Era dezembro de 1941 quando cinco valorosos adolescentes saíram, a pé, da cidade de Antonina, para uma odisseia de 42 dias e de mais de mil quilômetros até a então Capital Federal Rio de Janeiro

Era dezembro de 1941 quando cinco valorosos adolescentes saíram, a pé, da cidade de Antonina, para uma odisseia de 42 dias e de mais de mil quilômetros até a então Capital Federal Rio de Janeiro.

Os garotos magricelos e audazes, quando partiram da nossa terra, deixaram uma esperança aos antoninenses e levaram consigo a dor da saudade de suas famílias e de todo o povo capelista.

Milton Oribe, Manoel Antônio de Oliveira, Antônio José Gonçalves, Lídio Santos e Alberto Shtorach Júnior amaram tanto nossa terra que se sacrificaram nessa odisseia, de caminhos perigosos.

Mas o que esses guris queriam que lhes dava força para enfrentarem todas as intempéries?
Eles queriam socorrer a cidade de uma tragédia econômica. É por isso que eles prosseguem na jornada épica na luta pela redenção de Antonina.

Antonina que até poucos meses antes vivia num ritmo de trabalho acelerado no porto, trapiches e armazéns, de repente, por ordem do senhor presidente Vargas, tem todas as suas operações industriais e marítimas interrompidas e as empresas estabelecidas na cidade veem-se obrigadas a se instalarem em Paranaguá. A determinação do presidente não teve explicação, e à época, pareceu ser meramente por questões políticas. O fechamento das Companhias de Navegação Costeira e Loide Nacional, frentes representativas de trabalho da maioria das classes pertencentes ao serviço marítimo na cidade, desencadeou um massivo desemprego.

Diante da determinação de Getúlio Vargas, houvera uma tentativa de contato de uma comitiva de antoninenses com o presidente, porém não se obteve êxito.

Foi então que Manoel Eufrásio Picanço, comandante do pelotão de escoteiros da cidade, teve a ideia de convocar seus meninos para o cumprimento de uma missão especial.

"Só vocês, meninos, poderão sensibilizar o mandatário da nação, a ponto de fazer Sua Excelência ouvir os clamores do nosso povo. Mas vocês terão que ir a pé até lá!", disse Picanço aos garotos.

Foram mais de mil quilômetros percorridos a pé numa estrada áspera, com cobras e onças por todos os lados, enchendo de medo os corações dos valorosos garotos antoninenses.

A mensagem que o jovem Milton Oribe levava na sua mochila era um pedido de socorro, reivindicando o retorno das empresas para o município antoninense, como medida salvadora para a população.

O presidente atende, em parte, a reivindicação dos escoteiros, mandando reabrir algumas empresas, que anos mais tarde acabaram fechando definitivamente.

Com o objetivo da jornada, sem precedentes no Brasil, alcançado, os meninos foram reconhecidos como heróis pelo próprio presidente, que mandou trazer os escoteiros de volta a Antonina de navio.

Os escoteiros antoninenses cumpriram um itinerário de 1.030 quilômetros a pé, atingindo a Capital Federal em 30 de janeiro de 1942.

(Extraído do texto original escrito pelo jornalista Admaro Santos - Jornal "O Antoninense", edição n.º 68 de 27/01/1971 – fls.12)

* Na imagem, o escoteiro Milton Oribe entrega a carta ao presidente Getúlio Vargas.

terça-feira, 10 de dezembro de 2024

Era dezembro de 1941 quando cinco valorosos adolescentes saíram, a pé, da cidade de Antonina, para uma odisseia de 42 dias e de mais de mil quilômetros até a então Capital Federal Rio de Janeiro

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