quarta-feira, 15 de março de 2023

**Domingos Ferreira Pinto (1820 – 2020) - 200 anos do Barão de Guaraúna **

 **Domingos Ferreira Pinto (1820 – 2020) - 200 anos do Barão de Guaraúna **


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**Domingos Ferreira Pinto (1820 – 2020) - 200 anos do Barão de Guaraúna **
Domingos Ferreira Pinto nasceu há 200 anos, foi batizado em 05 de outubro de 1820, no então Bairro de Ponta Grossa, na “Casa da Telha”- oratório particular de seu pai, Domingos Ferreira Pinto, pertencente a Vila Nova de Castro, conforme registro no livro de batismo da Matriz de Santana do Iapó.
Descendente de antigos troncos paranaenses, seu pai, o Alferes Domingos Ferreira Pinto casou-se em 1816, com a viúva Anna Joaquina de Oliveira - tal qual, descendente de famílias pioneiras da região dos Campos Gerais do Paraná.
Seu avô materno José Antônio de Oliveira, e sua avó Quitéria Ângela Maria foram os proprietários das terras em que se situava a” Casa da Telha”, e que por ocasião de doação por dote ao genro Domingos Ferreira Pinto (pai), foi o local que por anos antes da construção da primeira Igreja dedicada a Senhora Santana em Ponta Grossa, funcionou como oratório particular, e onde eram realizados ofícios religiosos como batismos e casamentos, em virtude da distância entre a Capela de Santa Bárbara do Pitangui e a Matriz de Santana em Castro.
Seu tio-materno Carlos José de Oliveira, fez a doação do terreno para a construção do primeiro templo dedicado a Matriz de Santana, após a elevação de Ponta Grossa a condição de Freguesia em 1823, quando se emancipou de Castro. Somente à partir de 1826, após concluídas as obras é que passaram a ser realizadas missas e demais celebrações religiosas dedicadas a Padroeira de Ponta Grossa.
Seu pai, Domingos Ferreira Pinto, o Mingote doou para a Matriz em 1840, o “Rincão da Ronda”, atual Bairro da Ronda, cujo objetivo era formar um patrimônio inicial à recém-formada Freguesia. Doação que seria contestada por volta de 1865, por alguns políticos da época, sendo desapropriada pela câmara de vereadores de Ponta Grossa nas décadas seguintes.
Motivo de disputas entre a Igreja na figura do vigário colado Anacleto Dias Baptista, que reclamava à paróquia o direito de propriedade das terras doadas, e os membros do legislativo, embora reiteradas vezes, a justiça ter dado parecer favorável ao clero e a própria família Ferreira Pinto ter declarado que havia doado as terras da Ronda para a Igreja, o embate entre as duas partes se arrastou por anos , sendo resolvido somente durante o século XX.
A exemplo de seus contemporâneos, Domingos Ferreira Pinto foi tropeiro, condutor e comerciante de muares adquiridos em estâncias do Rio Grande do Sul, as quais negociava ao longo do “Caminho das Tropas”, em direção à feira de muares em Sorocaba SP.
Foi grande proprietário rural, herdando, e adquirindo vastas extensões de terra, amealhou considerável fortuna.
Com a morte do pai e junto dos irmãos herdou a “Fazenda Cambijú”,uma das maiores, e mais antigas propriedades da região de Ponta Grossa, que compunha uma Sesmaria concedida à Domingos Teixeira de Azevedo, em 04 de setembro de 1713, (há exatos 307 anos).
Ainda jovem, em tempo de solteiro Domingos Ferreira Pinto Filho, teve na cidade de Palmeira com Anna Flora de Araújo, duas filhas legitimadas- Nardina Maria de Oliveira e Sinhorinha Ferreira, reconhecidas em 1853.
Em 1840 por ocasião de seus negócios com muares, muda-se para Passo Fundo, no Rio Grande do Sul, onde casa com sua prima, Maria Ambrosia da Rocha Ferreira- filha de Gertrudes Maria de Oliveira e do Capitão Theodoro da Rocha Ribeiro.
Por volta de 1853, já casado, transfere residência em definitivo para Ponta Grossa, onde se dedica à pecuária, e onde já possuia grande prestígio político.
Como Major da Guarda Nacional, é eleito camarista, em 1870, pertencendo ao Partido Liberal, o qual congregava os proprietários rurais dos Campos Gerais, em contraposição aos ervateiros e comerciantes do litoral paranaense, que compunham o Partido Conservador, os quais disputavam o poder da então Província do Paraná.
Em maio de 1880, por indicação do então presidente da Província, acolheu em sua residência no largo da matriz a comitiva imperial composta pelo Imperador D. PedroII e sua esposa a Imperatriz Teresa Cristina; ocasião em que teria dado liberdade a seis de seus escravos, num ato que teria sensibilizado e motivado o Imperador a lhe conceder o título de “Barão de Nhundiaquara”, nome estranho ao Major Domingos Ferreira Pinto que a princípio não o teria aceitado, fazendo com que o Imperador o trocasse por “Barão de Guaraúna” tendo assim aprovado por este nome lhe ser familiar, visto que se refere a um rio da região.
Embora uma prova de estima e consideração por parte do monarca lhe conceder o título de “Barão,”o agraciado não o registrou por achar desnecessário tal formalidade .
Aliás,uma característica atribuída ao Barão era não só a falta de formalidades como também sua preocupação com gastos que julgava desnecessários, algo comum para homens que viviam de forma prática, considerando as dificuldades do tempo e espaço em que viveu.
O Barão de Guaraúna faleceu em 20 setembro de 1891, seus bens foram legados a familiares e amigos. Está sepultado no Cemitério Municipal São José, numa grande capela construída a pedido de sua esposa Maria Ambrósia da Rocha Ferreira, a Baronesa de Guaraúna que mandou também confeccionar em sua lápide tumular um brasão o qual seria de seu agrado.
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Obras Consultadas:
DIOCESE DE PONTA GROSSA – Cinqüentenário (1926-1976). Curitiba: Gráfica Vicentina, 1976.
FERNANDES, Josué Corrêa – Das Colinas do Pitangui.Ponta Grossa: Editora Gráfica Planeta, 2003.
LOPES, José Carlos Veiga – Origens do Povoamento de Ponta Grossa. Palmeira: Cidade Clima, 2000.
LOPES, José Carlos Veiga – História da Fazenda Santa Rita.Curitiba:Edição do Autor, 2005.

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