terça-feira, 2 de maio de 2023

Naufrágios do Brasil: saiba porque aconteceram, e conheça alguns

 Naufrágios do Brasil: saiba porque aconteceram, e conheça alguns


Mapa de Jan Janes. Notem a quantidade de navios… (Ilustração: blogcaicara)

Naufrágios do Brasil: saiba porque aconteceram, e conheça alguns

Por mais de três séculos, a única forma de chegar ao Brasil era através dos mares. Como se sabe, somos fruto da epopéia náutica lusitana, um dos maiores acontecimentos da história mundial. E nos séculos 16 e 17, especialmente, as embarcações que aqui chegaram eram bastante simples e precárias. Além disso, não havia cartas náuticas, nosso litoral era uma grande incógnita, tudo isso resultou numa série interminável de acidentes, os naufrágios do Brasil.
As riquezas da nova terra atraem piratas, aventureiros, e outras nações

Logo depois da “descoberta” espalhou-se na Europa, devido especialmente às cartas e viagens de Américo Vespúcio ao Brasil, notícias sobre as riquezas da nova terra. Foi o suficiente para despertar o imaginário da época. Já em 1525 os franceses invadiram o novo país e fixaram uma colônia na baía de Guanabara, a França Antártica.



Piratas vieram aos montes para estas plagas. “O mapa de Jan Janes (abaixo), descreve a invasão do corsário holandês Spilbergen em 1615 e mostra que o porto de São Vicente teria, na época, duas barras, por onde entrariam grandes navios: vê-se até um galeão holandês fundeado defronte à Praia de Paranapuã.(do blogcaicara)”

Fernão de Magalhães e Thomas Cavendish

Entre outros navegadores e piratas famosos que estiveram por aqui, ainda no século da descoberta, estão Fernão de Magalhães que, antes de descobrir o estreito que leva seu nome e realizar a primeira circunavegação do globo, fundeou no Rio de Janeiro por uma semana para reabastecimento (1522) . Pouco depois, o terceiro a circunavegar o planeta foi o pirata Thomas Cavendish (1586). O inglês infernizou a costa brasileira. Incendiou construções de Ilha Grande, aprisionou navios, fundeou em Ilhabela, de onde ordenou a destruição de Santos e São Vicente. Azucrinou. E a cada vez que isso acontecia, mais navios iam a pique…

O Brasil quinhentista virou um grande estaleiro

Logo depois do desembarque de Cabral, os fantásticos nautas lusos perceberam que o Brasil seria a melhor escala para a Carreira das Índias, as longas e perigosas viagens que fizeram a partir do momento que Vasco da Gama cruzou o Cabo da Boa Esperança. Naqueles séculos longínquos, as naus e caravelas não duravam muito mais que um par de meses, precisavam ser reparadas na ida ou na volta às Índias. Qual o melhor local ? O mapa do Brasil, de Giovanni Battista Ramusio, Veneza 1556, mostra claramente. Pode-se ver os nativos cortando madeira de lei para reparar naus e caravelas, além das próprias embarcações como que esperando os reparos que seriam feitos. O que quer dizer tudo isso? Mais naufrágios na costa brasileira.


Não foi por outro motivo que o maior navio do mundo até então construído, no século 17, foi o Galeão Padre Eterno, made in Brazil. E foi ainda neste século que sofremos outra invasão de mais um povo navegador: os holandeses, que se fixaram no Nordeste. Mais uma vez houve escaramuças e batalhas navais durante os mais de 30 anos em que ficaram por aqui. Desde a invasão da Bahia, em 1621, até serem expulsos de Pernambuco, em 1654. Isso significa que mais navios, montes deles, foram parar no fundo do mar.

Nos séculos 18 e 19 o Rio de Janeiro entra na Rota dos Mares do Sul

Nosso destino está inexoravelmente ligado ao mar e à navegação. Só os brasileiros não sabem. Infelizmente, com o baixíssimo nível de ensino que existe no país de Macunaíma, o herói sem caráter, essas são consideradas ‘questões menores’ que as escolas de nível médio, e até as Universidades, passam geralmente batido. Não por outro motivo nosso litoral está ao deus-dará e, mesmo assim, não desperta a menor comiseração na maioria dos brasileiros. O fato é que quando as nações imperialistas da época, especialmente Inglaterra e França, começaram a explorar os Mares do Sul, novamente a parada obrigatória, em razão das distâncias, das correntes marinhas e da direção dos ventos, era o Rio de Janeiro. De James Cook na viagem do Endeavour, 1768; até Oswald Brierly, a bordo da Galatea, 1867, todos fizeram suas paradas no Rio. Até mesmo Darwin. E, mais uma vez, isso significa mais tráfego naval, e maiores possibilidades de naufrágios. O Rio também foi parada obrigatória para os navios ingleses da carreira da Austrália desde que a “First Fleet” (a frota inglesa que levou os primeiros 1.300 degredados e soldados para a Austrália em 1788) ali fundeou.”
Naufrágios do Brasil não se restringiram aos dois primeiros séculos pós descoberta


Este é apenas um entre milhares de naufrágios do Brasil (Foto:curiozzzo.com)

Mas os naufrágios em nosso imenso litoral não se restringiram aos primeiros dois primeiros séculos. O da foto acima, por exemplo, é do início do século 20. Naufrágios são parte da história de qualquer país marítimo por excelência, como é o nosso caso. Com um litoral com mais de 8 mil kms, com baixios, recifes, ilhas só recentemente demarcadas, ausência de faróis durante muito tempo, e ainda as guerras, como a segunda Grande Guerra que deixou inúmeros navios brasileiros, e alemães, debaixo água. Esta matéria não tem nenhuma pretensão de ser a mais completa, ou ordenar por importância os milhares de navios que naufragaram nesta plagas. É apenas uma seleção de bons naufrágios para mergulho de observação.

Abrolhos, sul da Bahia, local de muitos naufrágios

O maior banco de corais do Atlântico Sul fica a 30 milhas da costa, no sul da Bahia, o arquipélago dos Abrolhos. Ali há vários naufrágios. Mas um dos mais conhecidos é o do cargueiro Rosalina, um ótimo ponto para mergulho. Quem esteve em Abrolhos certamente mergulhou pelos porões do Rosalina. Diz a lenda que Abrolhos seria uma corruptela de “Abra os Olhos” expressão que seria usada por marujos lusos aos que navegavam naquelas bandas. Acontece que ‘abrolhos’ também significa “escolho”, “acidente submarino à flor da água” (Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa), portanto é bom não fiar-se só em lendas…


Ilustração: http://www.apecatuexpedicoes.com.br/

Naufrágio que causou maior número de mortes no Brasil

É o famoso naufrágio do Príncipe das Astúrias, sobre o qual este site já escreveu. Então, nessa matéria ele fica de fora. Aproveitamos para conhecer outros em…

Fernando de Noronha e a Corveta Ipiranga

Trata-se da Corveta da Marinha do Brasil, Ipiranga, um dos mais visitados naufrágios de Fernando de Noronha. Aconteceu em 1983, durante uma comissão em Fernando de Noronha. Seus destroços estão numa profundidade de aproximadamente 62 metros.

A corveta Ipiranga na baía de Todos os Santos note o belíssimo Saveiro de pena atrás…(foto: wikipedia)

Não há mergulhador que vá para Noronha e não desça até os escombros da Ipiranga. Pouca gente sabe, entretanto, que Noronha é o local de alguns dos mais notórios naufrágios da história marítima do Brasil. Um deles foi o do navio de Gonçalo Coelho, da frota de 1503 comandada por Américo Vespúcio, que passou uma semana na então conhecida como Ilha da Quaresma.


A Ipiranga debaixo d’água (foto: you tube)

Naufrágio do navio Prince, misterioso até hoje

O Prince era uma nau de guerra francesa. Em 26 de Julho de 1752 navegava da França com destino à Índia quando pegou fogo e naufragou.


O Prince (Ilustração: curiozzzo.com)

De acordo com site curiozzzo.com, existem 3 versões do local do naufrágio: próximo a Natal, em Pernambuco, ou na ilha de Ascensão. De acordo com o site, o Prince “transportava carga avaliada em mais de 5 milhões de libras, o que dá mais de 21 milhões em reais de hoje. De sua tripulação de mais de 400 pessoas apenas nove sobreviveram.”

Baía de Guanabara e o naufrágio do vapor Buenos Aires

Durante o caminhar da história do Brasil, desde a descoberta no sec 16, acredita-se que aconteceram mais de 300 naufrágios no Rio de Janeiro. As histórias você pode encontrar no portal Naufrágios do Brasil. Uma delas é a do vapor Buenos Aires. O paquete, lançado ao mar em 1829, era considerado um dos mais modernos para transporte de cargas e passageiros.


Em segundo plano o Buenos Aires (Foto:naufragiosdobrasil.com.br)

Em 1890, o Buenos Aires seguia da Bahia para o Rio de Janeiro quando uma das caldeiras explodiu, fazendo com que a embarcação passasse a navegar devagar. O capitão entregou o timão para um imediato. Pouco depois passageiros, vendo uma ilha e um farol se aproximarem, acordaram o capitão que não deu ouvidos. Quando finalmente subiu ao convés, percebeu que estavam em rota de colisão com a Ilha Rasa- RJ.


Ilha Rasa e a posição de mais um dos naufrágios do Brasil

Ele ordenou a reversão das máquinas, mas não houve tempo para livrar a colisão. Tumulto e pânico. Mas todos foram salvos, inclusive o capitão, resgatados pela Marinha do Brasil. Um inquérito foi aberto para apurar denúncia de que o naufrágio havia sido propositalmente provocado. Pois é, tem destas coisas. Às vezes os naufrágios são deliberadamente provocados para que o proprietário receba o valor do seguro…

Fontes:Da Net:

https://curiozzzo.com/2016/07/28/as-coisas-mais-curiosas-que-voce-nao-sabia-sobre-naufragios-no-rio-grande-do-norte/; https://www.naufragiosdobrasil.com.br/; http://www.apecatuexpedicoes.com.br/site/pagina.asp?cp=132&pagina=NAUFR%C1GIOS; https://pt.wikipedia.org/wiki/Cv_Ipiranga_(V-17);http://www.blogcaicara.com/2010/12/estampa-de-jan-janes-1621-invasao-do.html; http://naviosenavegadores.blogspot.com.br/2015/01/museu-maritimo-de-santos.html

Livro:O Rio de Janeiro na Rota dos Mares do Sul, Andrea Jakobsson Estúdio.

Ilustração de abertura: Príncipe de Astúrias

(Do https://marsemfim.com.br/)

https://marsemfim.com.br/

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