terça-feira, 3 de maio de 2022

"Bem próximo ao Rio Iguaçu existe uma casa. Mas, não é uma casa qualquer. Tendo como primeiro endereço a rua Barão do Rio Branco (antiga Rua do Porto), em São Mateus do Sul-Pr. Essa casa possuía uma localização estratégica na época da navegação a vapor, principalmente para o comércio com a erva-mate.

 "Bem próximo ao Rio Iguaçu existe uma casa. Mas, não é uma casa qualquer. Tendo como primeiro endereço a rua Barão do Rio Branco (antiga Rua do Porto), em São Mateus do Sul-Pr. Essa casa possuía uma localização estratégica na época da navegação a vapor, principalmente para o comércio com a erva-mate.

Pode ser uma imagem de 1 pessoa e ao ar livre
DO TEMPO DA ERVA-MATE
"Bem próximo ao Rio Iguaçu existe uma casa. Mas, não é uma casa qualquer. Tendo como primeiro endereço a rua Barão do Rio Branco (antiga Rua do Porto), em São Mateus do Sul-Pr. Essa casa possuía uma localização estratégica na época da navegação a vapor, principalmente para o comércio com a erva-mate. Exemplar raro da arquitetura em madeira que sobrevive aos dias de hoje, foi tombada pelo Patrimônio Cultural Municipal em 1994. A história dos moradores e das atividades da casa, ligada à erva-mate em São Mateus do Sul, também é muito interessante.
A casa que tem aproximadamente cento e trinta anos, foi construída para ser um estabelecimento comercial. Foi a família Hauer quem primeiro estabeleceu um ponto de compra e venda naquele local. Possuindo artigos variados, tinha no comércio da erva-mate, seu objetivo principal. Depois passou para a família Burmester que também comercializava erva-mate. Em seguida, instalou-se em São Mateus do Sul a empresa H. Jordan S/A, de Henrique Jordan. Sua principal atividade era o beneficiamento e a exportação de erva-mate.
Na década de 1920, a empresa Leão Júnior & Cia. S.A. iniciou seus negócios em São Mateus do Sul, estabelecendo uma filial juntamente com fazenda de ervais, serraria, laminadora, armazéns, depósitos e vapores. [...]
Existem muitas fotografias que mostram essa casa. Esse estabelecimento é uma das construções mais antigas da cidade que aparecem em fotografias de São Mateus do Sul. Nessa foto em específico, consta no verso a data de 1907 e não sabemos da autoria.
Muitas pessoas estão reunidas em frente ao estabelecimento (foto externa) e não foram identificadas. Interessante chamar a atenção para o fato que são todos homens, pois nessa época as mulheres ocupavam papéis sociais mais restritos ao ambiente familiar.
Aparecem carroças, principal meio de transporte das mercadorias que chegavam e saiam do porto. Alguns cavalos descansam ao lado da casa, nos lembrando como era um dos meios de locomoção da época.
As árvores plantadas em frente à casa, estão protegidas com uma cerca ornamental. A placa no alto do estabelecimento com o nome “Hauer e Cia”, chama a atenção. A casa está localizada em um outeiro e antigamente sua frente comercial estava voltada para a margem do rio. A casa passou por mudanças no decorrer do tempo, o atual proprietário foi quem nos passou as informações sobre a parte interna e sobre algumas das atividades as quais ela esteve ligada.
Como podemos ver, a fotografia dessa casa é uma memória visual da erva-mate em São Mateus do Sul. Visitando a casa nos dias de hoje, ela apresenta uma interessante arquitetura em madeira, com influência europeia, que nos conta detalhes curiosos da sua construção. Essa casa atualmente possui dois pavimentos com 16 peças. As tábuas das paredes são de araucária e imbuia e o vigamento todo de imbuia. Na parte lateral nos fundos da casa, aparece uma marca na parede de uma antiga porta que aparece na fotografia escolhida para esse texto. O assoalho é muito antigo, composto de tábuas assentadas lado a lado, original em imbuia. O forro em araucária apresenta um encaixe perfeito que já foi padrão nas casas paranaenses. A porta principal, portas internas e as janelas (com vidraças), os lambrequins (uma parte), são originais do início da construção.
Em muitas casas de madeira, podemos observar a varanda que é também um sinal de mudança e novidade nas construções.
Sendo esta, um elemento da arquitetura luso-brasileira, vem fazer parte da casa de tabuado do imigrante e mais tarde, com ornamentos como os lambrequins, que ficaram famosos no final do século 19, e deram um charme especial a essas moradias. Elaborados são os encaixes na madeira da porta principal, nas colunas da varanda e no assoalho, criatividade e solução de exímios carpinteiros para os desafios das construções da época.
Pela abundância de lenha nos tempos pioneiros, a cozinha se diferenciou daquela da arquitetura luso-brasileira que destinava essa área da casa aos escravos e a cozinha então, começou a fazer parte do cotidiano da família. Um fato curioso sobre isso é que a a cozinha tornou-se um lugar privilegiado, onde o imigrante e o morador primitivo herdaram o costume, por exemplo, de tomar o chimarrão ao redor do fogão.
A fotografia da época nos motiva a passar por aquele lugar e pensar. Quantas pessoas, quantas conversas, quantos negócios! Concordo plenamente com as palavras do personagem mais famoso do escritor Bram Stocker, quando se referiu às velhas moradias: “Eu prefiro as casas antigas, pois suas paredes guardam muitas histórias.”
(Extraído de: gazetainformativa.com.br)
Paulo Grani

Nenhum comentário:

Postar um comentário