quinta-feira, 5 de maio de 2022

REVOLTA DOS CARROCEIROS Responsáveis até então pelo transporte de cargas entre a estação ferroviária e as casas comerciais da cidade, os carroceiros de Curitiba não aceitaram a circulação dos bondes de mulas, a partir de novembro de 1887.

 REVOLTA DOS CARROCEIROS
Responsáveis até então pelo transporte de cargas entre a estação ferroviária e as casas comerciais da cidade, os carroceiros de Curitiba não aceitaram a circulação dos bondes de mulas, a partir de novembro de 1887.


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REVOLTA DOS CARROCEIROS
Responsáveis até então pelo transporte de cargas entre a estação ferroviária e as casas comerciais da cidade, os carroceiros de Curitiba não aceitaram a circulação dos bondes de mulas, a partir de novembro de 1887. “Os bondes logo foram execrados pelos carroceiros em razão da competição que faziam quanto ao transporte de cargas”, resgatou em 2012 o jornalista Cid Destefani na coluna “Nostalgia”, do jornal “Gazeta do Povo”.
Segundo anúncio veiculado na imprensa pela empresa Ferro Carril Curitybana, para bagagens e encomendas eram cobrados 100 réis para até 30 quilos; mais do que esse peso, a taxa era de 40 réis a cada 15 quilos. Havia ainda preços tabelados para que os carris levassem cargas urbanas, de importação e de exportação.
Os bondes carregavam de tudo, como criticou o editorial do jornal “Dezenove de Dezembro”, na edição de 4 de fevereiro de 1888. Em plena rua da Imperatriz (atual XV de Novembro), o vagão recebeu “um enorme caixão e outros volumes, ao chegar em frente à casa do Sr. Fernandes Loureiro”. “Pergunta-se: é isso admissível?”, alfinetou o veículo de comunicação. Além da incômoda carga no bonde exclusivo para passageiros, o jornal disse que a viagem atrasou devido à parada.
Nem uma semana após a viagem inaugural, o jornal “Gazeta Paranaense” já relatava ataques aos bondes, o que chamou de “perversidade”. “Aproveitando a escuridão da noite – esta irmã do crime, lançam sobre os trilhos dos bonds enormes pedras e atravessam-n'os com imensos pedaços de páos.” Ainda de acordo com a publicação, no dia em que o sistema começou a operar já houve sabotagens, justamente ao veículo em que seguia o chefe de polícia. Ele, então, colocou seis policiais à disposição da empresa Curitybana, para coibir os atos.
O gerente da empresa, no entanto, dispensou a atuação dos “praças” para evitar os incidentes. A “Gazeta Paranaense” relatou, no dia 30 de novembro, um princípio de conflito na antiga rua Matto Grosso (não é possível saber em qual trecho). Um carroceiro, após descarregar, não saiu dos trilhos para dar passagem ao bonde, apesar dos apitos. Questionado pelos condutores, ele teria respondido que estava descansando. Os funcionários do empresa Curitybana, então, tentaram retirar a carroça dali, o que chamou a atenção de outros carroceiros, que saíram em defesa do colega e deram início a um “grosso salceiro”.
Os casos continuaram. Quem conta, desta vez, é o jornal “A Republica”, na edição de 8 de novembro de 1888. De acordo com o relato, carroceiros transportavam barro para o Largo do Mercado (antiga Cadeia Pública de Curitiba e atual Paço Municipal) e ocuparam os trilhos. Intimados pelo condutor a liberarem a passagem, continuaram o serviço. O bonde ficou parado por pelo menos quinze minutos: “Por apitos successivos, retiraram-se apressadamente. Pedimos providencias para abusos de tal ordem”.
Em 1895, o Código de Posturas Municipais instituiu uma multa de 5 mil réis para qualquer pessoa que atrapalhasse a circulação dos bondes, fosse por parar veículos nos trilhos ou por tentar sabotá-los com paus, pedras e outros objetos que impedissem o trânsito ou levassem ao risco de descarrilhamento. No final de abril de 1896, os carroceiros de Curitiba fizeram uma greve. Segundo “A Republica”, aqueles que queriam trabalhar eram ameaçados. Os colonos, depois de venderem seus produtos, ajudaram a transportar cargas, sob a proteção da polícia.
Dois anos e meio depois, uma norma municipal disciplinou o trabalho da categoria. A lei 13 de 1898, publicada pelo jornal “O Municipio”, apontado como o “órgão da municipalidade de Curityba”, normatizou o serviço de transporte de cargas, inclusive nos bondes. As matrículas, tanto de carroceiros, cocheiros, condutores e carregadores, eram emitidas pela Câmara Municipal apenas para maiores de 14 anos de idade.
Paulo Grani.

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