionais paranaguaenses, embora, muitas das gentes observavam-lhe com estranheza, tentando entende-lo naquele certo enigma imposto aos ouvidos. Pode-se dizer que ele era um errante peregrino em terras desconhecidas, e sua contemplatividade somava-se aos fatos remotos do passado, que marcaram para sempre, as inspirações do tempo.
Referência: Jornal Tribuna Paranaguaense - 1901
Pesquisa e adaptação: Geovanny de Souza – Diretor da Biblioteca do IHGP – 2022
Foto: Detalhe da foto “Fantasma do homem do chapéu”, representado na série A Maldição da Residência Hill, da Netlix. | Foto: Reprodução.
#IHGP 

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