terça-feira, 23 de maio de 2023

Cesare Mansueto Giulio Lattes, mais conhecido como César Lattes, foi um físico brasileiro, codescobridor do méson-π, descoberta que levou à concessão do Prêmio Nobel de Física de 1950 a Cecil Frank Powell, líder da pesquisa.

 Cesare Mansueto Giulio Lattes, mais conhecido como César Lattes, foi um físico brasileiro, codescobridor do méson-π, descoberta que levou à concessão do Prêmio Nobel de Física de 1950 a Cecil Frank Powell, líder da pesquisa.


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Cesare Mansueto Giulio Lattes, mais conhecido como César Lattes, foi um físico brasileiro, codescobridor do méson-π, descoberta que levou à concessão do Prêmio Nobel de Física de 1950 a Cecil Frank Powell, líder da pesquisa.

Lattes é um dos mais ilustres físicos do Brasil e seu trabalho foi fundamental para o desenvolvimento da física atômica no país. Foi também um grande líder no meio científico brasileiro e um dos principais responsáveis pela criação do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

Embora Lattes fosse o principal pesquisador e primeiro autor do artigo que descreve o méson pi, apenas Cecil F. Powell foi agraciado com o Prêmio Nobel de Física, em 1950, por "seu desenvolvimento do método fotográfico de estudo dos processos nucleares e suas descobertas em relação a mésons feitas com este método". A razão para esta aparente negligência é que a política do Comitê do Nobel, até 1960, era conceder o prêmio ao líder do grupo de pesquisa, apenas. Entre 1949 e 1954, Lattes foi indicado sete vezes ao Nobel de Física. Em 1965, Lattes recebeu o título de doutor honoris causa da Universidade de São Paulo.

Em sua homenagem, o CNPq deu seu nome ao sistema utilizado para cadastrar cientistas, pesquisadores e estudantes. A Plataforma Lattes é uma base de dados de currículos e instituições de todas as áreas do conhecimento. O Currículo Lattes registra a vida profissional dos pesquisadores, sendo elemento indispensável à análise de mérito e competência dos pleitos apresentados a quase todas as agências de fomento no Brasil. César Lattes é um dos poucos brasileiros a figurar na Biographical Encyclopedia of Science and Technology, de Isaac Asimov, bem como na Encyclopædia Britannica e no Oxford Companion to the History of Modern Science.

Nascido no dia 11 de julho de 1924, era filho de Giuseppe Lattes, que veio ao Brasil em 1912 e retornou à Itália com a Primeira Guerra Mundial em 1914 e Carolina Maroni Lattes, ambos imigrantes italianos originários da região do Piemonte - ele, de Turim, e ela, de Alessandria. Os dois se conheceram no período em que o pai de Lattes lutava na guerra e quando retornou ao Brasil Giuseppe criou o Banco Brasul.

Apesar de serem judeus sefarditas, o filho foi batizado na Igreja Católica como Cesare Mansueto Giulio. Após se casarem, Giuseppe e Carolina retornaram ao Brasil em 1921 e César veio a estudar na Escola Americana. Com a Revolução de 1930, a família passou seis meses na Itália. Seu pai era gerente do Banco Francês e Italiano, onde César conheceu o cientista Gleb Wataghin, que mais tarde seria seu mentor.

Lattes estudou com uma professora particular em Porto Alegre em seus primeiros anos e depois no Instituto Menegapi por seis meses. Entre 1934 e 1938 fez o ensino médio no Colégio Dante Alighieri e aos 19 anos se graduou em matemática e física pela Universidade de São Paulo, em 1943.

Ainda nos anos 1940 integrou um brilhante grupo de jovens físicos brasileiros que foram trabalhar com professores europeus, como Gleb Wataghin e Giuseppe Occhialini. Lattes destacou-se dentro da turma por seu talento para a pesquisa de campo. Seus colegas, que também se tornaram notáveis cientistas, foram Oscar Sala, Mário Schenberg, Roberto Salmeron, Marcelo Damy de Souza Santos e Jayme Tiomno. Aos 25 anos de idade foi um dos fundadores do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas, no Rio de Janeiro.

Entre 1947 e 1948, Lattes começou a sua principal linha de pesquisa, o estudo dos raios cósmicos, descobertos em 1932 pelo físico estadunidense Carl David Anderson. Montou um laboratório a mais de 5 000 metros de altitude em Chacaltaya, uma montanha dos Andes, na Bolívia, onde empregou chapas fotográficas para registrar os raios cósmicos. Em sua viagem para a Bolívia, ele resolveu embarcar em um avião da Panair em vez de uma empresa britânica - o avião britânico que o traria à América do Sul caiu no Senegal.

César Lattes morreu em 8 de março de 2005, aos 80 anos de idade, em Campinas. Estava internado no Hospital das Clínicas da Unicamp e foi vítima de uma parada cardíaca em decorrência de um câncer na bexiga e edema pulmonar. Foi sepultado no Cemitério Parque Flamboyant, em Campinas.

Na sua última entrevista, concedida à revista Superinteressante em 2005, Lattes voltou a mencionar o episódio do Nobel de Física de 1950:

“Apesar de a comissão julgadora ser formada por ingleses, acredito que não foi minha nacionalidade que pesou na decisão do vencedor. Tanto na descoberta do méson pi, em 1946, como na sua criação artificial, em 1948, tive colaboração do Giuseppe Occhialini. Quem deveria ter ganhado era ele. E, em 1950, quem levou o prêmio foi o Cecil Powell, que também participou do trabalho. Mas deixa isso para lá. Esses prêmios grandiosos não ajudam a ciência."

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